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Energia a partir do carvão cresce na matriz energética da Alemanha, aumentando suas emissões de CO2

 

termelétrica a carvão

 

Enquanto as usinas nucleares estão fadadas a desaparecer, as de gás são caras e as renováveis, voláteis, as centrais de carvão da Alemanha, um dos países europeus que mais eletricidade produz a partir desta fonte, trabalham a pleno vapor, mas contribuem para aumentar as emissões de CO2 do país. Matéria da AFP, no UOL Notícias.

Entre 2011 e 2012, a produção energética com lignito aumentou 4,7% e a de hulha, 5,5%, e com isso, também as emissões de dióxido de carbono de 130 usinas de carvão alemãs aumentaram 4% no ano passado.

Isso fez com que a Alemanha, pioneira nas políticas de respeito ao meio ambiente, tenha superado sutilmente o volume total de emissões de CO2 atribuídas ao país pelo mercado europeu de quotas.

Essencialmente, são as disfunções deste mercado que tornam as usinas de carvão tão atraentes.

Concebido para encarecer a produção mais contaminante, obrigando os encarregados a comprar quotas de CO2 para compensar suas emissões, o mercado se mostra impotente, já que o valor destes certificados se desvirtuou.

O Parlamento Europeu bloqueou uma tentativa recente da Comissão Europeia de reduzir temporariamente estas quotas para que aumentem de preço.

“Se não conseguirmos reformar o sistema, não será possível alcançar o objetivo de reduzir as emissões na Alemanha”, alertou na semana passada Jochen Flasbarth, presidente do Departamento Alemão de Meio Ambiente. O país quer reduzir suas emissões em 40% até 2020 com relação aos níveis de 1990.

A queda de preços nas quotas de CO2, somada ao custo da compra atraente do carvão nos mercados mundiais, contribuíram para aumentar o uso deste combustível em toda a Europa.

Mas a Alemanha está particularmente envolvida, já que a parte do carvão na produção de energia é muito elevada: mais de 40% frente aos 3% da França e aos 25% do conjunto da União Europeia.

Gás, o grande perdedor A decisão de Berlim, em 2011, de prescindir da energia de origem nuclear até 2022, e o fechamento de oito reatores em consequência disso, contribuíram para que o carvão volte pela porta da frente. Segundo a Federação Alemã da Energia BDEW, dos 76 projetos de novos reatores ou dos que foram concluídos, 12 são usinas de carvão.

“A produção de hulha se beneficia dos preços baixos do CO2”, reconheceu nesta quarta-feira Bernhard Günther, diretor financeiro da RWE, número dois alemão da energia e maior produtor de carvão da Europa. Seu colega na concorrente EON, Marcus Schenck, também admitiu na semana passada: “se só forem levados em conta os aspectos ‘custo’, está claro que temos vantagens. Se produzirmos carvão por mais tempo, produziremos mais barato”.

A concorrência do carvão afeta, em primeiro lugar, as usinas de gás, mais recentes, que ainda não renderam lucros aos seus proprietários devido, em parte, à matéria prima mais cara.

Vítimas também da concorrência das renováveis, as usinas de gás alemãs funcionam com capacidade reduzida: apenas 10% de sua capacidade, no caso das mais recentes de RWE, por exemplo. De fato, o grupo está estudando a possibilidade de fechar algumas enquanto o norueguês Statkraft já anunciou que vai fechar suas duas.

No entanto, 80% dos alemães desejam que o país abra mão do carvão, segundo pesquisa recente encomendada pelo Greenpeace. Esta semana, duas influentes associações ambientais reivindicaram uma “estratégia anti-carvão” para a Alemanha, por considerarem que “não há nada mais poluente”.

EcoDebate, 21/05/2013


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