Com gerenciamento de desastres, Brasil poderia economizar bilhões de reais

Em 2010, as enchentes prejudicaram 1 milhão de pessoas em Alagoas e Pernambuco
- Tragédias naturais ocorridas entre 2008 e 2011 custaram R$ 15 bilhões a quatro estados brasileiros, segundo estudos do Banco Mundial.
- O setor de habitação foi o mais afetado pelos desastres. Houve também impactos na infraestrutura, na saúde, na agricultura, na educação e no comércio.
- O recente lançamento de um plano nacional de gerenciamento de riscos de desastres é considerado um avanço na prevenção de perdas e danos.
Santa Catarina, 2008: enchentes matam 110 pessoas e causam danos ao gasoduto Brasil-Bolívia. Alagoas e Pernambuco, 2010: a pior estação chuvosa em 20 anos afeta cerca de 1 milhão de pessoas em dois dos estados mais pobres do Brasil. Rio de Janeiro, 2011: aproximadamente mil pessoas morrem devido a inundações e deslizamentos de terra em sete cidades da Região Serrana.
Além de desmentir a lenda de que o Brasil é um país livre de tragédias naturais, os quatro acontecimentos mostram quão devastadores esses desastres podem ser para as economias locais. De acordo com uma recente avaliação, a primeira do tipo feita depois dessas catástrofes, as perdas foram de aproximadamente R$ 15 bilhões.
Elaborados pelo Banco Mundial em parceria com governos estaduais e a Secretaria Nacional de Defesa Civil, os estudos – lançados na última semana, durante o evento Understanding Risk Brazil – mostram que o setor de habitação foi o mais afetado, com perdas de pelo menos R$ 7 bilhões.
Reconstrução cara
O impacto mais forte foi sentido pela população de baixa renda, que vivia em encostas, cabeceiras de rios e outras áreas vulneráveis.
Quando os desastres ocorreram, os governos locais liberaram verbas para ajudar as vítimas e financiaram a reconstrução de casas. Tudo isso pesa nos cofres públicos, segundo os estudos. “Em Santa Catarina, por exemplo, perdas e danos públicos devido às enchentes foram equivalentes a quase metade das despesas de pessoal no estado em 2008”, comenta a economista Fernanda Senra de Moura, uma das autoras.
O trabalho também avaliou as consequências para a infraestrutura, a educação, a saúde, a agricultura e o comércio. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a reconstrução de estradas consumiu R$ 620 milhões. Tais danos à infraestrutura de transportes interromperam uma série de atividades econômicas, causando prejuízos difíceis de medir.

Em Santa Catarina, por exemplo, as perdas e os danos públicos devido às enchentes foram equivalentes a quase metade das despesas de pessoal no estado em 2008.  Fernanda Senra de Moura, Economista
  Fernanda Senra de Moura, Economista
Mudança cultural
Como os pesquisadores trabalharam apenas com as informações disponíveis à época do estudo, eles acreditam que as perdas possam ser ainda maiores. Essa limitação, no entanto, não prejudica a confiabilidade dos estudos.
Agora, eles esperam que os dados relativos ao impacto econômico das tragédias deem origem a uma mudança cultural. “O gerenciamento do risco de desastres é um tema que só recentemente ganhou visibilidade no Brasil. Criar medidas preventivas exige planejamento urbano e financeiro, além de um compromisso de longo prazo”, avalia Frederico Pedroso, consultor do Banco Mundial para esse tema.
O primeiro passo rumo à implementação de políticas sólidas nesse setor foi tomado em agosto, quando o governo brasileiro lançou o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais (2012-2014). Dos R$ 18,8 bilhões a serem investidos, 83% vão financiar obras capazes de prevenir e/ou diminuir os efeitos das catástrofes.
Fonte: Banco Mundial
EcoDebate, 22/11/2012
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