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Pesquisa revela forte ligação entre vida sexual precoce e comportamento sexual de risco

 

A pesquisa, feita com 1.621 jovens e publicada na edição de novembro dos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, evidencia necessidade de orientação sexual adequada que inclua medidas preventivas, contribuindo para a promoção da saúde e bem-estar dessa população

A primeira relação sexual é considerada um marco importante na vida de jovens e, conforme indicam pesquisas, tem iniciado cada vez mais cedo. Diante disso, pesquisadores da Universidade Católica de Pelotas elaboraram um estudo que teve como principal objetivo descrever os fatores associados à idade precoce da primeira relação sexual de jovens de 18 a 24 anos na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. A pesquisa, publicada na edição de novembro dos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, evidencia necessidade de orientação sexual adequada que inclua medidas preventivas, contribuindo para a promoção da saúde e bem-estar dos jovens.

 

 Os resultados mostram que o risco de iniciação sexual mais cedo é 41% maior entre os homens, em comparação com as mulheres
Os resultados mostram que o risco de iniciação sexual mais cedo é 41% maior entre os homens, em comparação com as mulheres

O estudo foi realizado com 1.621 jovens, entre agosto de 2007 e dezembro de 2008, dos quais 1.468 já haviam tido sua primeira relação sexual. A média de idade da primeira relação foi de 15,7 anos. Os jovens que estudaram de 9 a 11 anos, não concluindo o Ensino Médio, tiveram maior prevalência (40,7%). Dentre os entrevistados, 54% eram do sexo feminino, 37,9% tinham os pais separados, 47,5% pertenciam à classe socioeconômica C e 30,5% relataram ser praticantes de alguma religião. Entre os participantes, 13,9% fizeram uso de drogas ilícitas, 31,7% fumaram e 73,2% consumiram álcool nos últimos três meses. Do total, 83,1% não consumiram bebida alcoólica antes da última relação sexual e 58% usaram camisinha na última relação.

Os resultados mostram que a possibilidade de iniciação sexual mais cedo é 41% maior entre os homens em comparação com as mulheres. Os estudiosos atribuem o fato a diferentes influências sociais e culturais de gênero relativas à prática sexual. “Enquanto os homens têm sua iniciação sexual exigida como uma etapa simbólica de passagem à vida adulta, de forma oposta as mulheres ainda são pressionadas para abstinência antes do matrimônio”, explicam.

A baixa renda familiar e pouca escolaridade são fatores fortemente associados à prática sexual precoce, conforme revela a pesquisa. Jovens com até quatro anos de estudos apresentam maior risco (41%) de iniciar vida sexual mais cedo do que os que possuem 12 anos ou mais de estudo. “A vulnerabilidade social entre os jovens impõe a necessidade de trabalhar mais cedo, assumir maiores responsabilidades com o próprio sustento e dos que com ele moram, antecipando em anos algumas condutas, inclusive a sexual”, acreditam os estudiosos.

O estudo aponta que a ausência de prática religiosa e ter pais separados também influenciam na iniciação sexual precoce do adolescente. Jovens que não fizeram uso do preservativo na última relação também apresentaram iniciação sexual mais cedo e indivíduos que fizeram uso de tabaco e drogas ilícitas nos últimos três meses tiveram maior risco para menor idade no início da prática sexual. Os resultados também indicam que morar com companheiro mostrou proporção significativamente acrescida em 20% de jovens que tiveram iniciação de vida sexual precoce.

Já fatores como ingestão de bebida alcoólica antes da última relação e número de parceiros no último ano, ao contrário do que apontam outras pesquisas, não mostraram associação estatisticamente significativa com o início precoce da atividade sexual. No entanto, para os estudiosos, esse resultado deve ser interpretado com cautela em função do número de participantes que iniciaram vida sexual interrogados na pesquisa.

Os resultados revelam significativa associação entre iniciação sexual precoce e comportamento sexual de risco, de acordo com os estudiosos. “É marcadamente sabido que um início sexual precoce acarreta não só mais parceiros ao longo da vida, mas também chances maiores de doenças sexuais, comportamento antissocial e gestações indesejadas, e está intimamente ligado às bases familiares e experiências de amigos”, afirmam. Diante dos resultados, os pesquisadores sugerem a adoção de educação sexual formal que minimize os riscos da prática sexual precoce. “As participações da família, da escola, de campanhas voltadas à prevenção de DST fazem-se necessárias e devem dirigir esforços para orientar os jovens com relação às DST e gestações indesejadas”, propõem.

Reportagem de Danielle Monteiro, da Agência Fiocruz de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 03/01/2012

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