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Artigo

Primavera do coração, artigo de Montserrat Martins

 

[EcoDebate] Nesse primeiro mês de primavera tivemos alguns lindos dias que há tempos não tínhamos. O inverno custou a passar, foi cruel, frio e chuvoso, de um rigor que me fez lembrar sombrias previsões sobre desequilíbrio climático. Mas vamos fazer um trato, não se fala hoje em assunto chato. Agora podemos dar valor e comemorar lindas tardes de sol… Pode até chover quando você estiver lendo isto, mas dentro do espírito de curtir a vida, mesmo se chover na primavera podemos nos divertir com isso, lembra dos banhos de chuva na rua que todo mundo adora tomar quando é criança ?

Poucas pessoas se dão ao “desfrute” de aproveitar como se deve esses momentos, de fruir da natureza à margem de um lago, ou num parque, enfim, podendo bendizer a vida e se deleitar com ela. Sim, nem todos tem essas oportunidades, mas mesmo quem as tem costuma aproveitar pouco. Faz parte da vida a correria do dia a dia, o ambiente competitivo de trabalho, a hora extra para pagar contas. Poucos conseguem fugir desse “clima” quando tem oportunidade de se divertir aos finais de semana, quer dizer, levamos nossas “neuroses” pra casa.

Saber comemorar e desfrutar dos bons momentos são qualidades tão necessárias à felicidade quanto o seu oposto, a capacidade de se focar nos problemas para resolvê-los. Tá bem, você tá cheio de coisas pra fazer mesmo nas horas de folga – e ainda por cima, como já disse o Mário Quintana, “o pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso”. Certo, se você não resolver seus problemas ninguém resolve. Mas se você não souber se desligar, descontrair, voltar a ser um pouco criança e curtir a vida, ninguém fará isso por você, também – o que vai lhe fazer falta para a felicidade e até para a saúde, você sabe.

Olha só, há boas notícias acontecendo no mundo e no país, inclusive. Um paciente do SUS recebeu coração artificial, em outubro de 2011, fato inédito até então. Foi no Instituto Nacional de Cardiologia, do SUS, a implantação desse aparelho que fica fora do corpo por até seis meses, enquanto o paciente espera doador. Melhor ainda que, neste caso, com a implantação do ventrículo artificial ele recuperou as funções do coração e não vai mais precisar transplante.

A metáfora do copo é simples mas sábia: com um copo pela metade vemos um copo “meio vazio” (de tudo o que nos falta para nos sentirmos felizes) ou “meio cheio” (com tudo o que temos de bom para desfrutar) ? Assim como nos enchemos de esperança no mundo com a “primavera árabe”, com mudanças sociais para melhor, também temos para comemorar a “primavera do coração” com as novas perspectivas para atendimento no SUS. Uma entre várias boas notícias possíveis. A mais simbólica, é claro, pelo que o coração significa na literatura, na poesia, na música. Símbolo humano de afeto e sensibilidade, ele resiste mesmo quando a medicina passa a faze uso de uma máquina artificial para suas funções mecânicas, de bomba circulatória, porque no nosso imaginário as suas funções são as do amor, em todas as suas formas.

Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é Psiquiatra.

EcoDebate, 21/10/2011

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