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‘Não existem alimentos proibidos. É melhor variar a dieta’, entrevista com Pietro Migliaccio, nutricionista

Não às “lista de proscrição”. Sim a uma alimentação que inclua todos os alimentos, ou que integre as carências daqueles que, por razões éticas ou culturais, não querem comer carne.

A reportagem é de Vera Schiavazzi, publicada no jornal La Repubblica, 04-08-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A atenção ao impacto sobre o meio ambiente deve ir de acordo com o bem-estar pessoal. Mas quanto mais alta for aquela que se dá aos valores ecológicos e morais dos alimentos, mais é preciso conhecer com exatidão as características de cada alimento.

“Um vegano – brinca Pietro Migliaccio, nutricionista, presidente da Sociedade Italiana de Ciência da Alimentação – deve ser muito culto, mas um pouco de cultura também não faz mal a um onívoro…”.

Eis a entrevista.

As novas regras ambientais que vêm dos EUA parecem em contradição com outras: se o atum polui menos do que o salmão, mas corre risco de extinção, como devemos nos regular?

Sem muita ideologia. Se comemos atum uma vez por mês, evitando algumas variedades, não colocamos em risco algumas espécies; o mesmo vale para o salmão. Quanto à tão demonizada carne, vermelha ou branca, não é preciso comê-la mais do que três vezes por semana, senão, não há espaço para peixes, ovos e queijos. Se consumirmos um pouco de tudo, os nossos comportamentos individuais provocarão menos danos ao planeta.

A carne vermelha já não foi “reprovada” mais de uma vez até no nível da saúde?

Não, ou pelo menos não na Itália. São os norte-americanos que consumem muita carne, enquanto a dieta mediterrânea prevê a sua quantidade certa. Todo o alimento, até o mais “politicamente correto”, pode se tornar tóxico para o organismo se o comermos todos os dias durante anos. E sozinho ele pode não ser suficiente: ao leite, falta o ferro; ao ovo, os carboidratos; muita carne cansa o fígado e os rins; as vitaminas A e D podem se acumular e se tornar excessivas. Pesticidas que já não existem mais entre nós, como o famigerado DDT, ainda são usados em alguns países “emergentes” e podem acabar na nossa mesa. Mas, se comermos carne vermelha uma vez por mês, nada vai nos acontecer, enquanto consumida regularmente essa substância pode ser cancerígena.

Quem quiser eliminar os alimentos de origem animal pode fazê-lo?

Sim, mas com o conhecimento necessário. Eu desconfiaria de um médico que aconselhasse ao seu paciente a dieta vegana, mas é preciso que médico e paciente, no respeito mútuo, saibam que é necessária um suplemento de vitamina B12, pelo menos uma vez por semana, e que também se pode usar a sintética. Ao contrário, aqueles que consomem laticínios e ovos não precisam de suplementos.

É possível ignorar o impacto ambiental dos alimentos, escolhendo apenas aqueles que mais gostamos?

Não, não é mais possível. Qualquer alimento consumido em doses excessivas por um grande número de indivíduos acabará provocando danos às pessoas e ao planeta. Por isso, é preciso desconfiar das listas: se todos abandonássemos a carne bovina para nos jogar sobre a de frango, se produziria uma pressão no mercado com danos inevitáveis. Os alimentos só podem continuar sendo saudáveis se todos consomem um pouco de tudo

(Ecodebate, 08/08/2011) publicado pela IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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One thought on “‘Não existem alimentos proibidos. É melhor variar a dieta’, entrevista com Pietro Migliaccio, nutricionista

  • Que texto lúcido! Muito bom. Iris.

Fechado para comentários.