Saiba Mais: Interpretação Agronômica dos Solos, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] As características morfológicas que representam a aparência dos solos no campo, são a cor, a textura, a estrutura, a granulometria, a consistência e a tipologia das raízes existentes (STRECK, 2002).
O perfil de solos mostra uma seqüência vertical de camadas, mais ou menos paralelas à superfície, resultantes da ação dos processos de formação dos solos (processos pedogenéticos), que são diferenciados pelos resultados obtidos em termos de espessura dos solos, cor, textura e estrutura dentre outras características.
Os horizontes ou níveis de solos não estão obrigatoriamente presentes em todos os perfis, mas o normal é ocorrerem os seguintes horizontes:
Horizonte A ou camada superficial: é um horizonte mineral situado na superfície, onde ocorre a germinação das sementes. É caracterizado pela cor escura e grande presença de matéria orgânica decomposta, em geral incorporada pela atividade biológica e em associação com a fração mineral.
Horizonte B ou nível de solos residuais ou regolitos: é um nível de solos minerais, com cores mais claras em relação à camada superficial, com presença de agregados bem desenvolvidos, podendo apresentar maior acumulação de argilas em relação aos níveis mais superiores, sem a presença importante de matéria orgânica.
Horizonte C ou camada de solos de alteração de rocha ou saprolitos: é o horizonte mineral de transição entre solos e rochas subjacentes, sendo constituído por rochas alteradas e afetadas por processos pedogênicos, e representa o material de origem no caso de solos residuais.
As modernas técnicas descritivas da pedologia são bastante mais detalhadas, subdividem estes horizontes, descrevem um horizonte “E” no topo dos perfis de solo, mas esta descrição genérica ainda é válida. Materiais aluvionares que representam solos transportados pela ação das águas podem ter perfis um pouco diferentes.
Da mesma forma, pacotes de solos denominados eluvionares resultantes de pequenos rastejamentos gravitacionais em superfícies de terrenos com declividades, e solos chamados de coluvionares, com maior reptação ou rastejamento gravitacional em superfície de terrenos com elevadas declividades podem mostrar perfis de solo com horizontes um pouco diferenciados.
Os principais tipos de solos existentes e suas características básicas são apresentados a seguir:
Alissolos: são solos que apresentam elevados valores de alumínio trocável nos perfis, em geral não são adequados para agricultura;
Argissolos: derivam da presença de horizontes subsuperficiais argilosos nos perfis;
Cambissolos: representam perfis de solo com desenvolvimento muito incipiente, predominando características das rochas originais, freqüentemente chamados de solos jovens;
Chernossolos: são solos escuros, em geral com presença de matéria orgânica em várzeas de rios, com alta fertilidade química;
Latossolos: representam horizontes de solos muito profundos e homogêneos, altamente intemperizados, também chamados de solos maduros;
Luvissolos: é a denominação dos perfis de solo que apresentam acumulação subsuperficial de argilas;
Neossolos: são solos jovens com perfis pouco desenvolvidos;
Nitossolos: são os solos com agregados brilhantes, micáceos (mica é um mineral de rochas metamórficas de baixo grau) no horizonte B;
Organossolos: são solos de várzeas com grande quantidade de matéria orgânica;
Planossolos: são solos desenvolvidos em áreas planas, muito uniformes;
Plintossolos: são solos com plintitas (segregações de óxido de ferro), amareladas ou ferruginosas;
Vertissolos: são solos que modificam as características físicas, sofrendo expansão com a água e contração com as secas, em função da presença de argilas
expansivas (montmorilonitas).
Cada solo é diferente e deve ser analisado em seu contexto de forma sistêmica, nas relações que estabelece com os meios biológico e antrópico.
Roberto Naime, colunista do Portal EcoDebate, é Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.
EcoDebate, 03/03/2011
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