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Artigo

Ações ambientais no espaço escolar, artigo de Antonio Silvio Hendges

[EcoDebate] As atividades humanas, individuais ou coletivas, são geradoras de resíduos e durante o desenvolvimento histórico da sociedade ocorreram mudanças significativas nos padrões de quantidade, qualidade, processos de descarte e possibilidades de assimilação pela natureza dos diversos tipos de materiais utilizados. A Revolução Industrial no século XVIII, o desenvolvimento do capital, a urbanização e o crescimento demográfico diversificaram a composição e possibilitaram um aumento intenso dos rejeitos durante os processos de produção, distribuição e consumo. Principalmente a partir da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) foram incorporados novos materiais como vidros, plásticos, borrachas, metais diversos e produtos químicos, em contraste com os rejeitos biodegradáveis como cascas e restos de alimentos, madeiras, papéis e tecidos naturais predominantes até então.

As instituições de ensino produzem resíduos por serem espaços onde há grande concentração de pessoas e também de materiais utilizados no desenvolvimento dos processos pedagógicos: papéis, cartolinas, plásticos, restos de tintas, materiais escolares usados, equipamentos de informática (e outros) obsoletos, materiais esportivos, classes e cadeiras usadas, embalagens diversas, restos de alimentos e outros resíduos próprios dos espaços escolares. Mas as escolas também se constituem em espaços adequados para a realização de atividades e reflexões relacionadas à educação ambiental que fortaleçam a compreensão da comunidade escolar quanto à produção, distribuição, consumo e descarte, induzindo mudanças de valores e de comportamentos não somente nos espaços internos às escolas, mas principalmente nas comunidades de origem dos alunos e suas famílias.

A aprendizagem de procedimentos adequados e o desenvolvimento de capacidades críticas quanto às questões ambientais e/ou relacionadas ao consumo são essenciais para o aprendizado da solidariedade e da responsabilidade na utilização dos bens comuns e dos recursos naturais, possibilitando ações e projetos multidisciplinares que conscientizem a comunidade escolar desde a manutenção da limpeza do ambiente às possibilidades de evitar-se o desperdício. “Existem muitas dificuldades a serem enfrentadas diante das atividades de sensibilização e formação, na implantação de atividades e projetos. […] fatores como o tamanho da escola, número de alunos e professores, predisposição dos professores em passar por um treinamento, vontade da diretoria em realmente implementar um projeto ambiental que irá alterar a rotina da escola, […] podem servir de obstáculos a implementação da educação ambiental” (GUEDES, SCHERER, 2010, p. 193).

Estas dificuldades podem ser superadas através da participação da comunidade nas diversas atividades desenvolvidas no contexto escolar, democratizando as decisões administrativas, fortalecendo os processos pedagógicos e as parcerias internas e externas às escolas, possibilitando “um processo de formação e desenvolvimento dos sujeitos para que conheçam sua realidade e possam transformá-la por meio da reflexão de suas ações e da produção de novos conhecimentos. […] que permitirá o resgate da escola como promotora de transformação da sociedade” (GUEDES, SCHERER, 2010, p. 193, 194). Para o educador Paulo Freire, ensinar não é transferir conhecimentos, mas estimular e desenvolver possibilidades para sua construção coletiva, não sendo o aprendizado restrito às salas de aulas e disciplinas específicas dos currículos.

A educação ambiental é um processo interdisciplinar que possibilita um diálogo amplo com diversos grupos sociais, estimulando-se projetos e atividades múltiplas que possibilitam a participação de toda a comunidade escolar. Excursões e passeios ecológicos orientados, hortas comunitárias, feiras de ciências, Produção de materiais informativos (panfletos, jornais, vídeos, blogs), parcerias com ONGs, associações e cooperativas de recicladores, campanhas de conscientização específicas ou gerais, programas internos de separação e destinação adequada do lixo escolar, são algumas ações que certamente contribuirão para a racionalização, reutilização, redução e reciclagem dos resíduos escolares, fortalecendo a participação comunitária e a melhoria do ambiente interno e externo às instituições de ensino.

REFERÊNCIAS

GUEDES, Jianna Grando; SCHERER, Luana do Amarante. Estratégias metodológicas para o desenvolvimento de atitudes ambientais relacionadas aos resíduos sólidos. Os múltiplos olhares para o ensino de Biologia. Organizadores: Ana Maria dos Santos; Andréa Aline Mombach; Gabriela Cássia Consalter. Passo Fundo: Editora Berthier, 2010. p.187-195.

Antonio Silvio Hendges, articulista do EcoDebate, é Professor de Biologia e Agente Educacional no RS. Email: as.hendges{at}gmail.com

EcoDebate, 17/01/2011


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