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Artigo

Sociedade da letargia, artigo de Américo Canhoto

[EcoDebate] A capacidade de Adaptação é uma das nossas potencialidades; conforme é colocado no linguajar popular: “A gente se acostuma com tudo”. Esse característica nos capacitou a habitar o planeta de um pólo a outro nas mais diferentes condições e circunstâncias.

Porém: Há um provérbio chinês que não deixa de ser um alerta: “Você deve se preocupar é quando tudo está bem”.

Dentre outras considerações ele nos alerta para o perigo do excesso de adaptação que advém da “mornitude” prolongada.

De certa forma ainda somos movidos a desafios. Os repetitivos e mornos podem exaurir esse potencial, levando até á perda da capacidade de reagir; pois, quando submetidos a situações que ativam o instinto de sobrevivência em todos seus aspectos, nós produzimos verdadeiros milagres de progresso.

Mesmo desconhecendo os limites mais precisos de cada fase do Projeto Ser Humano; ao que tudo indica nós já deveríamos ter passado do estágio reativo para o proativo – pois na atualidade ainda muito mais reagimos a estímulos externos do que atuamos sob a ação da inteligência e da vontade.
Excesso de estímulos externos de baixa intensidade, de freqüência lenta e padronizada podem nos imobilizar.

O perigo da Letargia nos ronda nos múltiplos aspectos da vida: pessoal, familiar, social, político, religioso, profissional.

O agente principal da Letargia é o medo potencializando a preguiça – evidente que as pessoas mais acometidas são as que ignoram ou fingem ignorar: quem somos nós e o que fazemos aqui.

Nossa intenção neste bate papo é focar a Letargia gerada pela perda da noção de limites.

Extrapolar os limites, uma, duas, dez, vinte vezes, tudo bem, se isso, trouxe algum distúrbio ele pode não ser tão grave; no entanto, a situação pode tornar-se muito perigosa quando perdemos a noção deles (estresse crônico).

Num primeiro momento vai-se a qualidade de vida, fato que logo pode ser seguido pela perda primeiro da integridade e da honra em viver como ser humano de fato; e depois até da própria existência.

A cada dia que passa mais e mais pessoas sentem que chegaram no máximo do suportável; estamos muito cansados; exauridos; excessivamente adaptados.

Acusamos no corpo, na mente, no campo emocional e afetivo que muitos limites foram extrapolados; em decorrência de vivermos sem preparo e planejamento.

No momento, andamos às voltas com experiências simultâneas e inacabadas como nunca se viu até hoje. Isso, aproxima de forma perigosa para o nosso equilíbrio mental, emocional e orgânico, os efeitos e as causas que lhes deram origem.

Em qualquer atividade, quando se começa uma coisa e não se termina, o resultado é prejuízo: o tempo gasto, os recursos intelectuais e financeiros usados; isso, sem contar com as necessárias reparações no futuro para escapar da sensação de frustração, do sofrer, da paralisia mental emocional como a depressão, a angústia, o pânico e a terrível Letargia.

Representando as experiências iniciadas, não finalizadas e exaustivamente repetidas temos a maquiagem dos efeitos nos tratamentos de saúde. Escolhemos mal a forma de viver, os hábitos; e adoecemos.

Depois tomamos remédios; e continuamos a fazer escolhas inadequadas e não renovamos os hábitos.

Da forma como a usamos; a ajuda medicamentosa permite que durante algum tempo continuemos a repeti-las perdendo o senso de limite para manter a saúde.

Outra analogia: Essa postura pode ser estendida para a nossa relação com o crédito e as dívidas – enfim com tudo que se relacione com nossas atividades cotidianas.

Colocado os resultados dessa forma de viver na ponta do lápis, é fácil analisar que a opção inadequada mesmo que não seja concluída sai muito caro.

Quando o ritmo de vida era mais lento tanto em número quanto em intensidade das experiências, sempre havia a possibilidade de camuflar a realidade. No momento, isso torna-se mais difícil, pois tudo que estava encoberto pela capa das circunstâncias, aparece. Lembra do ditado: cobrir um santo e descobrir outro; pois hoje cobre-se um santo e descobrem-se três ou quatro; sem que nos escandalizemos com isso – a Letargia tomou conta da força da nossa vontade.

O processo é tanto mais grave quanto mais indivíduos de uma sociedade se coloquem nessa situação.

A sociedade letárgica aceita todo o tipo de domínio e opressão feito gado que vai para o matadouro dos ideais, da busca da sanidade e da felicidade.

Na individualidade, em estado de Letargia, nós nos assemelhamos a mortos insepultos, verdadeiros zumbis; esperando a morte chegar; e quando ela chega como se fosse uma possível solução: Oh! tristeza e decepção; descobrimos tardiamente que a morte não existe e que tudo continua pendente á espera de resolução.

O que será que Gaia vai fazer para tentar nos despertar?

As antigas formas de nos acordar, de nos tirar desse estado de Letargia parece que não está dando o resultado esperado…

Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Usa a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.

* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 14/01/2011


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