EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Artigo

Déficit de atenção com ou sem hiperatividade: Abordagem multidisciplinar, artigo de Frederico Lobo

 

Déficit de atenção com ou sem hiperatividade: Abordagem multidisciplinar, artigo de Frederico Lobo

Com frequência recebo pacientes que relatam “possuir” Déficit de atenção e muitas vezes vão além, acrescentam o termo “Hiperatividade” à doença que adquiriram navegando na internet. Brinco que virou moda ser portador de déficit de atenção.

Frase típica: “- Dr. eu fiz um teste na internet, um questionário e bateu tudo, eu tenho déficit de atenção com hiperatividade”.

E aí, perguntam o que a prática ortomolecular tem para auxiliar (é comum mães sempre questionarem).

Bem, o Distúrbio (ou Transtorno como alguns autores denominam) de Déficit de atenção (DDA ou TDA) com ou sem Hiperatividade (TDAH) realmente tem se tornado comum em nosso meio.

Não se sabe ainda se a incidência está aumentando ou se o que antes era considerado desvio de conduta, desobediência das crianças passou a ser visto por um outro ângulo, ou seja, visto pela ótica neuropsiquiátrica.

Lembro que na faculdade, quando cursei a cadeira de psiquiatria, li os critérios diagnósticos e imediatamente tomei tal patologia, como se fosse  minha amiga de infância (bati o pé e insisti com meu professor de psiquiatria que eu era portador), semelhante ao que ocorre com alguns pacientes.

Aliás, não só pacientes, mas muitos médicos (inclusive psiquiatras) atualmente dão o diagnóstico de DDA com frequência. Naquela época conversei com meu orientador e e ele questionou o excesso de diagnósticos de TDAH.

Hoje com a visão da ortomolecular vejo que a questão é muito mais complexa do que se pensava. Se olharmos os critérios oferecidos pelo DMS-IV com certeza teremos uma legião de portadores de DDA (principalmente os com hiperatividade). Mas e daí? Será que são realmente portadores de tal patologia ou estão portadores de sintomas que compõem tal patologia?

Quando escrevo SÃO é pq há um componente genético. É aquela criança que a mãe relata que desde o período intra-útero já era inquieta e mesmo após o nascimento continuou inquieta. Há estudos de gêmeos univitelinos mostrando que quando um é portador de DDA, em 80% dos casos o outro também é, ou seja, temos uma influência genética considerável. Há também correlação entre pais portadores de DDAH e filhos “herdando” tal característica.

Quando escrevo ESTÃO é porque ao olhar pela ótica ortomolecular e ecológica vejo que são inúmeros os fatores que podem levar uma criança ou adulto a apresentar comportamento que se enquadre nos critérios para diagnóstico de DDA com ou sem hiperatividade. A questão é mais complexa ainda pois são múltiplos fatores e que muitas vezes não podemos modificar. Dentre os fatores ambientais e nutricionais podemos citar:

  • Envenenamento ambiental extenso (quando escrevo envenenamento entendam como Poluição em todos os âmbitos: atmosférica (ar), solo (uso de pesticidas e herbicidas), água, sonora, eletromagnética) estamos sendo vítima da ação de algumas substâncias que durante milênios eram desconhecidas pelo nosso organismo e que de forma abrupta entraram no nosso cotidiano. Já postei inúmeras vezes artigos que mostram correlação de agrotóxicos com DDA em crianças. Inúmeros artigos que associação aditivos alimentares a DDA em crianças.
  • A hipótese de Feingold propõe que os aditivos alimentares como o BHT, BHA, corantes artificiais e aromatizantes, emulsificantes, nitratos e sulfitos, induzem a hiperatividade em crianças. Feingold listou 3.000 aditivos alimentares diferentes que deveriam ser investigados. Enquanto a conclusão final do comitê consultor nacional de hiperkinesis e aditivos alimentares era a de que não há uma ligação significante entre ambos, estudos em andamento sugerem que há um correlação definitiva e significante. Em estudos clínicos controlados, até 50% de crianças hiperativas melhoraram quando suas dietas foram alteradas, controlando a ingestão de aditivos, açúcar e eliminando possíveis alérgenos alimentares.
  • Questão nutricional: déficit de vitaminas (principalmente complexo B), ômega 3, excesso de carboidratos, deficiência de proteínas (baixa produção de dopamina). Com o processamento dos alimentos (muitas vitaminas por serem termolábeis se perdem) refino de alimentos (magnésio e outros minerais como o Zinco são retirados dos alimentos). Desequilíbrio da relação entre ômega 6 e ômega 3 promovendo um estado inflamatório sistêmico. Alérgenos alimentares: nunca se falou tanto é alergias alimentares e intolerâncias, entrando na velha questão: será que já existiam antes mas não eram diagnosticadas ou será que a prevalência está aumentando por alguns fatores? Fatores estes como: agrotóxicos, exposição precoce e persistente a proteínas de alimentos, transgênicos, irradiação de alimentos, alterações do sistema imunológico, disruptores endócrinos como o bisfenol-A.

Baseado nessa complexidade de temas, estava montando alguns protocolo para tratamento dos vários tipos de Disturbio de Déficit de atenção (sim não é apenas um tipo, são 6 subtipos). Abaixo listo um pequeno resumo sobre eles além de algumas dicas que dou para os meus pacientes.

6 tipos de Distúrbio de Déficit de Atenção

1 – Distúrbio de Déficit de Atenção Clássico COM hiperatividade (80% dos homens e 50% das mulheres):
• É o tipo mais comum (por baixa de dopamina)
• Desvia facilmente a atenção do que está fazendo e comete erros por prestar pouca atenção a detalhes. Muitas vezes distrai-se com seus próprios devaneios ou então um simples estímulo externo tira a pessoa do que está fazendo.
• Dificuldade de concentração em palestras, aulas, leitura de livros… (dificilmente termina um livro, a não ser que o interesse muito).
• Às vezes parece não ouvir quando o chamam (muitas vezes é interpretado como egoísta, desinteressado…)
• Durante uma conversa pode distrair-se e prestar atenção em outras coisas, principalmente quando está em grupos. Às vezes capta apenas partes do assunto; outras, enquanto “ouve” já está pensando em outra coisa e interrompe a fala do outro.
• Relutância em iniciar tarefas que exijam longo esforço mental.
• Dificuldade em seguir instruções, em iniciar, completar e só então, mudar de tarefa (muitas vezes é visto como irresponsável).
• Dificuldade em organizar-se com objetos (mesa, gavetas, arquivos, papéis…) e com o planejamento do tempo (costuma achar que é 10 e que o dia tem 48h).
• Problemas de memória a curto prazo: perde ou esquece objetos, nomes, prazos, datas… Durante uma fala, pode ocorrer um “branco” e a pessoa esquecer o que ia dizer
• Inquietação – mexer as mãos e/ou pés quando sentado, musculatura tensa, com dificuldade em ficar parado num lugar por muito tempo. Costuma ser o “dono” do controle remoto.
• Faz várias coisas ao mesmo tempo, está sempre a mil por hora, em busca de novidades, de estímulos fortes. Detesta o tédio.
• Consegue ler, assistir televisão e ouvir música ao mesmo tempo. Muitas vezes é visto como imaturo, insaciável.
• Pode falar, comer, comprar,… compulsivamente e/ou sobrecarregar-se no trabalho. Muitos acabam estressados, ansiosos e impacientes: são os workaholics.
• Tendência ao vício: álcool, drogas, jogos, Internet e salas de bate papo…
• Interrompe a fala do(s) outro(s); sua impaciência faz com que responda perguntas antes mesmo de serem concluídas.
• Costuma ser prolixo ao falar, perde sua objetividade em mil detalhes, sem perceber como se comunica. No entanto, não tem a menor paciência em ouvir alguém como ele, sem dar-se conta que é igual.
• Baixo nível de tolerância: não sabe lidar com frustrações, com erros (nem os seus, nem dos outros). Muitas vezes sente raiva e se recolhe.
• Impaciência: não suporta esperar ou aguardar por algo: filas, telefonemas, atendimento em lojas, restaurantes…, quer tudo para “ontem”.
• Instabilidade de humor: ora está ótimo, ora está péssimo, sem que precise de motivo sério para isso. Os fatores podem ser externos ou internos, uma vez que costuma estar em eterno conflito.
• Dificuldade em expressar-se: muitas vezes as palavras e a fala não acompanham a velocidade da sua mente. Muitos quando estão em grupo, falam sem parar sem se dar conta que outras pessoas gostariam de emitir opiniões, fazer colocações e o que deveria ser um diálogo, transforma-se num monólogo que só interessa a quem está falando.
• Respondem bem: Ritalina, Chá-verde, Rhodiola, L-tirosina, Mucuna, Same, Dieta hiperprotéica, Omega 3 e Vitamina D.
• Pode se utilizar ainda: Fluoxetina, Sertralina


2 – Distúrbio de Déficit de Atenção Clássico SEM hiperatividade
• 50% das mulheres e menos comum em homens.
• É comum o Day-dreaming.
• Desvia facilmente a atenção do que está fazendo e comete erros por prestar pouca atenção a detalhes. Muitas vezes distrai-se com seus próprios devaneios ou então um simples estímulo externo tira a pessoa do que está fazendo.
• Dificuldade de concentração em palestras, aulas, leitura de livros… (dificilmente termina um livro, a não ser que o interesse muito).
• Às vezes parece não ouvir quando o chamam (muitas vezes é interpretado como egoísta, desinteressado…)
• Durante uma conversa pode distrair-se e prestar atenção em outras coisas, principalmente quando está em grupos. Às vezes capta apenas partes do assunto; outras, enquanto “ouve” já está pensando em outra coisa e interrompe a fala do outro.
• Relutância em iniciar tarefas que exijam longo esforço mental.
• Dificuldade em seguir instruções, em iniciar, completar e só então, mudar de tarefa (muitas vezes é visto como irresponsável).
• Dificuldade em organizar-se com objetos (mesa, gavetas, arquivos, papéis…) e com o planejamento do tempo (costuma achar que é 10 e que o dia tem 48h).
• Problemas de memória a curto prazo: perde ou esquece objetos, nomes, prazos, datas… Durante uma fala, pode ocorrer um “branco” e a pessoa esquecer o que ia dizer
• Respondem bem à ritalina e a tudo que aumente a dopamina, além dos estimulantes. Pode-se usar antidepressivos estimulantes como a Mirtazapina

3 – Distúrbio de Déficit de Atenção COM Hiperfoco
• DDA com Hiperfoco é provavelmente a terceira forma mais comum de ADD, o paciente muitas vezes se concentram excessivamente em uma coisa ou atividade particular, em detrimento da maioria das outras coisas (ou seja, tem visão hiperfocada) , o que causa problemas para eles e para aqueles que os rodeiam.
• Eles também se sentem angustiados ou facilmente irritáveis quando tem q deixar de fazer aquilo que estão fazendo para fazer outra coisa.
• Sugestão do Dr. Daniel Amen: NÃO utilizar ritalina e nem o que estimula Dopamina pois podem aumentar o hiperfoco e piorar o quadro.
• Responde bem aos estimulantes do tipo “antidepressivos”, tais como a fluoxetina ou venlafaxina XR.
• Utilizar: L-taurina, 5HTP, Magnésio, B6, Ômega 3, Vitamina D. Meditação transcendental.

4 – Distúrbio de Déficit de Atenção do Lobo temporal
• Também denominado de Déficit de atenção exacerbado
• Tem características especiais como irritabilidade e raiva exacerbados e às vezes raiva associada a violência.
• Pioram com uso de psicoestimulantes como Ritalina e Antidepressivos estimulantes, só podendo ser utilizados se antes iniciarmos terapia com anticonvulsivantes (carbamazepina, valproato de sódio) ou estabilizadores do humor (carbonato de lítio).
• Além da lentidão comum no lobo frontal, este tipo de déficit de atenção é associado à disfunção de um ou ambos lobos temporais, sendo este o fator causal da irritabilidade.
• Comum a sensação de Deja vu (mas nunca foi ao lugar ou vivenciou aquilo)
• Memória comumente deficiente.
• Dar estabilizador do humor ou anticonvulsivante para tratar o distúrbio do lobo temporal e posteriormente as alternativas para o tratamento do déficit de atenção clássico com hiperatividade.

5 – Distúrbio de Déficit de Atenção do Sistema límbico ou Pequeno Déficit de Atenção ou Transtorno Depressivo
• Neste caso há um leve déficit de atenção, porém as principais características são: mau-humor, pessimismo, pensamentos negativos recorrentes, astenia, baixa auto-estima.
• Neste caso os antidepressivos “estimulantes” funcionam bem, mas tem que se elevar: serotonina, dopamina e noradrenalina.
• Dar preferencialmente 5HTP, L-taurina, ômega 3, B6, Magnésio, Zinco, Kava-Kava e Erva de São-João. Posteiormente iniciar terapia para elevar Dopamina: chá verde, mucuna, L-tirosina.
6 – Distúrbio de Déficit de Atenção do tipo Anel de fogo
• Neste subtipo existe uma sensibilidade extrema, irritabilidade intensa, distração exacerbada e agressividade associada a raiva. É um estágio mais grave que a do Lobo tempora. A violência ocorre devido a hiperatividade em diversas áreas cerebrais. São pacientes que se debatem contra a parece, muito angustiados.
• Necessidade de imediato: Anticonvulsivantes e estabilizadores do humor (carbamazepina, lamotrigina ou valproato de sódio) e / ou ansiolíticos e/ou antipsicóticos a fim de reduzir a hiperatividade cerebral.
• Em hipótese alguma iniciar com psicoestimulantes como ritalina.
• O nome Anel de fogo foi dado pelo Dr. Daniel Amen ao verificar que portadores deste distúrbio apresentavam na Tomografias por emissão de pósitrons (SPECT) círculos demonstrando hiperexcitação em áreas cerebrais.

Orientações para todos os tipos de Déficit de atenção.

• Eliminar aditivos alimentares e alérgenos alimentares da dieta

São aditivos alimentares: Corantes, Edulcorantes, Conservantes, Antioxidantes, Estabilizadores, Emulsionantes, Espessantes e Gelificantes. Estes nomes são encontrados nos rótulos dos produtos industrializados que seguem as normas vigentes). Os principais ligados ao DDA são:

1. BHA e BHT,

2. Corantes ligados ao DDA e Hiperatividade:

• Tartrazina (E102 ou C.I. 19140);

• Verde Rápido – E142;

• Amarelo Crepúsculo (E110, Amarelo 6 ou C.I. 15985);

• Azul Patente V (E131);

• Azorrubina (E122);

• Ponceau 4R (C.I. 16255) ou Vermelho Cochineal A, C.I. Vermelho Ácido 18,

• Escarlate Brilhante 4R (E124);

• Vermelho 40 – Conhecido também como Vermelho Allura, Vermelho Alimentício 17, C.I. 16035 ou E129.

• Eritrosina – E127, conhecida também pelo nome de Vermelho número 3;

• Azul Brilhante – Também conhecido pelo nome de Azul número 1, Azul Ácido 9 ou (E133);

• Eliminar por complexo da dieta alimentos que possuem na composição: Glutamato monossódico.

3. Se for utilizar alimentos com corantes, dar preferência a corantes naturais:

  • Corante de Urucum, Carmin de Cochonilha, Corante de Cúrcuma, Corante de Clorofila, Corante de Páprica, Corante de Beterraba, Corantes de Antocianina, Corante caramelo (E150), Colorau, Chlorella, Carmim e Dióxido de titânio.

• Alérgenos alimentares ligados a hiperatividade: Podemos observar alergia ou intolerância: leite de vaca, chocolate, aromatizante de uvas, aromatizante de laranja, cana de açúcar, tomates, produtos de trigo, ovos, derivados do leite, nozes e outras oleaginosas, peixe, soja. É amplamente aceito que os alérgenos alimentares podem causar mudanças de humor , depressão e até alucinações.

• Elimine sal, refrigerante (altos níveis de fosfato), catchup, mostarda, molho de soja, vinagre de maçã, queijos coloridos, carnes processadas e/ou defumadas, embutidos, trigo, manteiga com corante, margarina, sorvetes, doces e perfumes.

• Não use alimentos com salicilatos: estes incluem amêndoas, maçãs, damascos, cerejas, uvas passas, amoras, pêssegos, ameixas, ameixas secas, tomates, pepinos e laranjas.

• Faça um quadro de anotações de sintomas todas as semanas com os alimentos consumidos e qualquer reação emocional que possa estar relacionada com aqueles alimentos.

• Os fosfatos tipicamente encontrados nos refrigerantes foram relacionados com a hiperatividade muscular.

• Eliminar o açúcar branco da dieta: Muitos estudos sugerem que crianças hiperativas apresentam comprometimento da tolerância à glicose . A tendência à hiploglicemia em crianças hiperativas também apoia os efeitos negativos que o açúcar pode provocar. Alguns estudos de universidades revelam que um café da manhã rico em açúcar e em carboídratos pode acentuar o comportamento hiperativo. Quando se ingeria proteína no café da manhã, a hiperatividade era muito menor, talvez pela elevação da dopamina.

# Alguns metais tóxicos como (alumínio e chumbo) podem ocasionar sintomas de Déficit de atenção e portanto há indicação de se solicitar o mineralograma capilar.

Suplementos nutricionais que podem ser utilizados no Déficit de atenção

A prática ortomolecular e medicina tradicional chinesa possuem inúmeras estratégias  a fim de se reduzir o déficit de atenção e hiperatividade ( a maioria dos casos incluem as duas características). O tratamento é multidisciplinar (médico, nutricionista funcional, psicólogo).

Dentre os nutrientes primários que podem estar em falta nos portadores de DDA temos:
Vitaminas do complexo B, Vitamina C, Diversos minerais (Cálcio, Magnésio, Zinco) e etç. Apenas o médico ou nutricionista estão indicados a repor estes minerais e vitaminas. Existe um sinergismo e antagonismo entre deles, portanto não é recomendável a auto-medicação, pois pode agravar o problema ou gerar complicações. Como por exemplo reposição de Zinco sem outros minerais para contrabalancear.

Suplementos minerais: Crianças com ADD podem apresentar uma série de deficiências minerais. O importante é descobrir qual ou quais nutrientes estão faltando especificamente para o paciente em questão, uma alternativa além do inquérito nutricional e exames laboratoriais é o mineralograma capilar.

Minerais:

  • Cálcio/Magnésio: Ajuda a acalmar o sistema nervoso e é vital para a função cerebral normal. Em um estudo feito com 175 crianças para verificar déficit cognitvo e alterações mentais evidenciou que a grande maioria apresentava deficiência de Magnésio. O ideal é obter tais minerais na dieta diária e quando não possível: suplementar.
  • Zinco/Cobre/Ferro: Uma estudo do estado nutricional global das crianças com DDAH apontou que  população de pacientes estudados estava sob risco de deficiência de micronutrientes, tais como o zinco e o cobre – minerais que desempenham um papel crucial na síntese de dopamina, noradrenalina e melatonina, substância que regula o sono. Um estudo realizado por pesquisadores da University of British Columbia e do Children’s and Women’s Health Centre de Vancouver, no Canadá foi apresentado durante o 56º encontro anual da American Academy of Child & Adolescent Psychiatry. Nele foram avaliadas 44 crianças com diagnóstico de DDAH, cujas idades variavam entre 6 e 12 anos; as taxas de deficiência de zinco e cobre foi de 45% e de 35%, respectivamente. A pesquisadora principal, Dra. Margaret Weiss disse ao Medscape Psychiatry que “existem vários estudos com crianças que apresentam TDAH que avaliaram a ingesta de açúcar e etc., mas nenhum realmente avaliou a ingesta alimentar e os seus nutrientes entre estas crianças”. Em conjunto com o autor principal, Dr. Joy Kiddie, o estudo incluiu 44 crianças hiperativas, com idades entre 6 e 12 anos e que haviam recebido ou não o tratamento farmacológico. Destas, 17 nunca haviam feito uso de nenhuma medicação, 18 estavam em uso de estimulantes e 9 estavam utilizando a atomoxetina. A ingestão diária de alimentos foi avaliada através de anotações de três dias e da lembrança do que foi ingerido nas ultimas 24 horas. As anotações incluíam avaliações a respeito da ingestão de macro e micronutrientes com base nas recomendações de ingestão diária de cada um deles. A lembrança do que oi ingerido nas ultimas 24 horas foi utilizada para avaliar o percentual de nutrientes de baixa densidade ingeridos pela criança, ou o que é comumente chamado de “besteiras”. O estudo revelou que os níveis séricos de zinco estavam inferiores aos padrões normais em 77% das crianças com idade entre 6 e 9 anos, e em 67% das crianças com idades entre 10 e 12 anos. Além disso, 25% das crianças apresentavam níveis séricos de zinco inferiores ao cutoff determinante da deficiência deste mineral. 23% das crianças apresentavam níveis séricos de cobre inferiores aos padrões normais. Os pesquisadores descobriram que a amostra de pacientes estudada consumia as mesmas quantidades de proteína, carboidratos e de gordura que as recomendadas diárias e que as demais crianças. Além disso, as crianças com TDAH não consumiam mais alimentos de baixa densidade nutricional que as demais. Contudo, 40% dos pacientes ingeriam menos carne (e substitutos) que as quantidades recomendadas e apresentavam níveis inferiores de micronutrientes relacionados, que são cofatores essenciais para a produção de dopamina, noradrenalina e melatonina pelo organismo. As aferições sanguíneas dos micronutrientes replicaram os achados prévios de deficiência de zinco e revelaram, pela primeira vez, a deficiência de cobre. Além disso, os níveis plasmáticos de ferritina estavam inferiores a 50 mg/ml na maioria destas crianças, valor mínimo necessário para a sua entrada no sistema nervoso central. A Dra. Weiss comentou que “existe uma crença de que a criança com TDAH come mais besteiras do que as demais, o que não se confirmou nesta pesquisa. Contudo, nossos achados sugerem que as crianças com TDAH são nutricionalmente diferentes das demais, uma vez que elas comem menos carne, peixe e frango, e possuem níveis menores dos micronutrientes relacionados, que são essenciais para que o organismo produza dopamina, noradrenalina e melatonina”.
  • Zinco/cobre: Controvérsias à parte, um outro estudo, também apresentado durante o 56º Encontro Anual da American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, o Dr. Eugene Arnold e seus colaboradores da Ohio State University, em Columbus, relataram que a suplementação de 15 ou 30 mg de zinco elementar, em comparação com placebo, não causou nenhuma diferença nos sintomas das crianças que apresentavam TDAH, após 13 semanas de tratamento. Segundo a Dra. Weiss, este estudo levanta uma serie de questionamentos, uma vez que trabalhos anteriores haviam sugerido que a suplementação de zinco interferia nos sintomas deste transtorno. “Não é apenas uma questão sobre o que a criança come, mas também se elas são capazes de absorver e metabolizar o zinco, ou então se elas estão excretando este mineral em demasia. Em outras palavras: existira algum fenômeno de esgotamento do zinco?” comentou a pesquisadora. Ela disse ainda que, com base neste estudo, ainda é muito cedo para fazer qualquer recomendação clínica além de que as crianças com TDAH devam ter uma dieta adequada, que inclua quantidades apropriadas de peixe, carne e frango. Contudo, reconheceu, este pode ser um grande desafio, sobretudo entre as crianças que fazem uso de estimulantes por causa da redução do apetite induzida pelo medicamento. Ela acrescentou ainda ser importante que os clínicos com experiência na avaliação nutricional possam fornecer aos pais informações a respeito de uma boa nutrição. E disse: “tradicionalmente, a ênfase na abordagem terapêutica das crianças com DDAH se baseia no tratamento do espectro dos sintomas deste transtorno, mas também é importante abordar as questões básicas de saúde, tais como o sono, a nutrição e o crescimento. Uma boa saúde faz toda a diferença”. A Dra. Weiss relatou que fornece consultoria e/ou recebeu apoio financeiro para pesquisas da Eli Lilly and Company, Janssen, Purdue University, Shire Pharmaceuticals Inc e da Takeda Pharmaceuticals North America, Inc. American Academy of Child & Adolescent Psychiatry 56th Annual Meeting: Abstract 17.3. Presented October 31, 2009.
  • GABA: Alguns estudos mostram que o uso de GABA (ácido gama amino butírico) tanto pode reduzir a hiperatividade, como beneficiar crianças com distúrbios de aprendizagem. A questão é saber se o Gaba ingerido via-oral conseguirá atravessar a barreira hematoencefálica para chegar ao cérebro. Na dúvida, na ortomolecular utilizamos a L-taurina.
  • Vitamina B6: Uma vitamina extremamente importante para a função mental normal. Indivíduos com dificuldades de aprendizado, esquizofrenia e outros distúrbios mentais frequentemente apresentam deficiência de vitamina B6. Um estudo confirma alguma melhora em indivíduos esquizofrênicos que não respondiam à terapia com drogas psicotrópicas.Ácidos graxos omega-3: Alguns levantamentos mostram que para algumas crianças com DDAH a suplementação com ácidos graxos insaturados (principalmente ômega 3, ácido linolênico) parece proporcionar alguma melhora. Os mecanismos exatos envolvidos ainda permanecem desconhecidos. O importante é manter uma relação ômega-6/ômega-3 de 2 para 1 (2:1). Atualmente a alimentação moderna proporciona elevadas quantidades de ácido linolêico (ômega 6), que é pró- inflamatorio e diminuí a concentração . O suplemento de óleos de peixes marinhos (salmão, sarinha, atum) ou mesmo do óleo de linhaça que são fontes naturais de ômega 3, melhoram a memória e aconcentração em alguns estudos . Artigos: 1) Huss M, Völp A, Stauss-Grabo M. Supplementation of polyunsaturated fatty acids, magnesium and zinc in children seeking medical advice for attention-deficit/hyperactivity problems – an observational cohort study. Lipids Health Dis (2010) Sep 24;9:105. 2) Schuchardt JP, Huss M, Stauss-Grabo M, Hahn A. Significance of long-chain polyunsaturated fatty acids (PUFAs) for the development and behaviour of children. Eur J Pediatr. 2010 Feb;169(2):149-64.

Nutrientes Secundários

  • Centella asiatica: Pode melhorar a habilidade mental de crianças inaptas, dada sua propriedade anti-ansiedade. Após a terapia com a centella asiatica, 30 crianças, que eram consideradas inaptas, foram capazes de focarem suas tarefas e concentravam-se mais. Dose sugerida: Ingerir como recomendado, usando produtos de potência garantida e padrão.
  • Panax quinquefolium (Ginseng americano): Um estudo com o Ginseng americano evidenciou melhora nos pacientes com DDA. Foi usado o ginseng americano, porém é possível que o mesmo possa ser substituído pelo ginseng coreano. Lyon MR, Cline JC, Zepetnek JT, Shan JJ, Pang P, Benishin C. Effect of the herbal extract combination Panax quinquefolium and Ginkgo biloba on attention-deficit hyperactivity disorder: a pilot study. J Psychiatry Neurosci 2001;26(3):221-8.
  • Pycnogenol: Um estudo realizado com o Pycnogenol em  crianças portadoras de TDAH evidenciou melhora significativa da hiperatividade, atenção e coordenação visual motora, bem como a concentração em crianças. Trebaticka J, Kopasova S, Hradecna Z, Cinovsky K, SKodacek I, Suba J, Muchova J, Zitnanova I, Waczulikova I, Rohdewald P, Kdurackova Z. Treatment of ADHD with French maritime pine bark extract, Pycnogenol. Eur Child Adolesc Psychiatry (2006).
  • Vitamina C com bioflavonóides: Considerado um bom antioxidante, esta vitamina também ajuda a contra-atacar os efeitos do estresse.
  • L-Tirosina, Mucuna pruriens e Rhodiolla Rosea: Ajudam a aumentar os níveis de dopamina, promovendo uma melhora na “vigilância” mental.
  • S-AME (S-adenosilmetiona)
  • Vitamina D3

Outras Terapias de Apoio

  • Terapia com artes: Saídas criativas como pintura com o dedo ou escultura podem ser uma grande ajuda para canalizar a energia e a encorajar satisfação pessoal.
  • Meditação Transcedental: É ensinada por profissionais que foram treinados na Índia. Experiência própria, é a única técnica que conseguiu diminuir minha hiperatividade. Resultados incríveis em mim e em pacientes, principalmente hipertensos e pacientes com transtorno de ansiedade generalizada.
  • Musicoterapia: Um estudo controlado descobriu que ouvir Mozart ajudava crianças com DDA. Rosalie Rebollo Pratt e colegas estudaram 19 crianças com DDA, entre os sete e dezessete anos. Eles tocavam discos de Mozart para as crianças, três vezes por semana, durante sessões de biofeedback de ondas cerebrais. Eles colocavam o 100 Masterpieces, volume 3, que incluía o Concerto para Piano n. º 21 em dó, O Casamento de Fígaro, o Concerto para Flauta n. º 2 em lá, Don Giovannie outros concertos e sonatas. O grupo que ouvia Mozart reduzia sua atividade de ondas cerebrais teta (ondas lentas que são freqüentemente excessivas no DDA) ao ritmo exato do compasso subjacente da música; e exibia melhora de concentração e controle de humor, diminuindo a impulsividade e aumentando a habilidade social. Entre os sujeitos que melhoraram, 70 por cento mantiveram essa melhora seis meses depois do fim do estudo e sem treinamento posterior. (Estas descobertas foram publicadas no International Journal of Arts Medicine, 1995).
  • Biofeedback: O Biofeedback que também é decrito como “método de treinamento psicofisiológico por meio de equipamentos eletrônicos” é uma ferramenta utilizada na pesquisa, treinamento e tratamento clínico de profissionais de instituições de referência mundial. Aspectos como o estresse, padrões de ondas cerebrais, respiração, batimentos cardíacos, tensão muscular, fluxo sanguíneo, temperatura, dentre outros são captados e filtrados. As amostras são convertidas e transmitidas ao paciente em tempo real por meio de equipamentos que treinam estes padrões.

Dr. Frederico Lobo, Goiânia, Goiás – Sou médico, clínico geral e dentro do meu arsenal terapêutico utilizo da medicina tradicional chinesa (acupuntura) e de estratégias ortomoleculares (lembrando que ortomolecular não é especialidade médica ou área de atuação). Busco ter uma abordagem holística/integrativa dos meus pacientes, utilizando tal arsenal. Acredito que todos nós temos o dever de lutar pela restauração do equilíbrio entre o homem e a natureza e para isso, faz-se necessário que a Saúde seja interpretada por uma ótica ecológica (por isso ecologia médica). Não acredito que possa existir saúde sem a integração multidisciplinar entre todos os profissionais da área da saúde, sem educação em saúde (educação é a base de tudo) e muito menos sem respeito pelo ecossistema.

Artigo originalmente publicado no Blog Ecologia Médica e republicado pelo EcoDebate

[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]