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Artigo

Alimentos que nos envenenam: FAÇA-ME O FAVOR! artigo de Américo Canhoto

[EcoDebate] Grande parte das situações que vivemos hoje são difíceis de explicar segundo o raciocínio habitual. Tudo acontece muito rápido e de forma precoce.

Transportado esse fato, para o nosso assunto que é a criança e, seu desenvolvimento psicológico, emocional e físico, pode-se dizer que, vivemos na era da precocidade, tudo acontece muito antes do que há pouco tempo atrás. Isso, será bom ou ruim? Visto com os olhos de antigamente essa situação é muito boa, pois a pressa e a ansiedade de que as coisas aconteçam muito rápido predomina. Não sabemos bem porque, mas se pudéssemos anteciparíamos tudo sem nos importarmos muito com as conseqüências, até que elas apareçam.

O que está ocorrendo com as crianças será precocidade ou envelhecimento rápido?


Crianças apresentando doenças de idosos. Meninas menstruando cada vez mais cedo…, isso sugere que algumas fases do nosso desenvolvimento estão sendo puladas.

Essa questão traz consigo outra: Será que o ganho em tempo e qualidade de vida irá continuar por muito tempo? Ou é possível que o susto seja grande ao constatarmos que, boa parte das crianças de hoje terá dificuldades em atingir a vida adulta, caso nada seja feito para mudar certas tendências e conceitos do estilo de vida em curso. Se nos descuidarmos, pais e filhos podem ser “enterrados” muito próximos no tempo. Os sinais de que isso é bem possível são fortes e a própria OMS já alerta.

Qual será o papel da dieta na constituição desse problema?

A evolução da tecnologia na produção e fabrico de alimentos conduziu-nos a um momento crítico que está a exigir de todas as pessoas alguns questionamentos. Dentre eles: a preservação da saúde, o tratamento das doenças, a cura, a interação do homem com o meio ambiente e a relação de tudo isso com os critérios de alimentação em uso. É lógico e natural que devemos comer para viver mais e com melhor padrão de qualidade.

Desde o princípio dos tempos o acesso ao alimento sempre foi um problema para o desenvolvimento da espécie – outro mais moderno é o que fazer quando há excesso de oferta?

O problema de usar o ato de se alimentar como uma forma de suicídio é mais antigo do que podemos imaginar, vem desde a fase da evolução intermediária, no momento em que começamos a pensar para fazer escolhas e, quando descobrimos que podemos manipular os prazeres e as sensações. Dessa fase em diante, deturpamos alguns instintos conquistados milênio a milênio. Em condições naturais somos os únicos a comer sem fome; motivados pelo prazer sensitivo, gula, ansiedade.

O vício alimentar e os abusos sempre existiram desde os primeiros homens das cavernas, sofrendo algumas modificações em cada Época. Um exemplo famoso: os “vomitórios” da época do Império Romano. Em certas ocasiões, as pessoas se empanturravam de comida e de bebida, depois corriam para essa espécie de banheiro para enfiar o dedo na garganta, provocar o vômito e logo voltar a comer e a beber, e assim sucessivamente, várias vezes. Na verdade, de lá para cá, a coisa não mudou muito, o escabroso vomitório foi substituído por medicamentos para se tomar depois, e até antecedendo os prazeres da mesa. Antes, esse problema não representava um perigo tão urgente como hoje, pois o fluxo dos acontecimentos em nossas vidas capaz de causar conflitos e desequilíbrios emocionais era mais lento e suportável; na atualidade somos forçados a lidar com várias situações ao mesmo tempo, e fatalmente uma ou outra pode funcionar como um gatilho a desencadear doenças. Para complicar o problema da escolha de como devemos nos alimentar, hoje, além dos vícios e dos excessos, temos que neutralizar os venenos usados tanto na agricultura quanto na produção dos alimentos industrializados. Devemos esse novo fator de complicação à chamada modernização da agricultura e da tecnologia de alimentos. Na vontade de aumentar a produtividade cada vez mais para alimentar um número cada vez maior de pessoas, está embutida a idéia de apressar tudo: engordar os bichos o mais rápido possível, forçar o desenvolvimento das plantas com adubos químicos, matar as pragas vegetais e parasitas com venenos. A idéia em si até que não é má; no entanto, um pequeno detalhe foi esquecido: os humanos.

É lógico e natural que, quando se tem um objetivo principal e se focaliza apenas os periféricos, o resultado final é pobre ou agravante de uma situação que se queria evitar. Uma tecnologia de agricultura que visa beneficiar o homem; mas, que atua como se ele não existisse, longe de fazê-lo, ainda, consegue aumentar a fome ou criar a miséria envenenada.

Para tentar solucionar o problema da fome, alguns pequenos detalhes foram esquecidos: a resolução dos problemas do homem sempre envolve aspectos éticos (isso o caracteriza). Se não houvesse tantas pessoas que vivem às custas de atravessar a distribuição dos alimentos. Se o desperdício na comercialização fosse diminuído. E, se cada pessoa comesse apenas o necessário, sobraria alimentos para todos, até mais do que o suficiente; e sem deteriorar o meio ambiente.

No fundo de todas essas buscas, o desejo real não é resolver o problema da fome das pessoas; mas sim, arranjar formas cada vez mais rápidas de ganhar muito dinheiro. Evidente que o faturamento das empresas deve ser levado em conta; pois vivemos numa economia de mercado.

Como conciliar ganho com ética?
É preciso atentar para esse problema: o desenvolvimento tecnológico da indústria de produção, conservação e venda de alimentos contribui de forma decisiva para deteriorar a saúde das pessoas; e de forma não muito ética, já que, em muitos países os consumidores de alimentos industrializados são desrespeitados; pois, desconhecem quais as substâncias que o produto contém e o que elas são capazes de produzir no organismo humano (abdicamos do direito de assumir ou não os riscos das nossas escolhas, ao depositar nos outros a obrigação de fazer isso para nós). A composição química consta dos rótulos; mas em forma de códigos, aos quais, o consumidor não tem livre acesso. O motivo da conivência entre indústria e governo, qualquer pessoa pode deduzir…

Lógico que o problema é complexo; pois, a filosofia que comanda a industria da cura também tem a sua parcela de responsabilidade, fomos todos educados e treinados a acreditar que tudo o que causarmos de agravo ao nosso corpo ou ao dos outros pode ser curado com remédios mágicos.

Na tentativa de proteger as crianças a sociedade como um todo deve discutir o problema. A família e a sociedade não podem se abster; pois, é possível que em breve tempo não haja muito o que fazer.
Desculpas e justificativas tornam-se perigosas sejam as da indústria quanto ao faturamento quanto as da família: isso se deve ao estilo de vida acelerado que adotamos e que não nos dá tempo para pensar nessas coisas; tudo tem que ser muito prático.

No artigo seguinte analisaremos a notícia: A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) vai recorrer á justiça contra a resolução da Anvisa que obriga as empresas do setor a colocar alertas nas propagandas sobre os riscos á saúde do consumo excessivo de alimentos com alta quantidade de açúcar, gordura e sódio…

Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Uso a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.

* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 09/06/2010

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