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Estudo da USP mostra que homens morrem mais que mulheres devido a causas violentas

Devido a mortalidade masculina, população feminina é maior a partir da adolescência
Devido a mortalidade masculina, população feminina é maior a partir da adolescência

No Brasil, nascem mais meninos que meninas. Porém, a partir da adolescência, essa proporção se inverte e aumenta gradativamente a favor das mulheres, terminando, na velhice, com uma proporção de homens bem menor que a de mulheres. Um estudo recente da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP investigou o tema da mortalidade masculina, mostrando que homens morrem mais que mulheres, por várias causas. A maior diferença entre os sexos foi observada nas mortes pelas causas violentas ou causas externas.

A enfermeira Carolina Terra de Moraes Luizaga, autora da pesquisa, observou que os homens estão morrendo mais que as mulheres em praticamente todas as faixas de idade, e revela não haver, no Brasil, um estudo específico sobre o assunto. “Isto já vinha sendo indicado em estatísticas mundiais e em alguns estudos brasileiros, mas não havia estudo específico que descrevesse a tendência da mortalidade no sexo masculino”, destaca.


Os dados analisados na pesquisa foram coletados na internet, provenientes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dos grandes sistemas de informação do Ministério da Saúde, como o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Carolina descreveu a mortalidade masculina, no período de 1979 a 2007, em três capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Ela explica que essas regiões, reconhecidamente, disponibilizam dados válidos e confiáveis.

De um modo geral, os dados mostraram uma diminuição relativa de crianças e jovens na população e um aumento na proporção de idosos. Carolina verificou que nascem cerca de 5% mais meninos do que meninas. “O maior número de homens, manteve-se até os 14 anos de idade, nas capitais paulistana e carioca, e até os 19 anos, em Porto Alegre”, ressalta.

A partir destas idades, o número de mulheres passa a ser maior. E, conforme a idade avança, a proporção de homens diminui cada vez mais, até que, entre os idosos, os dados mostraram uma média de 62 homens para cada 100 mulheres. Carolina explica que “o declínio do número de homens na população está associado à sua maior mortalidade, que chegou a ser 72% maior que a feminina.”

Causas violentas
As causas violentas de morte, também chamadas de causas externas, como as agressões e os acidentes de transporte, foram a primeira causa de morte masculina dos 5 até os 44 anos, em São Paulo e Rio de Janeiro e, dos 5 aos 34 anos, em Porto Alegre. Para se ter uma ideia do impacto destas mortes em homens, com dados de 2005 a 2007, verificou-se que a taxa de mortalidade para a população masculina de 20 a 24 anos variou, nas três capitais, de 166 a 336 mortes para cada cem mil homens.

“Nas idades seguintes, as doenças cardiocirculatórias ficaram em primeiro lugar, acometendo a população masculina em uma velocidade de 260 a 289 mortes para cada 100 mil homens e, em segundo lugar, o câncer, cuja força de mortalidade não passou de 213 mortes para cada 100 mil homens”, explica Carolina.

Os resultados mostraram que os homens são mais vulneráveis do que as mulheres. “Sob o enfoque biológico, pode-se citar a maior predisposição para ocorrência de doenças graves. Do ponto de vista social, o sexo masculino tende a apresentar um comportamento mais arriscado, favorecendo condutas agressivas e a direção perigosa de veículos e ainda consumindo álcool e cigarro com maior frequência do que as mulheres, por exemplo”, esclarece a pesquisadora.

Carolina alerta para a necessidade de uma intervenção urgente na saúde do homem, já que eles estão morrendo cada vez mais e, na maioria das vezes, por causas que podem ser prevenidas e evitadas. “Quando se discute a questão de gênero, o foco da atenção é voltado sempre às mulheres, mas os indicadores de saúde têm mostrado que os homens também requerem atenção e investimentos, baseados em políticas públicas específicas de saúde e voltadas à prevenção das doenças”, conclui a pesquisadora.

O estudo foi apresentado como dissertação de mestrado, em abril de 2010, na FSP. A orientação foi da professora Sabina Léa Davidson Gotlieb.

Reportagem de Paulo Roberto Andrade, da Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 07/07/2010

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