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O País da teimosia: Estamos no ano do Tigre e não em um permanente ano do Rato, artigo de Américo Canhoto

[EcoDebate] O calendário chinês é um recurso interessante para reflexões pessoais, empresariais e políticas.

Existe uma velha lenda Chinesa, revivida nos nossos acordos políticos (conchavos), segundo a qual Buda convidou todos os animais do seu reino para uma reunião em que seriam designados os 12 primeiros animais (siglas políticas são 27 e mais dois em via e mais sei lá quantos a serem criadas) a chegar, como signos de um ano respectivamente. Buda vai prorrogar o chamado para acomodar mais ratos.

Na noite que antecedia o encontro, o Gato falou com o seu companheiro Rato e combinaram que o que acordasse primeiro na manhã seguinte devia acordar o outro para que fossem juntos à reunião.

Contudo, o Rato, na qualidade de rei dos conchavos e das artimanhas políticas, quebrou o seu compromisso com o Gato e chegou ao encontro sozinho, sendo o primeiro a chegar. Depois, seguiu-se o Boi, tigre, o Coelho, o Dragão, a Serpente, o Cavalo, a Carneiro, o Macaco, o Galo, o Cão e, finalmente, o Porco.

Quando o Gato acordou e chegou ao local da reunião, esta já havia terminado. Diz-se que é esta a razão pela qual o Gato mata o Rato – mas, pela sua lerdeza os ratos proliferam em número assombroso enquanto os gatos vivem das sobras da propina (ração política – pois, caçar ratos dá muito trabalho).

Em época de renovação na política é preciso cuidado na escolha; pois, ratos magros (na conta bancária) são mais vorazes do que os ratos gordos (contas bancárias obesas), embora alguns sofram de TOC corruptions rebolations e engordam suas finanças até explodir o sistema.

VIVEMOS NO ANO DO TIGRE

Em teoria; pois hoje até na China nada mais é como antes: 2010 segundo o calendário chinês é o ano do tigre e algumas analogias e considerações podem ser feitas.

Este é um período explosivo. Dá para notar e ainda nem chegamos ao meio dele. Haja ventilador para espalhar tanta caca.

Ano marcado por brigas e desastres de todo tipo – ao que tudo indica do futebol á política; ano dos sem nada; sem título; sem terra; sem vitória na eleição; sem vergonha. Enchentes prá todo lado; desabamentos (menos nas estruturas dos poderosos de plantão); pequenos e grandes terremotos pessoais, coletivos, institucionais e até da crosta terrestre.

Mais, ao mesmo tempo, é um ano grandioso, em que tudo é feito em ampla escala: as coisas boas e as coisas más não serão pequenas. Haja PAC e mais PAC e pré-sal e coisas e tal.

Algumas pessoas farão grandes fortunas, pois as comissões serão grandiosas; outras perderão tudo; das licitações á vida.

Não é um ano bom para especulações, elas podem voltar-se contra você; invista sua grana bem lavadinha em ouro, prata ou passe de jogador em baixa para revender após a convocação para copa.

Não aja por impulso; se andar no embalo vai engravidar encrenca; os resultados poderão ser drásticos e pode abortar suas oportunidades futuras.

Ano difícil para cultivar a diplomacia – vai ser um ano de soltar os cachorros; mesmo não sendo um ano do cão.

No entanto, é possível trazer nova vida a coisas; que se julgavam perdidas. Muita gente recuperará a credibilidade. Outros voltarão a jogar bem. A justiça vai condenar pela primeira vez na história um político corrupto em pleno gozo de seus direitos.

Neste ano haverá muitas mudanças: é preciso trabalhar em equipe, colaborando e confiando uns nos outros para obter resultados viáveis. Nada de craques que se acham os donos do time. É hora dos conchavos e dos conluios para quem já perdeu a vergonha faz tempo – para os outros é hora de suar a camisa e passar a bola para o companheiro.

O tigre costuma atacar sem pensar e nós agimos da mesma maneira, o que provoca arrependimentos depois. Mesmo com seus aspectos negativos, o ano do tigre provocará uma catarse, fazendo surgir o que há de melhor em nós; mas, antes disso, é melhor tapar o nariz.

O mais imperativo de tudo: não se deixe abater pelo mau humor que tornará as coisas piores do que já são. Cultive a alegria; invente seu carnaval temporão toda semana. No segundo semestre as coisas melhoram; veja no calendário quantos feriadões prá emendar. Mantenha a calma e no final verá que o ano foi produtivo, caloroso, divertido e até mesmo afortunado. Sempre há males que podem vir para bem – cuidado para não rir da desgraça dos outros; pois você também poderá ser incluído no rol dos sem.

Cuide para não envolver-se demais nos assuntos românticos, você poderá ser tudo, menos indiferente às coisas que lhe acontecem, em geral, provocados por você mesmo. Quem procura acha e o tigre não é um animal de chifres.

Por ser o ano do tigre de metal, as pessoas procurarão projetar uma imagem fascinante e irão cultivar uma personalidade que chamará a atenção. Mas, todo cuidado é pouco; pois o diabo veste Prada, bebe champanhe e freqüenta os melhores resorts – mas, há diabos e diabos; outros vestem genéricos made in china via Paraguai; bebem cachaça e tomam todas as cervejas.

Mas, quando inventaram o calendário chinês, esqueceram de fazer um adendo para nossa cultura e povo – e não avisaram que todo ano deve mudar o bicho (via eleições). Lá na terra deles há a filosofia e a prática do xantoísmo, budismo, etc. Mas, nós aqui num estilo cover filosófico nos tornamos adeptos do Continuísmo; daí nós elegemos o Rato como nosso padroeiro e semideus.

Teimamos em viver num eterno ano do Rato; especialmente em torno do Poder. Claro que é antiecológico e antiético eliminar qualquer ser vivente; mas talvez pela falta de predadores; pois os gatos chefe se aliaram aos ratos será preciso criar mecanismos de desratização – a voz do povo é uma torre de babel (baboseiras mil); CPIs já provaram que são inócuas contra a ratalhada; uma esperança seria o projeto ficha limpa; mas, parece que os ratos já estão adaptando seu DNA para sobreviverem.

O prejuízo que causam á nação é imenso – parafraseando: ou o Brasil acaba com os ratos ou os ratos acabam com o Brasil.

Fonte Uol, Escrito por Josias de Souza às 04h46

“ Fiesp: corrupção custa ao país R$ 69 bilhões por ano

A Fiesp levou à página que mantém na web um estudo feito pelo seu Departamento de Competitividade e Tecnologia. Chama-se “Corrupção: custos econômicos e propostas de combate”.

No pedaço em que estima o preço dos malfeitos, o documento traça dois cenários. Um, mais realista, aproxima o Brasil de países que combatem a corrupção com rigor. Outro, utópico, considera um quadro em que a corrupção tenderia a zero.

Na primeira cena, o país deixaria de gastar em subornos e propinas R$ 41,5 bilhões por ano. Coisa de 1,38% do PIB. Na segunda, seriam poupados R$ 69,1 bilhões. Ou 2,3% do PIB.

Como corrupção zero é coisa que só existe em estudo e em sonho, o documento concentra-se no cenário possível, aquele em que a corrupção despeja no ralo dos descaminhos R$ 41,5 bilhões. A Fiesp esmiúça a cifra.

Informa que equivale a 60,2% de todo o dinheiro que o setor público (excluindo-se as estatais) aplicou em investimentos no ano de 2008. Representa 27% do gasto anual com educação…

…Corresponde a cerca de 40% do orçamento da saúde pública. Mais: os R$ 41,5 bilhões da corrupção superam tudo o que a União e os Estados gastaram com segurança pública no ano de 2008: R$ 39,52 bilhões.

Detalhista, o estudo relaciona o custo das propinas a providências que o governo deixa de adotar. Anota, por exemplo, que o PAC destinou à rubrica “habitação” R$ 55,9 bilhões. Com esse dinheiro, o governo espera prover moradia a 3,96 famílias.

Diz o estudo: “Utilizando o custo médio anual da corrupção (R$ 41,5 bilhões) para construção das habitações, temos que 2,94 milhões de famílias poderiam ser atendidas, ou seja, 74% das famílias previstas pelo PAC”.

Noutro exemplo, o documento da Fiesp escreve que o PAC destinou R$ 33,4 bilhões à construção de 45,3 mil quilômetros de rodovias. E conclui: aplicando-se o dinheiro da corrupção em asfalto, “seria possível construir 56,3 mil quilômetros, isto é, todos os projetos do PAC e ainda sobrariam mais 11 mil quilômetros.

O documento também afirma que, no período entre 1990 e 2008, a média do PIB per capita do País era de US$ 7.954. E anota que, se o Brasil estivesse entre os países menos corruptos, esse valor subiria para US$ 9.184. Um aumento de 15,5% na média do período -1,36% ao ano.

Na Educação, diz a Fiesp, o dinheiro da corrupção daria para bancar a elevação do número matrículas na rede pública de ensino fundamental de 34,5 milhões para 51 milhões de alunos. Iriam aos bancos escolares mais 16 milhões de jovens.

Na saúde, a grana dos malfeitos seria suficiente para aumentar o número de leitos para internação no SUS em 89% – 327.012 camas hospitalares a mais. Em saneamento, os recursos desviados levariam esgoto a 23,3 milhões de casas –acréscimo de 103,8% em relação ao que está previsto no PAC.

Em infraestrutura, livrando-se dos desvios, o Brasil teria 13.230 quilômetros adicionais de ferrovias. Ou 184 novos portos. Ou 277 novos aeroportos.

No pedaço do documento dedicado às “propostas de combate à corrupção”, a Fiesp oferece uma agenda dividida em dois tópicos: reformas institucionais e reformas econômicas.

No rol de providências institucionais, inclui: reforma política, reforma do sistema judiciário e reforma administrativa (eliminação de cargos de confiança, reduzindo o espaço para barganhas e pedidos de propinas).

Na lista de medidas econômicas, relaciona: reforma fiscal, reforma tributária e reformas microeconômicas (entre elas o fortalecimento das agências reguladoras, dotando-as de independência e autonomia real).

Beleza. Mas o estudo da Fiesp sonega à platéia o essencial. Deixa de mencionar o papel do empresariado no jogo da corrupção. Não é novidade que, em Brasília, tudo está à venda. Excetuando-se a mãe, que não tem valor de mercado, vende-se de emendas ao Orçamento à honra pessoal.

Quem desce a Esplanada, rumo à Praça dos Três Poderes, ouve o tilintar de verbas. Se há o balcão, existe demanda. Os compradores de facilidades são, porém, invisíveis. E não há quem queira identificá-los. Muito menos a Fiesp.

Só de raro em raro, numa ação fortuita do Ministério Público e da Polícia Federal, joga-se um facho de luz sobre um ou outro corruptor. O empresariado reclama do chamado “custo Brasil”. Queixa-se dos portos ineficientes, das estradas esburacadas, da burocracia governamental, disso e daquilo.

Mas cultiva um estrepitoso silêncio em relação ao “custo pilhagem”, que inclui, além de propinas e de financiamentos eleitorais obscuros, a sonegação descarada de impostos.

Sustenta-se há décadas o conveniente discurso de que o Estado é o grande vilão do descaminho do empreendimento brasileiro. O que a Fiesp se exime de dizer é que, do outro lado do balcão de malfeitorias, encontra-se a mão do empresariado. Sem ela, não haveria corrupção.

AGORA É NÓIS:

Deixando de lado as cobras, lagartos, baratas e ratos – usando nossa (E)vidência (um tiquinho de raciocínio); podemos afirmar com grande possibilidade de acerto que estamos na trilogia da vaca
2010 – ano das vacas gordas; dinheiro a rodo por conta dos poderosos de plantão – ano de eleição e de copa e outros bichos.
2011 – ano de vacas magras; pois grana não nasce em árvores e a galinha dos ovos de ouro (contribuinte) está depenada e anêmica.
2012 – ano da vaca foi pro brejo; ano dos sem tudo…

Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Uso a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.

* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 19/05/2010

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7 thoughts on “O País da teimosia: Estamos no ano do Tigre e não em um permanente ano do Rato, artigo de Américo Canhoto

  • O pior será o rodízio do rato com a ratazana…
    Teremos novos Belo Monte com encenações de audiências públicas, dizimando povos ribeirinhos e indígenas, mais transposição de rios como o Velho Chico para irrigar fazendas dos donos do Brasil – e seus filhinhos “fenômenos”, aumentando a penúria dos povos que vivem dos rios, a entrega de vastas terras de nosso país aos chineses, indonésios, coreanos e outros (já iniciada nos anos do Rato), e novos recordes de desmatamento, tendo sido o primeiro conquistado no primeiro quadriênio (2003 a 2006) de reinado do Rato.

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