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RJ: Instituto Oswaldo Cruz (IOC) aponta presença de rotavírus na Lagoa Rodrigo de Freitas

Uma pesquisa sobre a qualidade da água da Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro, revelou a presença de vírus responsáveis por gastroenterite viral. O rotavírus e o novírus, presentes na água analisada, provocam quadros de diarreia e vômito. A lagoa é usada para o lazer por milhares de pessoas.

O problema só foi identificado porque o levantamento do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fiocruz, não se limitou a uma análise bacteriológica, e fez um estudo mais aprofundado sobre a presença de vírus na água. Caso contrário, a água teria sido considerada própria para o lazer.

Esse tipo de pesquisa ainda é raro no país, apesar de sua importância na prevenção de doenças e mortalidade. O rotavírus, por exemplo, mata uma criança a cada seis minutos, por dia, em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde.

No Brasil, atualmente, além do Laboratório do IOC, no Rio de Janeiro, apenas o laboratório público de São Paulo e o instituto ligado à Universidade Federal de Santa Catarina detêm a metodologia de avaliação da presença de vírus no ambiente, em alimentos, ou em superfícies e águas de consumo, recreacionais ou de reuso.

O debate sobre essas pesquisas reúne no Rio de Janeiro, pela primeira vez, especialistas de várias partes do mundo. Os pesquisadores não questionam o maior grau de relevância desse tipo de levantamento, mas alertam para a necessidade de reunir os conhecimentos para garantir condições de saúde da população no que depende de contato com os recursos hídricos.

Os vírus presentes na água podem provocar, além dos surtos de gastroenterites, problemas mais graves como hepatite A e meningite. Quando um surto de um desses males é registrado, o Ministério da Saúde aciona o Instituto Oswaldo Cruz que analisa, por exemplo, a água da região afetada e dos alimentos.

“A vigilância em saúde ambiental é uma ação preventiva. Se a gente consegue fazer a vigilância da água e ver a qualidade dessa água e se há algum contaminante, se algum vírus está presente, a gente pode tomar uma ação corretiva e evitar casos de diarreia e outras doenças de veiculação hídrica”, explicou a química Simone Sabbag, do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde.

Uma das questões que mais preocupam os especialistas esbarra no impasse entre o debate ambiental e econômico e a saúde pública. O reuso de águas originadas de Estações de Tratamento pela agricultura, por exemplo, para irrigação de alimentos pode significar um alto risco para a população e para os animais. Para José Paulo Leite, chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do Instituto Oswaldo Cruz, responsável pelas pesquisas na área, essa é uma tecnologia importante, mas deve ser pensada com uma análise mais ampla.

“Estamos mostrando que as autoridades também tem que se preocupar não somente com os índices bacteriológicos dessa água mas também com os índices virológicos. É importante o reuso, sim, mas com qualidade. [Caso contrário] o preço pode ser pago pela população porque pensamos que estamos utilizando o recurso de reuso de uma água com qualidade bacteriológica adequada, porém não está em condições virológicas adequada”, alertou José Paulo Leite.

Durante o encontro, o pesquisador do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, Jan Vingé, apresentou um novo método de detecção de vírus em amostras de água, mais barato e tão eficaz quanto os disponíveis hoje. Os pesquisadores do IOC (Fiocruz), que atuam nessas pesquisas há pelo menos sete anos, garantem que o trabalho brasileiro está no mesmo nível dos estudos desenvolvido hoje no CDC e em países europeus.

Do lado europeu, a pesquisadora Rosina Gironés, da Universidade da Barcelona (Espanha), reconheceu a importância das pesquisas brasileiras. Rosina destacou a tradição e a contribuição desse material para outros países, lembrando que os vírus não aparecem em lugares pré-determinados e específicos. A pesquisadora também lembrou que a sociedade precisa participar desse debate.

“É importante levar isso para a sociedade porque o controle da qualidade da água é muito importante. [Esse controle] vai economizar vidas, custos econômicos e facilitar o desenvolvimento. As pessoas não estão muito conscientes, mas as intervenções na melhoria da qualidade da água têm uma repercussão global”, disse Rosina Gironés.

Reportagem de Carolina Gonçalves, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 06/05/2010

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