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Contaminação por necrochorume afeta subsolo de cemitérios em São Paulo

Líquido da decomposição de cadáveres se infiltra nos terrenos e pode até mesmo atingir lençol freático; MP tem cobrado explicações.

O subsolo de dois grandes cemitérios de São Paulo, Vila Formosa, na zona leste, e Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte, está contaminado por necrochorume, líquido que vaza na decomposição dos cadáveres. Esse líquido começa a ser eliminado após um ano da morte e pode transmitir doenças, dada a sua perigosa carga biológica, de vírus e bactérias.

Em geral, cada corpo produz diariamente 200 mililitros de necrochorume, por pelo menos seis meses. Trata-se de um escoamento viscoso, acinzentado, e que, com a chuva, pode atingir o lençol de água subterrânea de pequena profundidade e outras regiões próximas aos cemitérios. Reportagem de Eduardo Reina, O Estado de S.Paulo.

De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), ligada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, as áreas onde estão os cemitérios de Vila Formosa e Vila Nova Cachoeirinha estão classificadas como suspeitas de contaminação desde 2006. A Cetesb aguarda que o Serviço Funerário Municipal envie estudos complementares para confirmar essa suspeita e o grau de contaminação.

A decomposição que provoca o vazamento do líquido chamado necrochorume começa cerca de 30 dias após o enterro. O necrochorume é formado por 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas, duas delas altamente tóxicas: a putrescina e a cadaverina. Os micro-organismos liberados na decomposição dos corpos podem transmitir doenças por meio de contato com água contaminada ou ingestão dela. Entre as enfermidades, estão hepatite A, tuberculose e escarlatina.

Infiltração. Na Vila Formosa e na Vila Nova Cachoeirinha, o líquido que vazou da decomposição de corpos para o solo se infiltrou na terra até chegar ao lençol freático e contaminá-lo com bactérias e vírus, principalmente em camadas superficiais. Estudos pedidos pela Cetesb e pelo Ministério Público é que determinarão quais são os agentes contaminantes.

O Serviço Funerário informou que os sepultamentos não são feitos em áreas com lençol freático raso, na Vila Formosa e Vila Nova Cachoeirinha. Mas admite a possibilidade de contaminação do solo, por isso deverá fazer estudos. A autarquia alega que não há contaminação de terrenos vizinhos aos dois cemitérios e tampouco casos semelhantes em outras regiões da cidade.

“O Serviço Funerário do Município de São Paulo já iniciou a elaboração técnica do edital para a contratação de empresa que irá realizar a análise do solo dos dois cemitérios, em conjunto com Cetesb e Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Até o fim do semestre, o Serviço Funerário vai iniciar esses trabalhos”, diz nota enviada pela Prefeitura.

Processo parado. Entretanto, processo para contratação de empresa para elaborar laudo sobre as condições ambientais dos dois cemitérios está aberto desde 2007. O processo para realização da licitação está parado desde 5 de novembro de 2009.

A demora levou a promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual a cobrar agilidade. Em 1.º de março foi enviado ofício pedindo a reinstalação de poços de monitoramento do subsolo e coleta de amostras químicas e físicas em Vila Formosa e Vila Nova Cachoeirinha.

“O Serviço Funerário chegou a fazer investigação do solo em 2008, mas, durante os trabalhos, normas técnicas foram alteradas, o que criou a necessidade de novas investigações”, defende-se a Prefeitura. “Até o fim desta, não há como determinar ou especificar eventuais contaminantes.”

”O ideal seria cremar os corpos, é a solução sanitária para isso”
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100405/not_imp533763,0.php

ENTREVISTA
Lezíro Marques Silva
GEÓLOGO, MESTRE EM ENGENHARIA SANITÁRIA

Há alguma lei que determine prazo para que cemitérios façam o controle do subsolo e de possíveis contaminações?

Os cemitérios têm até 31 de dezembro para se adequar à Resolução n.º 335 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que trata de dispositivos de segurança para monitorar o lençol freático. Há em vigência o Código Sanitário do Estado de São Paulo, normas e outras resoluções sobre o assunto. Mas cemitérios e poluição sempre foram assunto deixado de lado.

Há muitos cemitérios que poluem o solo com o necrochorume?

Cerca de 75% deles têm problemas de poluição ambiental e sanitária.

A poluição em Vila Formosa e em Vila Nova Cachoeirinha é grande?

Sim. Cada cadáver verte cerca de 200 mililitros de necrochorume por dia, que, se escaparem da sepultura, penetram no solo. Há alta carga tóxica e microbiológica, com vírus e bactérias. É só multiplicar o volume pelo número de sepulturas.

Há solução para evitar o vazamento desse líquido?

O ideal seria cremar os corpos. É a solução sanitária. Como não se pode impermeabilizar o fundo da sepultura, porque é preciso a troca de gases para ajudar na decomposição, pode-se usar um colchonete com um produto chamado necroblendas, que absorve o necrochorume. Também podem-se colocar saquinhos com esse produto, já fabricado em São Paulo e bastante utilizado na Europa, dentro do caixão antes do sepultamento.

E para o solo já contaminado?

Fazem-se furos no solo e injeta-se solução aquosa, o necroxidante, que vai lavando o caminho no subsolo e desinfeta. Antigamente se usava cal virgem. / E.R.

EcoDebate, 06/04/2010

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8 thoughts on “Contaminação por necrochorume afeta subsolo de cemitérios em São Paulo

  • Gostaria de receber informações sobre a possibilidade de contaminação por radiação do necrochorume em sepultamentos de indivíduos submetidos a tratamentos de radioterapia e quimioterapia

    Resposta do EcoDebate: De acordo com a Comissão Nacional de Energia Nuclear : “Uma pessoa ou objeto irradiado não guarda, em seu corpo, qualquer propriedade radioativa que possa ser transmitida. Assim, uma pessoa que faz tratamento com radioterapia ou fez radiografias, foi irradiada, mas não passa essa radiação para outra pessoa.”

    Assim sendo, não há risco de contaminação radioativa do necrochorume em razão do sepultamento de indivíduos submetidos a tratamentos de radioterapia e quimioterapia.

  • Tema polêmico CEMITÉRIOS: MITOS X VERDADES X INTERESSES COMERCIAS…

    Os cemitérios contaminam?

    Como sempre, a resposta é DEPENDE…

    TUDO DEPENDE DA GESTÃO.

    Não existem trabalhos REALMENTE científicos, com medições técnicas reais sobre essa problemática;

    Não existe um projeto científico comprovado. O que temos em muitos trabalhos são deduções pouco acadêmicas e sem nenhum embasamento científico concreto e correto.

    Deparamos com empresas que, por interesses comerciais, querem provar que um sepultamento pode comprometer a qualidade das águas de um lençol freático para poder a “solução” que seria o tal envólucro mortuário.

    Apresentam um problema para oferecerem a solução baseados em “achismos direcionados” que se apresentam com base em dados totalmente inadequados.

    Realmente, qualquer coisa pode contaminar qualquer outra coisa mas, está muitíssimo distante, por exemplo, a contaminação de um lençol freático por chumbo, apenas porque o corpo de um trabalhador, supostamente contaminado com chumbo, foi enterrado em um determinado cemitério.

    De acordo com a Resolução CONAMA 335 de 2003 (RESOLUÇÃO DO CONAMA – 335, DE 3 DE ABRIL DE 2003 – Dispõe sobre o licenciamento ambiental de cemitérios), todos os cemitérios criados posterior a 2003 tem que ser licenciado de acordo coma Resolução CONAMA 335.

    Para os cemitérios existentes, anteriores a 2003, a Resolução CONAMA 402 prevê a criação de diretrizes locais para o licenciamento OBRIGATÓRIO para adequação até dezembro de 2010.

    “MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA – RESOLUÇÃO No 402, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2008.

    Altera os artigos 11 e 12 da Resolução nº 335, de 3 de abril de 2003.

    resolve:

    Art. 1º Os artigos 11 e 12 da Resolução nº 335, de 3 de abril de 2003, passam a vigorar

    com a seguinte redação:

    Art. 11. Os órgãos estaduais e municipais de meio ambiente deverão

    estabelecer até dezembro de 2010 critérios para adequação dos cemitérios existentes em

    abril de 2003.

    Art. 12. O Plano de Encerramento das atividades deverá constar do processo

    de licenciamento ambiental, nele incluindo medidas de recuperação da área atingida e

    indenização de possíveis vítimas.

    A Cidade de São Paulo, já tem sua legislação pela qual os cemitérios devem se basear para obter seu licenciamento

    A entrevista abaixo contém inúmeras inconformidades, inclusive, de ordem técnico – científicas que, acreditamos devam ser esclarecidas, vez por todas.

    ENTREVISTA
    Lezíro Marques Silva
    GEÓLOGO, MESTRE EM ENGENHARIA SANITÁRIA

    Há alguma lei que determine prazo para que cemitérios façam o controle do subsolo e de possíveis contaminações?

    Os cemitérios têm até 31 de dezembro para se adequar à Resolução n.º 335 do Conama – (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que trata de dispositivos de segurança para monitorar o lençol freático. Há em vigência o Código Sanitário do Estado de São Paulo, normas e outras resoluções sobre o assunto. Mas cemitérios e poluição sempre foram assunto deixado de lado.

    ***ATÉ 31 DE DEZEMBRO É O PRAZO PARA ADEQUAÇÃO AO CONAMA 335 PARA ESTABELECIMENTOS (CEMITÉRIOS) CONSTRUIDOS APÓS 2003 E, PARA OS ANTERIORES, DEVEM ESTAR PAUTADOS NA RESOLUÇÃO CONAMA 402

    Há muitos cemitérios que poluem o solo com o necrochorume?

    Cerca de 75% deles têm problemas de poluição ambiental e sanitária.

    A poluição em Vila Formosa e em Vila Nova Cachoeirinha é grande?

    Sim. Cada cadáver verte cerca de 200 mililitros de necrochorume por dia, que, se escaparem da sepultura, penetram no solo. Há alta carga tóxica e microbiológica, com vírus e bactérias. É só multiplicar o volume pelo número de sepulturas.

    · O QUE QUER DIZER ESCAPAR DA SEPULTARA?

    · O QUE É ALTA CARGA TÓXICA E MICROBIOLÓGICA?

    · QUAL O ESTUDO DE {PERMEABILIDADE DE SOLO X SUPERFÍCIE X VAZÃO X VISCOSIDADE} X DIAS PARA SE CHEGAR A UM CONSENSO SOBRE INFLITRAÇÃO NO SOLO?

    · QUE COMPONENTES BIOLÓGICOS EXISTEM EM UM NECROCHORUME?

    · QUAL O ENTENDIMENTO QUE O REFERIDO AUTOR TEM SOBRE AS BACTÉRIAS NITRIFICANTES DO SOLO E SUA INTERAÇÃO NO CILCO NATURAL DO NITROGÊNIO?

    Há solução para evitar o vazamento desse líquido?

    · A SOLUÇÃO NÃO ESTÁ EM COLOCAR ABSORVENTES MAS SIM, COMO EM TODA EMPRESA, EM TODO SITEMA, A SOLUÇÃO É A GESTÃO CORRETA DO EMPREENDIMENTO, NÃO ESTÁ NA UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS “ DITOS” PREVENTIVOS

    · MESMO COM ABSORVENTES, BANDAGENS OU QUALQUER OUTRIO MATERIAL, SE O LOCAL ESTIVER CONTAMINADO E MAL ADMINISTRADO, TUDO SERÁ INÚTIL E A CONTAMINAÇÃO SANITÁRIA SERÁ NÃO PELO NECROCHORUME MAS SIM, PELOS VETORES LOCAIS CONTAMINANTES.

    O ideal seria cremar os corpos. É a solução sanitária. Como não se pode impermeabilizar o fundo da sepultura, porque é preciso a troca de gases para ajudar na decomposição, pode-se usar um colchonete com um produto chamado necroblendas, que absorve o necrochorume. Também podem-se colocar saquinhos com esse produto, já fabricado em São Paulo e bastante utilizado na Europa, dentro do caixão antes do sepultamento.

    · O QUE É NECROBLENDAS? QUEM FABRICA?

    · O QUE É FEITO COM ISSO DEPOIS NA EXUMAÇÃO?

    E para o solo já contaminado?

    · SOLO CONTAMINADO COM O QUE?????

    · O QUE É SOLUÇÃO NECROXIDANTE? QUAL SUA COMPOSIÇÃO E QUAL SUA FINALIDADE CIENTÍFICA?

    Fazem-se furos no solo e injeta-se solução aquosa, o necroxidante, que vai lavando o caminho no subsolo e desinfeta. Antigamente se usava cal virgem. / E.R.

    EcoDebate, 06/04/2010

    Acreditamos que todos tenham direito a fazer comerciais e propagandas de seus produtos SEM, CONTUDO, USAR DE SUBSÍDIOS ERRÔNEOS E/OU ENGANOSOS, TENDENCIOSOS

    Célia Wada

  • adorei o site, gostaria de ser incluída no Boletim Diário.

    Resposta do EcoDebate:

    Prezada Celeste,

    Gostaríamos de atende-lo mas nosso sistema anti-spam é bastante rigoroso, apenas permitindo a inclusão direta do próprio destinatário.

    Para tanto, você deve ter a iniciativa de acessar a página http://www.ecodebate.com.br/boletim-diario/ e incluir o e-mail. O mesmo campo de inclusão consta ao final de todas as notícias/artigos publicados. Em seguida receberá um e-mail pedindo que confirme a inscrição. Isto ocorre exatamente para impedir a inclusão indevida.

    Pedimos sua compreensão, mas combater a ‘indústria de spam’ exige cuidados adicionais.

    Grato,

    Henrique Cortez
    coordenador do portal EcoDebate

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