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Leucemia: nova terapia possibilita uso de células-tronco do cordão umbilical para substituição da medula óssea doente

Leucemia: novo tratamento possibilita o uso de células-tronco do cordão umbilical para a substituição da medula óssea doente
Infográfico do Correio Braziliense. Para acessar o infográfico no seu tamanho original clique aqui.

Esperança viva – Cientistas norte-americanos anunciam nova terapia para o tratamento da leucemia.

Uma nova pesquisa traz esperança para os pacientes com leucemia, um dos tipos mais comuns de câncer, que só neste ano deve atingir mais de 10 mil brasileiros. Cientistas do Centro de Pesquisa em Câncer Fred Hutchinson, de Seattle, nos Estados Unidos, anunciaram ter conseguido desenvolver uma nova terapia para a doença. O novo tratamento utiliza células-tronco do cordão umbilical para substituir a medula óssea doente. A técnica poderia acabar com a dificuldade de se encontrar doadores compatíveis.

Segundo o estudo, o uso de células-tronco na substituição da medula óssea já é pesquisado e utilizado mundialmente desde a década de 1990. No entanto, o que impedia que a terapia fosse utilizada em todos os pacientes era a quantidade de células. “Num cordão umbilical estão presentes apenas metade das células necessárias para o tratamento de um adulto. Por isso, até hoje esse tipo de terapia era utilizada normalmente em crianças, que necessitam de menos células”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, Cármino Antônio de Souza. Reportagem do Correio Braziliense.

O trunfo dos pesquisadores norte-americanos está em uma proteína cujo nome não foi revelado. Segundo eles, submeter a pequena quantidade de células-tronco do cordão umbilical a um meio de cultura com grandes quantidades dessa proteína fez com que a quantidade de células crescesse 150 vezes, atingindo um patamar mais do que suficiente para o transplante, inclusive em pessoas adultas.

A terapia já foi testada em seres humanos. Dos dez pacientes que receberam as células multiplicadas em laboratório, sete não apresentaram qualquer traço de leucemia, sendo considerados clinicamente curados pelos médicos. Agora, os pesquisadores pretendem repetir os testes em grupos maiores de doentes, para verificar se os resultados vão ser os mesmos e se a terapia ainda precisa ser aprimorada.

A descoberta deve revolucionar o tratamento da leucemia por resolver um dos maiores problemas encontrados pelos pacientes que necessitam de transfusão de medula óssea: a compatibilidade. As chances de encontrar um doador na própria família são baixas, e fora dela, menores ainda (ver infografia), por isso o desenvolvimento de soluções que não estejam vinculadas à compatibilidade é tão importante. “As famílias brasileiras estão cada vez menores, as pessoas têm cada vez menos irmãos, que são responsáveis pela maioria das doações de medula, por isso achar uma alternativa é essencial”, explica Cármino Antonio de Souza.

Em 2002, o empresário Eduardo Marafanti, hoje com 61 anos, vencia uma batalha contra a leucemia. Quando o exame mostrou que as células leucêmicas já haviam quase desaparecido de seu corpo, Eduardo tomou uma decisão: resolveu congelar parte de sua medula, agora saudável, para se um dia a doença voltasse. Fez bem, já que, cinco anos depois, em 2005, a doença reapareceu com mais força, e foram estas células que ajudaram a salvar a sua vida. Eduardo narra sua história no livro A vida não tem preço. “Eu tive sorte, mas experiências como a minha são raras, pouquíssimas pessoas têm a oportunidade de congelar sua própria medula”, conta. “Para a maioria dessas pessoas, só resta recorrer aos bancos de medula, onde a chance de encontrar um doador compatível é menor do que a de ganhar na loteria”, lamenta Eduardo, que, depois de curado, ajudou a fundar a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), instituição que dá apoio e orientação para quem tem a doença.

Apesar de promissora, os especialistas alertam que ainda existe um longo caminho antes que a nova terapia substitua os transplantes tradicionais. De acordo com a diretora do banco de sangue e cordão e do serviço de transfusão de sangue da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ângela Cristina Malheiros Luzo, o melhor tratamento ainda é com a medula óssea. “A alternativa com células-tronco ainda é experimental, e foi feita com um grupo muito reduzido de pacientes. Pode demorar anos para esse tratamento chegar aos consultórios”, afirma.

Para ela, o investimento nos bancos de medula é a saída para ampliar a quantidade de pacientes beneficiados pelos transplantes. “Nossos bancos ainda são muito pequenos; as pessoas precisam se conscientizar e se cadastrar para doar a medula. Quanto maior for a nossa base de doadores, maior será a possibilidade de encontrarmos alguém compatível”, explica a hemoterapeuta paulista.

Para saber mais

Bancos e doações

Os bancos de doação de medula são responsabilidade dos hemocentros estaduais. São eles os responsáveis por gerenciar os cadastros de doadores. Os interessados em se tornar doadores devem se dirigir a um desses hemocentros. Uma amostra de sangue será recolhida e os traços de compatibilidade serão analisados e enviados para o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Toda vez que algum paciente precisar de uma doação, o Redome é consultado; encontrando alguém compatível, esta pessoa é convocada para fazer exames mais detalhados e comprovar esta compatibilidade para, só então, o transplante de medula ser marcado. O Redome é interligado com outros bancos internacionais, possibilitando o acesso de pacientes de várias partes do mundo.

EcoDebate, 01/02/2010

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