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Artigo

Acorda, Gente! artigo de Maurício Gomide Martins

[EcoDebate] É generalizada a dúvida sobre se as atividades humanas estão degradando o nosso meio ambiente, isto é, a atmosfera, as águas, as terras, com conseqüências diversas advindas do desequilíbrio entre as partes, que são interdependentes. Não vamos dizer que sim nem que não. Entendemos que cada humano deve fazer análise dos fatos e tirar suas próprias conclusões. Devemos extrair da ciência as informações que ela tem condições de nos fornecer, nunca as opiniões de seus profissionais, pois em geral são elas conflitantes e carregam índoles humanas.

Recentemente um geneticista sul-coreano confessou que falseou informes científicos sobre clonagem para ficar em evidência perante o mundo. É célebre a farsa forjada por dois cientistas paleontólogos ingleses, apresentando o elo perdido dos humanos com o crânio de “homem de Piltdown”.

Em tempos passados, qualquer dúvida era aclarada pela palavra divina, proferida pelos sacerdotes. Em tempos mais recentes firmou-se a convicção de que a ciência explica tudo. E o prestígio dos cientistas elevou-se no conceito coletivo, adquirindo foros de conhecedores das realidades. Tornou-se conceito universal de que tudo o que procedia da ciência era verdadeiro. Ainda hoje, na falta de outra referência, explicam-se os fatos com os conhecimentos científicos.

Essa fonte de certezas começou a ser abalada em 1905 com a Lei da Relatividade, de Einstein, abrindo um palco até então não imaginado e contrariando algumas verdades da física newtoniana. Recentemente, aquela se viu abalada pelas insuspeitadas descobertas da Mecânica Quântica.

Entendemos que devemos enxergar o planeta como um todo, sem nos atermos a suas partes. Ele é um conjunto em constante busca de equilíbrio e as inter-relações de seus componentes naturais são muito frágeis. Para melhor entendimento, devemos lembrar que o mundo não foi sempre assim. Há 3,7 bilhões de anos, surgiram os primeiros seres vivos e viviam numa atmosfera prevalente de metano. Eram bactérias anaeróbias que nas suas ações metabolizantes desprendiam oxigênio. Sua quantidade foi tão grande e por tanto tempo que nos brindou essa quantidade enorme de oxigênio, propiciando aos humanos essa civilização atual.

Pelo raciocínio lógico, podemos perfeitamente deduzir para onde caminha a humanidade. Pero Vaz Caminha, ao descrever ao rei o que encontraram os portugueses na Terra Nova, disse que realmente existia o paraíso descrito pela bíblia, e que ela estava nessas terras. Hoje, podemos ver que “paraíso” temos.

Diz-nos a razão que tudo tem seu limite. A população mundial cresce sem parar; até na China que, apesar da restrição para procriação de um filho por casal, tem registrado aumento significativo. A tecnologia médica trabalha para prolongar a vida das pessoas. Agora estão no caminho de mais produção de humanos pela clonagem de células-tronco. As fábricas de automóveis produzem veículos, mas não fabricam estradas e ruas. E vai por ai. A população cresce sem parar e o planeta é o mesmo. O câncer em um corpo tem progresso, desenvolvimento, e sabemos onde o corpo vai parar. Nada neste mundo vai indo sem parar. Cabe à humanidade, conscientizada agora desse absurdo a que nos jogou a civilização materialista – baseada na ganância –, estabelecer um novo contrato social, compatível com os limites aludidos.

Nossa posição, no caso, se baseia na longa vivência na qual sempre observamos, obtivemos informações, lemos e meditamos, para afinal deduzir que o procedimento moderno está corroendo nosso ambiente. Além do exercício profissional e social a que fomos levados pela cultura vigente, passamos vinte anos no ambiente rural, em contato direto com a natureza. Observando e refletindo. Nossa dedicação ao ambientalismo não é gratuita. É um sentimento de consciência da espécie a que pertencemos. Ao perceber o perigo iminente, pegamos a lanterna vermelha e ficamos todos os dias e noites acenando para a humanidade, como a alertá-la do perigo que estamos enxergando.

Um fator que impede a muitas pessoas de perceber a lógica dos tempos atuais é a cultura. Somos criados, desde pequenos, com as condicionantes da cultura. A língua, por exemplo, é um marco importante dessa cultura. A religião, os costumes, os modos, a ética, as leis, as instituições, a roupa, etc. são ferramentas que nos enformam (pôr na forma). Para um raciocínio livre e melhor compreender a situação ambiental, temos que nos libertar dessas condicionantes.

Parece-nos que, ante uma possibilidade de extermínio da humanidade, por questão de segurança e inteligência, devemos tomar todas as providências para evitar a catástrofe. É um assunto que não pode vacilar. Está em jogo a vida animada do planeta. O que ainda incute dúvida em alguns espíritos é a decorrência relativamente normal diária, sazonal e os procedimentos usuais da civilização. Não se apegou ainda na mente humana que os efeitos de nossos atos iníquos demandam um interregno relativamente longo. Uma estrutura que, teoricamente, suporta 2.354 gramas, só desmoronará quando lhe for acrescentado o último grama. Nem antes nem depois. Vamos esperar que o ato limite, precipitante da hecatombe, ocorra? Raciocínio se destina a prever um fato.

Se uma pessoa está contando: 1, 2, 3….. nós temos condições de prever que ela pronunciará o número 258. E quando isso ocorrer, os assistentes ficarão maravilhados, pensando: como é que fulano sabia disso?

Num enfoque cósmico, a extinção da humanidade não tem a menor importância. Seria apenas mais um aspecto pontual no ciclo em que estamos inseridos. Mas tratamos aqui de nosso interesse maior, a vida.

Não tratamos do crer ou não crer; a crença situa-se na área psicológica da fé. Focamos aqui o enxergar ou não enxergar, que provém do exercício do intelecto. Enxergar, perceber, sentir, os pontos abaixo é um produto da atividade intelectual:
a) a atual civilização está destruindo as condições vivenciais no planeta;
b) a população de humanos passou do ponto de equilíbrio;
c) ainda há uma solução: medidas radicais agora; depois é tarde;
d) criação do instrumento executivo: o governo mundial.

“Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.

* Colaboração de Maurício Gomide Martins para o EcoDebate, 20/01/2010

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