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Estudo indica que uso de álcool é comum nas vítimas de homicídio em São Paulo

consumo de álcool
Meio de perpetração das mortes pode estar associado ao consumo de álcool

O consumo exacerbado de álcool é uma característica constante nas vítimas de homicídio na cidade de São Paulo. Além disso, foi observado no mesmo estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e publicado pela revista internacional “Addicition” na edição de dezembro deste ano, que o meio de perpetração das mortes pode estar relacionado ao álcool e varia de acordo com o sexo da vítima.

Segundo dados obtidos pelo médico Gabriel Andreuccetti, autor da dissertação Uso de álcool por vítimas de homicídio no município de São Paulo, sob orientação do professor Heraclito Barbosa de Carvalho, a ingestão de grande quantidade de bebidas alcoólicas é um dos fatores que influenciam as estatísticas de homicídio doloso — com intenção de matar — na cidade de São Paulo. “É comprovado que o consumo de álcool pode deixar as pessoas mais violentas, diminui a atenção e prejudica as atividades motoras. Assim, a pessoa fica mais propensa a cometer deslizes e se envolver em vários casos de violência”, explica o pesquisador.

Andreuccetti, com o apoio do Instituto Médico Legal de São Paulo e da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, fez esse estudo a partir de 2.042 vítimas de homicídio no ano de 2005 que foram necropsiadas e submetidas ao exame de dosagem alcoólica. Foi observado que 43% delas estavam alcoolizadas e, apesar de não haver diferença estatística no resultado de alcoolemia em relação às etnias das vítimas, foi verificada grande variação em relação aos sexos. “Entre as vítimas, 44% pessoas do sexo masculino estavam alcoolizadas em relação a 26% das mulheres. É uma diferença grande e também variável de acordo com a média de consumo de álcool entre esses dois grupos”, diz.

O médico verificou ainda que a média de alcoolemia nos homens é de 1,55 equivalente a (±) 0,86 grama por litro (g/l) enquanto a média das vítimas do sexo feminino foi de 1,21 ± 0,65g/l. “A quantidade de álcool ingerida, em média, pelos homens equivale a, aproximadamente, 5 doses de bebida alcoólica. Essa quantidade já é suficiente para mexer com a atenção e com as atividades motoras”, explica Andreuccetti.

Em relação à faixa etária também foi observada grande variação. Os maiores níveis de álcool no sangue foram observados em homens com idade entre 25 e 54 anos. Outro dado interessante e preocupante está relacionado à proporção de menores de idade entre as vítimas: 16,9% das vítimas menores de 18 anos estavam com alcoolemia positiva.

Meio de perpetração de mortes
A maneira com que os homicídios foram realizados também constitui um dado importante. Foi observado que a maior porcentagem de assassinatos por armas de fogo vitimaram homens. Já o percentual de homicídios praticados por armas brancas — objetos cortantes, tais como facas, canivetes, vidro, etc — e outros meios foi maior entre as mulheres.

“A diferença dos meios de perpetração de acordo com os sexos das vítimas foi estatísticamente significante. Mais de 80% dos homens foram mortos com armas de fogo, enquanto 50% das mulheres foram vítimas de armas brancas e outros meios. Interessante também foi notar que o consumo de álcool foi maior entre as vítimas de homicídio cujo meio utilizado foi a arma branca”, explica o pesquisador.

Além do álcool possuir uma associação com os homicídios dolosos, há estudos que correlacionam a quantidade de álcool ingerida pelo agressor com a quantidade ingerida pela vítima. Segundo Andreuccetti, “muitas vezes, o consumo de bebidas alcoólicas é o responsável pela precipitação dos homicídios, já que a pessoa embriagada perde parte do controle de seus atos e pode se tornar mais violenta do que o comum”.

Mais informações: com o autor da dissertação Gabriel Andreuccetti, email gabriel.biousp{at}gmail.com

Reportagem de Ana Carolina Athanásio, da Agência USP de Notícias, publicada pelo Debate, 02/12/2009

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