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Uso constante de saltos altos em jovens entre 13 e 20 anos provoca sérios danos à saúde

Uso constante de saltos altos em jovens entre 13 e 20 anos provoca sérios danos à saúde
Infográfico do Correio Braziliense. Para acessar o infográfico em seu tamanho original clique aqui.

Riscos elevados – Símbolo de elegância e sensualidade, o salto alto é visto pela maioria das mulheres como um item imprescindível no guarda roupa feminino. Seu uso frequente, no entanto, é extremamente prejudicial à postura e à marcha daquelas que não dispensam o acessório, cada dia mais adotado por adolescentes — e até crianças. Um estudo recente desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) comprova que o salto alto causa danos ao alinhamento postural e ao equilíbrio músculo-articular de meninas ainda em fase de crescimento que não abrem mão de andar nas alturas.

Autora da pesquisa, a fisioterapeuta Patrícia de Oliveira Pezzan analisou a influência do salto alto no corpo e no caminhar de jovens entre 13 e 20 anos. Os resultados mostram que o hábito constante, entendido pela pesquisadora como o uso do acessório por pelo menos três vezes por semana por mais de quatro horas consecutivas durante um ano, compromete a fase de crescimento ósseo e muscular e desencadeia alterações que, se não tratadas, podem resultar em lombalgias crônicas, dores no quadril que irradiam para outras partes do corpo e limitações de movimentos. Reportagem de , no Correio Braziliense.

De acordo com a fisioterapeuta, o uso abusivo do salto alto traz prejuízos em qualquer idade, mas, na adolescência, o hábito provoca danos precoces em uma fase importante: a da formação do corpo. “Analisamos 50 meninas que não eram usuárias de salto alto e 50 garotas que têm o costume de usá-lo. Jovens que não dispensam esse tipo de calçado apresentaram aumento da lordose lombar (curva acentuada na base da coluna), aproximação dos joelhos e afastamento dos pés, o que deixa as pernas em formato de X”, explica Patrícia.

A especialista observa que o salto alto eleva o calcanhar e projeta o corpo para a frente, mexendo com o equilíbrio e o centro de gravidade da adolescente. Para não cair, a usuária tem que compensar. Esses fatores compensatórios alteram a postura, desencadeando a hiperlordose lombar e a rotação anterior da bacia, também conhecida como bumbum empinado. “Com o desalinhamento corporal, as articulações e músculos sofrem grande estresse. Ao longo do tempo, movimentos desarmônicos e problemas crônicos se impõem, caso não seja feito um tratamento de reabilitação. As meninas podem não sentir dor no auge da juventude, mas ela chega”, assegura.

Riscos desconhecidos

O estudo realizado na USP também revelou que o uso crônico do salto alto causa o que os especialistas chamam de postura de varo em retropé. O peso do corpo é descarregado na porção lateral dos pés, provocando uma torção no calcanhar. “A marcha e o impulso ficam totalmente comprometidos, à medida que o salto diminui o tempo de apoio do pé no chão durante a caminhada”, complementa a fisioterapeuta. O problema é que a maioria das adolescentes não sabe dos riscos. Encantadas com a chegada da juventude, elas querem explorar a feminilidade e, mesmo quando alertadas sobre os perigos do acessório, não cogitam descer do salto.

As amigas Giselle Raulino de Souza, 15 anos, Laís Faber de Almeida, 16, e Fernanda Moreira Rodrigues, 15, são adeptas do acessório há algum tempo. “Não uso todos os dias, mas não preciso de uma ocasião formal para calçá-lo. Vou ao shopping, a um passeio descontraído com amigas ou a festinhas sempre nas alturas. Sou baixinha e o salto me ajuda a ficar mais elegante”, justifica Giselle. “Eu sou mais alta e não preciso tanto desse recurso, mas ainda assim uso salto desde os 12 anos. Não sinto dores, mas depois de passar algumas horas com salto vem o desconforto”, confessa Laís, a mais alta da turma.

Fernanda, que também se considera baixinha, admite que usa salto desde os 11 anos. “Eles deixam a mulher mais bonita, feminina. “Uso saltos de todos os modelos. Quando são muito finos, causam dor nos pés, mas não abro mão deles. Minha mãe e minhas irmãs também usam”, conta.

Limites

A psicóloga Laís Raulino, mãe de uma das meninas, diz que nem sempre é fácil impor limites. Sapatos e sandálias altas fazem parte do universo da mulher. “Procuro ser exemplo, mostrar que é possível privilegiar o conforto. Essa consciência vai chegando com o tempo, e elas acabam percebendo que o exagero pode estragar o passeio ou a balada e ser prejudicial”, pondera. O ortopedista e cirurgião de joelho Denys Aragão alerta que todo cuidado é pouco. Segundo ele, 50% de suas pacientes chegam ao consultório com queixas de dor nas costas ou nos joelhos devido ao uso constante do salto. O atendimento a adolescentes não é raro. “Infelizmente, 60% das mulheres priorizam a beleza, não o conforto. Elas não precisam abandonar os sapatos altos, mas devem fazer um rodízio com os mais baixos. Crianças não devem usar salto de maneira alguma”, adverte.

O ortopedista observa que a sobrecarga constante dos músculos, joelhos, cartilagens e panturrilha demanda cuidados, e que as mulheres adeptas incondicionais do acessório estão mais sujeitas a lesões decorrentes de quedas e torções. “Saltos maiores que 4cm desviam o eixo de gravidade, sobrecarregam a parte da frente dos pés, provocam dor lombar, comprometem o joelho e encurtam a panturrilha. Quem tem predisposição, acaba desenvolvendo o joanete”, aponta o especialista.

A prevenção é o melhor tratamento: alongamento dos músculos depois que tirar os sapatos e massagem nos pés e panturrilha são recomendados. “Mas, em alguns casos, intervenções cirúrgicas nos joelhos, pés ou coluna são inevitáveis”, lamenta.

EcoDebate, 25/11/2009

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2 thoughts on “Uso constante de saltos altos em jovens entre 13 e 20 anos provoca sérios danos à saúde

  • esta reportagem sobre salto alto é muito rica deve ser mais divulgada, toda mulher precisa saber.parabens . obrigada por essas informações.

Fechado para comentários.