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MPF quer anular audiência pública sobre construção da Usina de Belo Monte

Área de Belo Monte, no rio Xingu. Foto do MPF
Área de Belo Monte, no rio Xingu. Foto do MPF

O Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) entrará, até a próxima sexta-feira (25), com uma ação na Justiça pedindo a anulação da audiência pública destinada a debater o projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. Para isso, o MPF aguarda apenas a entrega de um documento preparado por integrantes de movimentos sociais, criticando a forma como a audiência foi conduzida.

Realizada entre os dias 10 e 15 de setembro no Teatro Margarida Schivazapa, em Belém, a audiência acabou não contando com a presença de representantes de comunidades que serão diretamente afetadas pela construção da hidrelétrica, sob o argumento de que não havia espaço suficiente para todos.

Com capacidade para 480 pessoas, o teatro teve, durante a audiência, a presença de cerca de 600, o que inviabilizou a entrada e a participação de pesquisadores, estudantes universitários e integrantes de movimentos sociais.

Apesar da argumentação dos membros do MPF, de que era necessária a participação de todos os movimentos sociais, a coordenação da Força Nacional avisou que não se responsabilizaria pela segurança do local, caso entrassem mais pessoas no teatro.

Os membros do MPF tentaram, então, negociar diretamente com o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Roberto Messias, para que a audiência fosse realizada em outro auditório, maior e com capacidade para abrigar todos os interessados em discutir a questão.

A proposta foi recusada e, sem acordo, a audiência foi iniciada em meio a tumulto.

Após pronunciamento do representante do governo paraense, Maurílio Monteiro, a audiência foi interrompida pelo procurador da República Rodrigo Costa e Silva, que se retirou, alegando que o local escolhido pelo Ibama não tinha condições de receber o público. Ele foi acompanhado por outros procuradores e promotores de Justiça.

“Estamos consignando novamente nosso protesto contra esse formato de audiência pública. Estivemos presentes às três audiências anteriores e já tivemos todas as prerrogativas do Ministério Público cerceadas pelos organizadores. O regulamento aprovado pelo Ibama não permite a efetiva participação nem do MP nem a popular”, argumentou Costa e Silva.

“Essa audiência é inédita em Belém. Nunca vi uma audiência pública feita com tanta força policial, impedindo até autoridades de entrarem no estacionamento. Nunca vi uma audiência pública em que a sociedade civil não participa da mesa, ao menos simbolicamente. Nenhum debate se faz dessa forma acanhada, restritiva, com violência institucionalizada. Até o regulamento dessa audiência é inconstitucional”, argumentou o representante do MPF/PA, Raimundo Moraes, que também deixou a audiência.

Com uma potência instalada de 11 mil megawatts, a Usina de Belo Monte será a segunda maior do Brasil, atrás apenas da Hidrelétrica de Itaipu, no Rio Paraná. Estima-se que o custo da obra será de R$ 9 bilhões e a previsão é de que esteja concluída em 2014.

Reportagem de Pedro Peduzzi, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 22/09/2009

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