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Especialistas consideram ranking de emissões veiculares incompleto

poluição veicular

Em debate na ‘TV Estadão’, eles dizem que dados serviram para colocar tema em destaque

O ranking de emissões veiculares divulgado nesta semana pelo Ministério do Meio Ambiente é incompleto para comparar os modelos comercializados no País, segundo especialistas ligados às áreas automobilística e de saúde. Entre os aspectos positivos do ranking estão o fato de ele apontar a necessidade da evolução da tecnologia flexível para os motores, especialmente no uso de álcool, e a divulgação dos dados de emissões por parte das montadoras. Luís Felipe Figueiredo, Jornal da Tarde; Carlos Orsi, estadao.com.br

Assista ao debate sobre poluição e combustíveis na íntegra

Em debate promovido ontem pela TV Estadão, especialistas analisaram a chamada Nota Verde, divulgada pelo governo federal e que colocou a gasolina como um combustível menos poluente do que o álcool.

O consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Alfred Szwarc, atacou a divulgação do ranking, dizendo que ele compara “bananas com maçãs” ao tratar veículos com diferentes motores da mesma forma e não levar em conta, por exemplo, o ciclo completo do dióxido de carbono (CO2) na produção e queima do álcool. O gás, principal causador do efeito estufa, é emitido pelo veículo, mas retirado da atmosfera pelas plantações de cana-de-açúcar.

A lista divulgada pelo governo trata as emissões de CO2 em um ranking à parte, sem integrá-las à Nota Verde.

Francisco Nigro, professor da Escola Politécnica da USP e conselheiro do Instituto da Qualidade Automotiva, concordou que o ranking mostra apenas “um pedacinho” da questão da poluição ambiental. Entre os problemas, Nigro destaca que os dados usados vêm apenas de veículos novos e não levam em conta, por exemplo, o desgaste ao longo do tempo dos catalisadores dos carros movidos a gasolina.

Ele advertiu, no entanto, que, se na época dos carros movidos exclusivamente a álcool, nos anos 70 e 80, a vantagem ambiental do combustível de origem vegetal era enorme, hoje a margem em relação à gasolina diminuiu, por conta dos avanços tecnológicos. “O álcool ainda é melhor que a gasolina no efeito no meio ambiente e na saúde humana. Mas pode ficar pior se não houver muito trabalho.” Ele cobrou do governo e das empresas mais pesquisa no aperfeiçoamento do motor.

O terceiro debatedor, André Ferreira, diretor do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), disse que a questão entre álcool e gasolina deveria ser uma “página virada”. O Iema fez um ranking de poluição de veículos a pedido do Estado, com dados da Cetesb, no qual os carros flex abastecidos com gasolina aparecem como menos poluidores. “Ninguém acha que a humanidade tenha um futuro baseado em combustíveis fósseis.” Discordando de Szwarc, Ferreira afirmou que a divulgação dos dados foi positiva porque chamou a atenção para o fato de que “não existe combustível limpo”. “Com esse empurrão (dado pela polêmica causada pelo ranking), o álcool poderá se tornar ainda mais sustentável”, acredita. “A Unica é a favor de um ranking”, contrapôs Szwarc. “Mas ele deve ser feito de forma responsável.”

Na opinião do patologista Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, que não participou do debate, as informações do governo estão mal explicadas. “Monóxido de carbono não é o maior problema nos grandes centros urbanos, mas sim material particulado e ozônio, que é formado pelos hidrocarbonetos, substâncias muito mais nocivas quando emitidas pelo motor a gasolina.”

O coordenador-substituto do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, Márcio Veloso, disse nesta semana que a metodologia da Nota Verde poderá ser alterada após as críticas. “Estamos apenas no início.”

SAIBA MAIS

Na terça-feira desta semana, o Ministério do Meio Ambiente divulgou, por meio do site do Ibama, dados que mostram que o álcool combustível pode poluir tanto quanto a gasolina e que motores com menor potência chegam a poluir mais do que equipamentos com mais capacidade. O cálculo foi feito com base na medição de três gases poluentes – monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos e óxido de nitrogênio – emitidos por veículos fabricados em 2008, que constituem a Nota Verde. Outro ranking foi montado enfocando exclusivamente o dióxido de carbono (CO2).

Dados compilados pelo Iema com base em informações da Cetesb e divulgados nesta semana mostraram que um carro flex abastecido com álcool pode emitir mais monóxido de carbono do que o mesmo
modelo com o tanque cheio de gasolina

EcoDebate, 21/09/2009

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