Lixo no asfalto, artigo de Aroldo Cangussu

[EcoDebate] Nesta semana que passou, viajei para Belo Horizonte e, como sabem, a BR 135 entre Montes Claros e Belo Horizonte está sofrendo uma reforma completa. São várias frentes de trabalho no trecho que vai de Curvelo a Montes Claros.

Para que os serviços possam ser executados, é necessário a interrupção do tráfego a todo o momento, ficando, às vezes, com os veículos parados por uma hora ou até duas horas de cada vez, principalmente no trecho entre Bocaíuva e Montes Claros e próximo a Curvelo.

Quando essas paradas acontecem, forma-se uma longa fila de veículos e quase todos os passageiros descem. Aí acontece o inevitável: logo aparecem dezenas de vendedores de todo o tipo de mercadoria, principalmente água, refrigerantes, sorvetes, picolés e frutas.

Mas, agora vem o pior. As margens da estrada estão se transformando em um gigantesco lixão, com todos os resíduos imagináveis: garrafas de plástico, latinhas de refrigerantes, cascas de frutas e uma interminável lista de detritos. É uma vergonha. Não se vê quase ninguém guardar o lixo no próprio carro. Preferem jogar na beira da estrada ou então no mato.

É uma grande tristeza acompanhar este processo, pois sabemos que esses materiais vão ficar degradando a natureza por centenas de anos e parece que ninguém se importa com isso. Será que não sabem que o planeta Terra não suportará por muito mais tempo tanta agressão? Será que não sabem que estamos passando por transformações importantes no nosso clima originadas pela interferência do homem?

Quando se pensa que a consciência ambiental está aumentando entre a população, a gente se depara com essas manifestações de puro desprezo pela ecologia ou, talvez quem sabe, seja apenas o enorme egoísmo do ser humano que pensa apenas no seu bem estar e assume o cômodo ato de achar que ele não pode fazer nada pela preservação do ambiente global.

Pode sim. Todos estamos interligados em escala planetária. Qualquer ação isolada tem reflexos no mundo todo. Basta olhar um mapa global e verificar que todos os oceanos são interligados e todos os rios se direcionam para o mar. Basta jogar uma tampinha de garrafa ou uma sacolinha de plástico ou mesmo um bituca de cigarro que se estará interferindo no mecanismo de equilíbrio da natureza mundial.

Reflitam sobre isto na próxima vez que for atirar qualquer coisa, por menor que seja, no chão, fora da lixeira.

Aroldo Cangussu
Coordenador Adjunto do Fórum Mineiro de Comitês de Bacia Hidrográfica

EcoDebate, 29/08/2009

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