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Pesquisa confirma que a educação sexual em escolas tem efeito positivo

casal

Pesquisadores avaliaram as mudanças no comportamento de quase 5 mil adolescentes que participaram de um programa de educação sexual em escolas públicas de Minas Gerais. Os resultados apontaram que a iniciativa conseguiu dobrar o uso consistente do preservativo com parceiro casual

Em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores da Fundação Belgo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva de Campinas e do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) avaliaram as mudanças no comportamento sexual de 4.795 adolescentes que participaram de um programa de educação sexual implementado em 20 escolas públicas de quatro municípios de Minas Gerais. Os resultados apontaram que a iniciativa conseguiu dobrar o uso consistente do preservativo com parceiro casual e aumentar 68% o uso de métodos anticoncepcionais na última relação sexual.

Com a duração de um ano letivo, o Programa de Educação Afetivo-Sexual (Peas), elaborado pela Fundação Belgo, propôs atividades para adolescentes de 10 a 19 anos dentro e fora de sala de aula, promovendo o debate de temas que contribuíssem para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e para a redução de gravidez não planejada, a partir da adoção de um comportamento sexual mais responsável, que inclui o aumento do uso de preservativos e de métodos contraceptivos. Os pesquisadores afirmam que a intervenção foi eficaz em gerar mudanças positivas no comportamento sexual e não teve efeito sobre a idade da primeira relação: não antecipou nem estimulou a prática.

“Os achados podem auxiliar na redução da resistência a esses programas por aqueles que expressam a preocupação de que a educação sexual estimula atividades sexuais, já que não existem evidências para tal crença”, explicam os autores. “Nesse sentido, é relevante lembrar que esse programa não estimulou a abstinência em particular, mas o comportamento sexual responsável”. Além disso, os pesquisadores comentam que a iniciação das atividades sexuais ocorreu, em média, em torno dos 16 anos entre meninos e dos 18 anos entre meninas. A porcentagem de estudantes que declarou já ter tido ou ter relações sexuais foi de 30%.

“Embora a inclusão da educação sexual nas escolas tenha se tornado uma política oficial do governo federal, a implementação de tais políticas depende dos governos municipais e estaduais e tem atrasadas expectativas, como praticamente em qualquer outro país em desenvolvimento. Parte das razões para essa falta de implementação é que os políticos permanecem não convencidos da efetividade da educação sexual e estão preocupados com grupos de oposição, que afirmam que ela pode estimular o sexo prematuro e promíscuo entre adolescentes”, destacam os autores. “Os resultados desse estudo devem ser úteis para mostrar que o investimento na implementação de educação sexual em escolas tem um retorno bastante positivo e de custo efetivo. As mudanças positivas e a ausência do aumento da atividade sexual podem ajudar a superar a resistência e a expandir a educação sexual pelo sistema escolar”.

Para ler o artigo da revista Cadernos de Saúde Pública, clique aqui.

Matéria da Agência Fiocruz de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 30/06/2009.

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