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Estudo reafirma que ciclo econômico em áreas desmatadas na Amazônia não é sustentável

Desmatamento da Amazônia cria ciclo econômico insustentável - Desmatamento na Amazônia, em foto da AP
Desmatamento da Amazônia cria ciclo econômico insustentável – Desmatamento na Amazônia, em foto da AP

A derrubada da Floresta Amazônica no Brasil produz um crescimento econômico insustentável, que atrai a população pobre para terras recém-desmatadas sem melhorar suas condições de vida ao final, afirmaram pesquisadores nesta quinta-feira.

Ambientalistas têm apontado há muito tempo para a existência deste ciclo, mas um novo estudo [Boom-and-Bust Development Patterns Across the Amazon Deforestation Frontier; Rodrigues et al.; Science 12 June 2009: 1435-1437; DOI: 10.1126/science.1174002] publicado no periódico Science quantifica o fenômeno com o acompanhamento de diferentes estágios do desmatamento ao longo de décadas. Matéria de Deborah Zabarenko, da Agência Reuters.

“Apesar da ideia generalizada de que o desmatamento é o preço a ser pago pelo desenvolvimento, nós descobrimos que na verdade o desenvolvimento é transitório, não representa uma melhora sustentada do bem-estar das pessoas”, disse a principal autora, Ana Rodrigues.

De um modo ideal, os cientistas teriam estudado a derrubada da Amazônia ao longo do tempo. Em vez disso, eles foram a 286 localidades em estágios variados do ciclo de desmatamento, desenvolvimento e declínio, explicou Ana Rodrigues em uma entrevista por telefone.

Os cientistas monitoraram indicadores-chave de prosperidade –renda, educação e saúde– entre os habitantes das áreas destruídas da Amazônia.

“Nós comparamos esses dados em diferentes estágios da fronteira de desmatamento: antes do início, bem no meio da fronteira e depois de ela já ter passado”, disse a pesquisadora.

O processo normalmente funciona assim:

Primeiro, pessoas pobres e sem terra de todo o Brasil se dirigem a lugares onde o corte inicial de árvores acontece, recebendo uma rápida quantia de dinheiro e obtendo uma melhora na qualidade de vida.

O comércio de madeira rapidamente dá lugar à agricultura e à pecuária. No começo, a terra é fértil e produtiva, mas logo entra em declínio. Já sem madeira para vender, os habitantes da região escolhem entre ficar nas terras que conseguiram possuir ou partir para outra fronteira de desmatamento.

“Nós acreditamos que o impulso que nós vemos, a rápida expansão… na renda, na saúde e na educação, acontece porque as pessoas estão explorando rapidamente recursos naturais que não estavam acessíveis antes”, disse Ana Rodrigues.

“O que acontece mais tarde é uma combinação de aumento populacional… com superexploração dos recursos naturais.”

A Amazônia e outras grandes florestas estão cada vez mais valorizadas como depósito do dióxido de carbono responsável pelo aquecimento global; a vegetação nos campos agrícolas e nos pastos não armazena a mesma quantidade de CO2.

Prevê-se que qualquer tipo de acordo global para frear a mudança climática incluirá recursos para desencorajar o desmatamento.

Matéria da Agência Reuters, no Estadao.com.br.

[EcoDebate, 12/06/2009]

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