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Pesquisa conclui que créditos de carbono a preço modesto salvariam floresta de Bornéu

Área de floresta em fase de conversão para monocultura de palma</i>
Área de floresta em fase de conversão para monocultura de palma

As florestas tropicais de Bornéu, ameaçadas pelo avanço do cultivo para o óleo de palma, poderiam ser mais lucrativas se fossem mantidas intactas, aproveitando-se de créditos de carbono a uma cotação entre 10 e 33 dólares por tonelada, segundo um novo estudo.

Pesquisadores liderados por Oscar Venter, da Universidade de Queensland, na Austrália, estudaram dados de 808 concessões em Kalimatan, a parte indonésia da ilha de Bornéu, que abrange 8 milhões de hectares.

Eles descobriram que, dessa área, 3,3 milhões de hectares são florestas em áreas de concessões que permanecem de pé, mas estão sob ameaça iminente de serem transformadas em plantação. O estudo [Carbon payments as a safeguard for threatened tropical mammals] foi publicado na sexta-feira na revista Conservation Letters. Matéria de David Fogarty, da Agência Reuters, com informações adicionais do EcoDebate.

Falando à Reuters de Brisbane, na Austrália, Venter disse que seu grupo realizou uma análise econômica perguntando-se quanto custaria aos concessionários dos terrenos pararem o desmatamento e como pagar pelo faturamento perdido.

Compararam esses valores com os créditos de carbono instituídos por um programa da ONU, que recompensa os países em desenvolvimento que preservem suas florestas, em troca de títulos que empresas e países ricos poderiam comprar para atingir suas quotas de redução de emissões de gases do efeito estufa.

Esse sistema, batizado pela sigla Redd (redução de emissões por desmatamento e degradação), deve ser incluído no novo tratado climático global a ser definido em uma reunião da ONU em dezembro em Copenhague, para valer a partir de 2013.

A equipe de Venter usou pesquisas de campo e dados de satélite para estimar a quantidade de carbono armazenado nesses 3,3 milhões de hectares, e em seguida calcularam quanto carbono seria liberado em 30 anos se toda a floresta fosse derrubada – chegaram à cifra de pelo menos 2,1 bilhões de toneladas de CO2, ou cerca de três anos do total de emissões da Austrália.

Em seguida, os pesquisadores estipularam vários cenários para a produção de óleo de palma nesses 3,3 milhões de hectares, com níveis de compensação de 50 e 100 por cento.

“Pode soar como um conceito estranho para alguém acostumado a cultivar óleo de palma que possa em vez disso cultivar créditos de carbono”, disse Venter. “Mas, se os números se equivalerem, presumo que seja uma mensagem que eles estariam abertos a pelo menos considerar.”

Num cenário com cultivo em larga escala e compensação máxima, os créditos de carbono precisariam valer 33,44 dólares para que valesse a pena para os produtos de óleo deixarem a floresta intacta.

Com cultivos seletivos apenas em terras de qualidade mais alta, com compensação de 100 por cento, o ponto de equilíbrio seria de 19,62 dólares. Com o índice de compensação em 50 por cento, o valor ideal cairia para 9,85 dólares

Venter disse que o estudo apontou grandes benefícios desse sistema também para espécies ameaçadas, como orangotangos e elefantes pigmeus. De acordo com ele, as áreas sob eventual ocupação agrícola contêm 40 das 46 espécies de mamíferos ameaçadas em Kalimatan.

O estudo “Carbon payments as a safeguard for threatened tropical mammals” (p 123-129), de Oscar Venter, Erik Meijaard, Hugh Possingham, Rona Dennis, Douglas Sheil, Serge Wich, Lex Hovani, Kerrie Wilson, in Conservation Letters, Published Online: May 1 2009 1:11AM, DOI: 10.1111/j.1755-263X.2009.00059.x, está disponível para acesso integral no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.

Para fazer o download do artigo no formato PDF clique aqui.

Para mais informações transcrevemos, abaixo, o abstract:

Evaluating conservation spending for species return: A retrospective analysis in California
Emma C. Underwood 1 , Kirk R. Klausmeyer 2 , Scott A. Morrison 2 , Michael Bode 3 , & M. Rebecca Shaw 2
1 Department of Environmental Science and Policy, University of California, Davis, CA, USA 2 The Nature Conservancy, San Francisco, CA, USA 3 Applied Decision Analysis Group, School of Botany, The University of Melbourne, Parkville, Melbourne, Australia

Correspondence
Emma Underwood, Department of Environmental Science and Policy, University of California, Davis, One Shields Avenue, Davis, CA 95616, USA. Tel: (530) 754 6051; fax: (530) 752 3350. E-mail: eunderwoodrussell{at}ucdavis.edu
Editor : Stephen Polasky

ABSTRACT

Conservation spending in California, USA exceeds conservation expenditures in many countries. To date, there has been no objective method to assess the efficiency of such spending for achieving species conservation outcomes. We conducted the first such retrospective analysis of conservation spending, examining the distribution of $2.8 billion spent on land protection by the state of California and partners from 1990 to 2006. Using a return on investment algorithm with species protection as the sole objective, we describe a “cost-efficient” funding scenario that would have protected four times more distinct species and three times more threatened and endangered species compared to the observed allocation. Differences between the species-diversity spending and the observed spending patterns reflect the myriad funding objectives, beyond protecting species, of the state. Identifying cost-effective conservation strategies are essential given the need to maintain species diversity in the face of global change.

Received: 10 May 2008; accepted 13 May 2008.
DIGITAL OBJECT IDENTIFIER (DOI)
10.1111/j.1755-263X.2008.00018.x

* Matéria da Agência Reuters, no Estadao.com.br .

[EcoDebate, 06/06/2009]

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