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Com o envelhecimento da população aumenta o número de internações no SUS por fraturas no fêmur

Participantes da 2ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa
Participantes da 2ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa – Um Pacto Nacional pelo Envelhecimento Ativo e Saudável. Foto: Antonio Cruz/ABr

Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram um crescimento significativo da participação de pessoas com mais de 65 anos na formação da sociedade brasileira. De acordo com o IBGE, a relação atual, de cerca de 25 idosos para cada grupo de 100 crianças e adolescentes até 14 anos, deverá mudar para 173 idosos para cada grupo de 100 crianças e adolescentes.

Conforme as projeções, a idade mediana da população ficará em torno dos 46 anos daqui a quatro décadas. A mudança em curso exigirá, em curto prazo, a adoção de novas políticas públicas nas áreas de saúde, assistência e previdência social. “O Brasil caminha velozmente rumo a um perfil demográfico mais envelhecido, fenômeno que, sem sombra de dúvida, implicará adequações nas políticas sociais”, mostra o IBGE no estudo.

“O envelhecimento da população é um fato que deve ser comemorado, porque estamos evitando mortes prematuras”, afirma o médico e pesquisador José Luiz Telles, diretor do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas em Saúde do Ministério da Saúde.

Antes mesmo do cenário projetado, os sinais de envelhecimento populacional já eram percebidos. Entre 2005 e 2008, aumentou em 8% o número de internações hospitalares na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) por causa de fraturas de fêmur. No ano passado, foram 32.908 internações por esse motivo. Segundo o Ministério da Saúde, a fratura do fêmur, maior osso humano, é uma das causas mais relevantes de mortalidade de idosos – quase um quarto das mortes nessa faixa está relacionado a quedas.

As fraturas expõem um problema de saúde peculiar em pacientes idosos, a osteoporose, doença causada pela carência de cálcio no organismo. Com o avanço da idade, a chamada massa óssea diminui, os ossos ficam mais porosos, mais frágeis e vulneráveis a fraturas. O tratamento exige a administração de remédios que regulam a quantidade de cálcio e propiciam o equilíbrio orgânico da substância. No ano passado, o Ministério da Saúde gastou cerca de R$ 39 milhões com medicamentos para tratamento da osteoporose.

José Luiz Telles acrescenta que o sedentarismo, uma dieta com poucos nutrientes (pobre, por exemplo, em cálcio), o consumo de álcool e o tabagismo favorecem a osteoporose. O médico prescreve boa alimentação e estímulo à atividade física para evitar a doença.

Além de recomendações quanto à dieta e às atividades físicas, idosos e familiares devem ter cuidado com os espaços onde transitam os idosos. O Ministério da Saúde mantém em seu site www.saude.gov.br o Guia Prático do Cuidador, com dicas para adaptações ambientais.

Além do cuidado com a saúde e das políticas de seguridade social, o envelhecimento da população vai exigir melhor planejamento urbano e investimentos na adequação dos passeios públicos e áreas de lazer, e no acesso ao transporte coletivo, postos de saúde e hospitais.

“Não há preocupação com a prevenção de acidentes ou com a acessibilidade da pessoa idosa”, reclama o presidente da organização não-governamental (ONG) Cidadão Brasil, Tony Bernstein,que mantém na internet o site www.portalterceiraidade.org.br com informações do interesse de pessoas com mais de 65 anos

“As cidades são o reflexo de como a sociedade trata a velhice”, observa o médico José Luiz Telles, que também preside o Conselho Nacional de Direitos da Pessoa Idosa. “A sociedade não está preparada para a velhice, o que explica valores negativos que alimentam descaso e negligência”, acrescenta Telles, ao comentar a situação das calçadas, rampas, bancos de praça e da segurança pública nas cidades brasileiras.

Matéria de Gilberto Costa, da Agência Brasil.

[EcoDebate, 07/04/2009]

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