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Saúde Brasil 2007: Estudo do Ministério da Saúde aponta que doenças da modernidade são as que mais matam no Brasil

[Saúde Brasil 2007: Study of the Ministry of Health indicates that diseases of modernity are the biggest killers in Brazil]

O diretor do Departamento de Análises de Situação de Saúde do Ministério da Saúde, Otaliba Libânio, divulga os resultados do Saúde Brasil 2007, publicação que traça o perfil da mortalidade no país Foto: Marcello Casal Jr./ABr
O diretor do Departamento de Análises de Situação de Saúde do Ministério da Saúde, Otaliba Libânio, divulga os resultados do Saúde Brasil 2007, publicação que traça o perfil da mortalidade no país Foto: Marcello Casal Jr./ABr

Uma pesquisa divulgada ontem (6/11) pelo Ministério da Saúde aponta que as chamadas doenças da modernidade são as que mais matam homens e mulheres no Brasil. A publicação Saúde Brasil 2007 revela crescimento no número de mortes provocadas por doenças crônicas e violentas. As doenças do aparelho circulatório – associadas à má alimentação, ao consumo excessivo de álcool, ao tabagismo e à falta de atividade física – lideram o ranking.

De acordo com o estudo, 283.927 morreram em 2005 por problemas do aparelho circulatório – 32,2% do total de mortes registrado no ano.

No levantamento por regiões, as doenças do aparelho circulatório também são as que mais matam, com taxas de 33% no Sudeste, 32,9% no Sul, 31,9% no Nordeste, 31% no Centro-Oeste e 24,9% no Norte.

O perfil de mortalidade, segundo o ministério, revela mudanças provocadas, por exemplo, pela urbanização rápida. No passado, doenças infecciosas e parasitárias como as diarréias, a tuberculose e a malária estavam entre as principais causas de morte no país.

Dados da Secretaria de Vigilância em Saúde indicam que, em 1930, as doenças infecciosas respondiam por cerca de 46% das mortes nas capitais brasileiras enquanto em 2003, tais doenças representavam apenas 5% do total de óbitos. Já as doenças cardiovasculares – que respondiam por apenas 12% na década de 30 – são apontadas pela pesquisa como as principais causas de morte em todas as regiões do país, responsáveis por quase um terço das mortes.

Ao detalhar as causas específicas, o levantamento indica que o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é o que mais mata – em 2005, foram mais de 90 mil. O número representa 31,7% das mortes decorrentes de problemas circulatórios e 10% do total de óbitos no país.

A segunda maior causa específica, de acordo com o ministério, é a Doença Isquêmica do Coração, com destaque para o infarto que, em 2005, matou 84.945 pessoas – 9,4% do total de mortes do país.

Os dados utilizados na publicação foram coletados no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, que capta os óbitos ocorridos no país dentro ou fora de ambiente hospitalar e com ou sem assistência médica. De acordo com o ministério, a tendência de morte não varia muito em um curto período de tempo e as informações refletem a atual situação da mortalidade no país.

Em 2005, o SIM captou 1.006.827 óbitos em todo o país – um coeficiente de 5,5 mortes por mil habitantes. A base populacional utilizada foi a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de 2005 – 184.184.074 habitantes.

Mais da metade das pessoas que morrem no Brasil são homens, revela pesquisa

Embora as mulheres representem a maioria da população brasileira, a pesquisa revela que o índice de mortes entre os homens é maior. De acordo com dados da publicação Saúde Brasil 2007, de um total de 1.003.350 óbitos ocorridos em 2005, 582.311 eram pessoas do sexo masculino (57,6%).

A principal causa registrada, segundo a pesquisa, foram as doenças isquêmicas do coração – grupo que inclui o infarto –, responsáveis por 49.128 homens morreram. As doenças cerebrovasculares seguem em segundo lugar no ranking, com 45.180 óbitos, seguidas pelos homicídios, com 43.665.

O estudo destaca que a prevalência de mortes em pessoas do sexo masculino se repete em todas as regiões do país. Dentre as principais tendências de mortalidade para os homens apontadas pela pesquisa no período entre 1980 e 2005, as doenças do aparelho circulatório (doença cardiovascular, doenças isquêmicas e cerebrovasculares), as causas externas (homicídios e acidentes de transporte) e as neoplasias (cânceres de traquéia, brônquio, pulmão, próstata e estômago) são as que mais mataram mais homens de15 a 59 anos de idade.

Mortes por acidentes de trânsito só não ultrapassam homicídios, indica pesquisa

Os acidentes de trânsito representam uma das principais causas externas de morte no país – só não ultrapassam os homicídios. De acordo com a publicação, Saúde Brasil 2007, 35.155 pessoas morreram em 2006 pela violência no trânsito.

As mortes, de acordo com a pesquisa, se concentraram em homens adultos jovens (com idade entre 20 e 59 anos), residentes em municípios de pequeno porte populacional. No caso de atropelamentos, o risco de morte é maior entre os idosos; para ocupantes de veículos, o risco é maior para o grupo de 20 a 59 anos. Entre os motociclistas, o risco concentra-se na faixa de 20 a 29 anos.

As regiões Centro-Oeste e Sul apresentaram os maiores riscos de morte por acidente de trânsito. A região Centro-Oeste registra, segundo o ministério, o maior risco de morte para acidentes envolvendo motociclistas e ocupantes de veículo. Já o maior risco de morte por atropelamento foi registrado na região Norte. Santa Catarina, Mato Grosso e Paraná foram os estados que apresentaram as maiores taxas de morte provocadas pela violência no trânsito.

O ranking de óbitos, de acordo com o estudo, é liderado pelos atropelamentos de pedestres, com um total de 27,9% do casos – a maioria deles entre crianças e idosos acima de 60 anos. Em segundo lugar estão os ocupantes de automóveis, com 21%, e, em terceiro, os acidentes envolvendo motociclistas, com 19,8%.

Dados da publicação apontam que os motociclistas mortos no trânsito saltaram de 300 em 1990 para quase 7 mil em 2006. Os maiores riscos de morte foram registrados na faixas etária de 15 a 39 anos, nos municípios de porte populacional menor que 100 mil habitantes e nas regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste.

Câncer é a principal causa de morte entre mulheres em idade fértil

A pesquisa revelou, também, que as neoplasias – grupo que reúne vários tipos de câncer – foram responsáveis pelo maior número de mortes entre mulheres com idade fértil no Brasil em 2005, quando atingiram o percentual de 23% do total dos óbitos na faixa etária de 10 a 49 anos. O câncer chegou a superar as doenças do aparelho circulatório e já ocupa o segundo lugar no ranking da mortalidade feminina.

Em 2005, as mulheres em idade fértil representavam 65% da população feminina. As agressões por arma de fogo também são apontadas pelo estudo como uma das principais causas de morte no grupo – com uma média de 1,6 mil óbitos em 2005 – e seguidas pelos acidentes com veículos e pelos atropelamentos.

O câncer de mama e o câncer de colo de útero caracterizam, de acordo com a pesquisa, as principais causas de morte em meio às neoplastias. Em 2005, os tumores malignos da mama, por exemplo, mataram 2,7 mil brasileiras em idade fértil.

Ao avaliar as causas consideradas específicas de morte entre mulheres de 10 a 49 anos, o estudo indica que as doenças cerebrovasculares – como o Acidente Vascular Cerebral (AVC) – o infarto e a hemorragia intracerebral são as que mais matam. No total, elas foram responsáveis por 4.552 mortes em 2005 e por uma taxa de 7,5 de óbitos para cada 100 mil mulheres.

Em seguida aparecem os acidentes de transporte terrestre que, no mesmo ano, foram responsáveis por sete óbitos para cada 100 mil mulheres em idade fértil. Em terceiro lugar estão os homicídios, com uma taxa de 5,3 para cada 100 mil. Doenças infecciosas e parasitárias também aparecem entre as cinco primeiras causas de morte específicas levantadas pelo estudo.

No quadro geral da mortalidade dos brasileiros, o câncer ocupa o segundo lugar entre as causas de mortes no Brasil e chegou a matar 147.418 em 2005 – 16,7% do total de óbitos. Já no levantamento por regiões, a doença é a segunda causa de morte no Sul e no Sudeste e a terceira nas demais regiões.

Acidente Vascular Cerebral e homicídios matam mais negras do que brancas

As doenças cerebrovasculares, seguidas pelos homicídios, foram os principais responsáveis pela morte de mulheres pretas e pardas com idade fértil em 2005. De acordo com a publicação Saúde Brasil 2007, o risco para o grupo chega a ser duas vezes maior do que para mulheres brancas em casos das doenças cerebrovasculares e até três vezes maior em casos de homicídios.

O estudo aponta que os óbitos diferenciados em relação à raça e à cor podem estar associados a tendências genéticas, uma vez que as mulheres pretas e pardas sofrem mais de hipertensão. Entretanto, o próprio ministério indica que as causas também podem estar associadas à pobreza e à dificuldade de acesso aos serviços de saúde.

Mortes provocadas pelo vírus HIV ocupam o segundo lugar no ranking de óbitos entre mulheres pretas e pardas com idade entre 10 e 49 anos. O risco, de acordo com a pesquisa, chega a ser 2,6 vezes maior do que entre mulheres brancas.

A Paraíba é o estado brasileiro com o maior risco de óbito por assassinato para negros. O índice chega a ser nove vezes maior em relação à população de brancos. Em 2005, as notificações de mortes por homicídio no estado projetaram taxa de 30,2 óbitos para cada 100 mil pretos ou pardos enquanto para os brancos o índice foi de 3,3. Em seguida estão os estados de Alagoas e do Distrito Federal, onde o risco para esse tipo de morte é quase seis vezes maior para a população parda ou negra.

Matéria de Paula Laboissière, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 07/11/2008.

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