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China eleva tributação sobre carros que consomem e poluem mais


Seguindo a tendência iniciada em países europeus, a China inicia um processo de sobre-taxação de veículos com maior consumo de combustíveis e maior emissão de poluentes. Por Mylena Fiori, da Agência Brasil, com informações adicionais de Henrique Cortez, do EcoDebate,

Ministério de Finanças da China anunciou o aumento das taxas sobre carros maiores, que consomem e poluem mais. Em contrapartida, baixou as taxas sobre carros econômicos e menos poluentes.

No ano passado, os modelos mais vendidos foram aqueles com motor entre 3.0 e 4.0, enquanto a procura por carros com potência inferior a 1.0 caiu 31%. Para inverter o perfil de consumo, o governo subiu de 15% para 25% a taxa nesta faixa de veículo.

A elevação foi ainda maior para modelos com potência acima de 4.0 – nesse caso, o imposto subiu de 20% para 40%. O valor cobrado foi mantido para carros com motor entre 2.2 e 3.0 (9%) e entre 1.0 e 2.2 (5%). Para veículos com potência igual ou menor que 1.0, a taxa caiu de 3% para 1%.

Modelo tarifário semelhante já havia sido adotado na Alemanha, no Reino Unido e na França. No caso françês, foi criado pelo governo o modelo “bonus-malus”, que concede créditos de 200 à 1000 euros para os veículos que respeitam mais o meio-ambiente e penaliza os mais poluentes com «multas » de 200 a 2600 euros.

O sistema adotado pelos países europeus visa fomentar a fabricação de veículos mais eficientes e, ao mesmo tempo, motivar o consumidor para a substituição da frota. A substituição da frota por veículos mais eficientes é incentivada, não exatamente para combater o aquecimento global, mas, principalmente, em razão dos crescentes custos do petróleo.

A China já é o segundo maior mercado automotivo do mundo. O número de carros circulando pelo país aumentou dez vezes nos últimos sete anos, passando de quatro milhões, em 2000, para 40 milhões no ano passado. O país é também o segundo maior produtor de carros do mundo, com nove milhões de unidades em 2007 – no primeiro semestre deste ano, a China montou 5,2 milhões de veículos, de acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Em junho o governo central chinês já havia anunciado o aumento do preço da gasolina e do óleo diesel, na tentativa de inibir a circulação de veículos e os conseqüentes aumentos do consumo de petróleo e da poluição.

Segundo previsão da Agência Mundial de Energia, em 2010, a China consumirá 20% de toda a energia mundial e importará mais de 50% de sua necessidade de petróleo, o que impõe medidas urgentes na direção de uma maior eficiência energética.

A China, no entanto, não pretende, no curto prazo, criar qualquer política pública de substituição de frota ou, principalmente, de redução do número de veículos particulares em circulação, principalmente porque os automóveis são tratados como símbolos da “nova economia” chinesa.

No quesito meio ambiente, a China também tem muito dever de casa. Das 20 cidades mais poluídas do mundo, 16 são chinesas, de acordo com o Banco Mundial. Na capital, Pequim, um terço da poluição vem dos três milhões de carros que circulam na cidade.

[EcoDebate, 16/08/2008]