EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Levantamento mostra que quase 5 mil km2 da floresta são devastados a cada ano


Foto: Dida Sampaio/AE

Destruição sem fim – A cada ano, a Amazônia Legal perde, em média, 0,5% de suas florestas. O percentual parece pequeno, mas equivale a uma área de quase 5 mil quilômetros quadrados. Os cálculos foram feitos pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). A organização não-governamental (ONG) divulga hoje um levantamento que mostra um crescimento de 23% na taxa de destruição da mata em junho quando comparado ao mesmo mês do ano passado. Pouco mais de 612km² de floresta foram cortados ou queimados em quatro semanas. Nesse ritmo, um hectare e meio (15 mil metros quadrados ou pouco mais de um campo de futebol) da maior floresta tropical do planeta é destruído a cada minuto. Leonel Rocha, da equipe do Correio Braziliense, 29/07/2008.

No levantamento, o Imazon utiliza dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), com imagens dos satélites CBERS e Landsat. No período entre agosto de 2007 e junho deste ano, a derrubada atingiu 4.754km² de área, representando 9% de crescimento com relação aos 11 meses imediatamente anteriores. “Os dados desse levantamento mostram que o país desmata intensamente há mais de 30 anos e não consegue parar. As medidas adotadas até agora pelo governo foram insuficientes”, lamenta Adalberto Veríssimo, consultor do Imazon e um dos responsáveis pelo levantamento e análise dos dados de junho.

Chuvas

A ONG considera preocupante a atual situação, que, segundo seus consultores, deve piorar. Isso porque no mês de junho houve reversão da leve tendência de queda no ritmo de queimadas registrado em maio. Em julho, segundo o Imazon, aumenta ainda mais a pressão pelo desmate de florestas para a formação de pastos. Por isso, até setembro, quando as chuvas retornam à região, a tendência de alta das queimadas deverá ser mantida.

Pouco mais de 68% do desmatamento apontados pelo instituto ocorreram em áreas privadas ou em regiões de posse. Os assentamentos de reforma agrária, de acordo com o levantamento do Imazon, foram responsáveis por 18% do desmatamento na Amazônia Legal. A destruição de árvores ocorreu também dentro de Unidades de Conservação, onde a derrubada deveria ser zero. A situação foi mais crítica no município de Triunfo do Xingu (PA), que perdeu 21km² de suas florestas nacionais. Só o Parque do Jamanxim perdeu quase 12km² de árvores.

As terras indígenas continuam sendo as mais preservadas e respondem por apenas 3% da devastação na Amazônia. “Queimadas e destruição de florestas dentro de unidades de conservação são um péssimo exemplo dado pelo governo, que não tem condições de cuidar das florestas nacionais”, critica Adalberto Veríssimo, do Imazon. Ele alerta que a suspensão do crédito para os desmatadores, como determinou o Conselho Monetário Nacional (CMN), não está funcionando.

Pará assume posto de maior vilão

As margens da BR-163 e da antiga rodovia Transamazônica no Pará passaram a ser os pontos de maior concentração de destruição de florestas na Amazônia Legal, segundo os dados do sistema de controle de queimadas do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Com isso, Mato Grosso, dirigido pelo governador Blairo Maggi, deixou de ser o maior responsável por queimadas, perdendo o vergonhoso posto para o Pará, governado pela petista Ana Júlia Carepa.

Os quatro maiores índices de desmatamento foram registrados nos municípios paraenses de Altamira, São Félix do Xingu, Novo Progresso e Pacajás. Das 10 cidades onde mais se derruba árvores da Amazônia, nove estão no Pará e uma em Rondônia – a capital Porto Velho.

Segundo os cálculos do Imazon, 63% do total de florestas destruídas estavam em terras paraenses. Mato Grosso ficou em segundo lugar, com 12% do total de árvores retiradas. Rondônia vem em seguida (11%) e, logo depois, o Amazonas (10%). De acordo com dados históricos da entidade ambientalista, entre agosto de 2006 e junho deste ano, Tocantins foi o estado onde a devastação mais cresceu (383%).

Queda

Entre agosto de 2007 e junho passado foram desmatados 1.936km² de floresta no Pará, um crescimento de 46% em comparação aos 11 meses imediatamente anteriores. Em Mato Grosso, a devastação no período foi de 2.074km², o que representou queda de 14%.

Apesar de o estado ter mantido a liderança em áreas de florestas destruídas, a contenção foi comemorada pelo governador Maggi, apontado pelos ambientalistas como incentivador do avanço da fronteira agrícola sobre a Amazônia. Os dois estados mais Rondônia contribuíram com 94% do total desmatado nos últimos meses.

Não foi possível detectar a situação do desmatamento em 14% da Amazônia Legal, devido à ocorrência de nuvens nas imagens captadas pelo satélite. A baixa visibilidade do satélite ocorreu em Amapá, norte de Roraima, norte e noroeste do Amazonas e norte do Pará. Os dados do Maranhão não foram analisados pelo Imazon.

O Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anuncia hoje os novos índices de queimadas elaborados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que calcula o índice oficial de desmatamento na Amazônia. Segundo o ministério adiantou, houve redução de 20% no desmatamento em junho, mas não foi revelado o período de referência para a comparação. (LR)

NENHUM COMPRADOR

Pela terceira vez consecutiva, o governo não conseguiu vender o lote de pouco mais de 3 mil cabeças de gado apreendidas em junho durante uma operação conjunta da Polícia Federal e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na estação ecológica Terra do Meio, em Altamira (PA). Não houve interessados no rebanho. Um novo leilão está marcado para a próxima terça-feira, sem a definição de preço mínimo, como foi feito até agora.

[EcoDebate, 30/07/2008]