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Impactos negativos (e alguns positivos) dos resíduos da construção civil, artigo de Antonio Silvio Hendges

 

usina de reciclagem de resíduos da construção civil

Impactos negativos (e alguns positivos) dos resíduos da construção civil, artigo de Antonio Silvio Hendges

[EcoDebate] A Associação das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – Abrelpe informa no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil em 2014 que foram produzidas 117.435 toneladas/dia de resíduos da construção civil – RCC, correspondente a 0,584 Kg/habitante/dia no país.

As obras civis, privadas ou públicas, causam impactos significativos ao meio ambiente, interferindo em aspectos físicos, bióticos e antrópicos, gerando resíduos desde a preparação dos terrenos, processos construtivos, reparos, reformas e demolições em suas várias fases.

Os RCC são compostos de diversos materiais como os provenientes da terraplanagem e preparação dos terrenos (terra, pedras), componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento), embalagens de produtos, materiais construtivos e acabamentos (plásticos, papéis e papelões, madeiras, metais), vidros, gesso, restos de argamassa e concretos, resíduos perigosos (tintas, solventes, óleos, amianto, produtos contaminados, restos de reformas, reparos e demolições de clínicas radiológicas e indústrias).

Os resíduos da construção civil possuem um grande volume e o descarte inadequado impacta negativamente amplas áreas comprometendo o meio ambiente e alterando as paisagens, prejudicando as condições de tráfego de veículos e pedestres, dificultando a drenagem urbana dos esgotos sanitários e águas pluviais, desde a superficial ao assoreamento e obstrução de rios que são componentes essenciais nos sistemas urbanos de escoamento e da prevenção de enchentes. Os descartes em áreas de preservação permanentes, fontes, lagos e lagoas, rios e riachos, terrenos baldios, áreas públicas e periferias das cidades desconsidera totalmente os aspectos socioambientais e privatiza os bens públicos e intangíveis.

Os descartes irregulares de RCC geralmente tornam-se também depósitos irregulares de outros resíduos volumosos e urbanos, inclusive resíduos industriais que podem contaminar as áreas próximas e águas subterrâneas. São locais apropriados à proliferação de animais nocivos aos seres humanos como roedores, aracnídeos (aranhas, escorpiões) e insetos, incluindo-se transmissores de endemias graves como o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e possivelmente o zika vírus. A desvalorização imobiliária das áreas afetadas e suas proximidades ampliam os impactos econômicos negativos decorrentes da má gestão dos RCC.

Mas os RCC também podem ser reaproveitados e reciclados através da gestão e gerenciamento adequados, com adoção de políticas públicas e educativas que incentivem a classificação adequada nas suas origens e o uso dos agregados nas próprias geradoras, em outras obras ou a sua reservação em aterros adequados para usos futuros. Materiais como embalagens diversas (cimento, argamassa, gesso, tintas imobiliárias, componentes elétricos e hidráulicos) compostas de papéis, papelões, plásticos e metais devem ser encaminhados para reciclagem, assim como madeiras, vidros, plásticos e metais diversos. Os rejeitos e resíduos perigosos (tintas e solventes, óleos, materiais contaminados, amianto, materiais radioativos) devem ser encaminhados para aterros adequados de acordo com a sua classificação legal.

A adoção de políticas públicas de gestão e gerenciamento adequados dos RCC e incentivos à instalação de unidades de triagem e processamento destes resíduos, públicas ou privadas, contribuirá para a prevenção e solução de vários problemas urbanos, incluindo-se a economia de recursos públicos, a prevenção de doenças, a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente do conjunto dos espaços urbanos. A geração de trabalho, renda e tributos também deve ser considerada como um dos aspectos positivos dos RCC quando adotadas práticas adequadas à sua valorização, evitando-se o descarte ambientalmente inadequado.

No próximo artigo – Gestão e Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil

Antonio Silvio Hendges, Articulista no EcoDebate, professor de Biologia, Pós Graduado em Auditorias Ambientais, assessoria em educação ambiental, resíduos sólidos e sustentabilidade – www.cenatecbrasil.blogspot.com.br

 

in EcoDebate, 15/03/2016

[cite]

 

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