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Esporte nacional, artigo de Montserrat Martins

 

opinião

 

[EcoDebate] Virou esporte nacional debochar da Presidenta nas redes sociais, um fenômeno que vai muito além da ideologia, ou da política: se hoje um cachorro fizer caca na frente de um edifício, as pessoas vão culpar ela, que está com a moral abaixo do cachorro. Não há mais manifestações por impeachment, zoar virou costume, a diversão são memes com caretas da Dilma e os dizeres mais diversos que a criatividade pode inventar. O que magoa a Dilma não é a faceirice do Aécio, o desagravo da Marina e nem um enlouquecido Bolsonaro dizendo horrores dela. O que dói na Dilma é o Mercadante se segurando pra não rir dos memes gozando dela.

Perguntaram pro Marcelo Madureira do Casseta e Planeta porque pegou chamarem gaúchos de “viado” e ele explicou, bem simples: “É porque o gaúcho se importa. Se chamasse o baiano de viado tava tudo bem, não tinha graça”. A graça de debocharem da Dilma é justamente essa, a cara de braba da Presidenta, sua falta de ginga, de malandragem, de dar alguma resposta mais engraçada que o deboche. O Lula é malandro, quando falaram do tsunami econômico ele disse que era uma “marolinha”; o Maluf era malandro, para se comunicar com o povão; o Romário sabe fazer uma frase criativa como aquela de que “o Pelé calado é um poeta”.

O Fortunatti foi flagrado batendo fotos das modelos do UFC de biquini, e aceitou a gozação da imprensa, disse que se qualquer cidadão bate fotos, porque o Prefeito não pode bater, se elas são bonitas mesmo? O Obama já enfrentou saia-justa com a Michelle, mas não perdeu o bom humor. O Sartori tem aquele jeito de gringo que está todo enrolado com as contas do Estado, mas sabe fazer bem o papel de vítima, um outro tipo de malandragem. Cada um dribla de um jeito, a Dilma é “cintura dura”.

Os políticos mais diversos, das mais diversas ideologias, tem ginga, jogo de corpo, sabem brincar, aceitam serem zoados e também zoam dos outros. Malandro não fica brabo, ironiza. Pois foi com a ginga do Lula que a Dilma se elegeu da primeira vez, da segunda foi com a malandragem do seu marqueteiro João Santana.

Qual foi a sacada genial do marqueteiro? Ele tinha de “vender” uma personagem que tem feições duras, cara de braba, que não sabe brincar, não é espontânea, a antítese de uma política, que tem ares de burocrata durona. Pois o Santana “sacou” que tinha de transformar defeitos em qualidades e inventou o meme da “Coração Valente”, uma espécie de “justiceira”, uma Che Guevara tupiniquim.

A juventude se vestiu de Coração Valente, a que não ia deixar retroagir os direitos “nem que a vaca tussa”. Não rolou. Ela está lá instalada em seu posto, fazendo tudo que os outros querem, para não perder o seu lugar. Era só um meme. O povo se diverte, agora, criando memes da vaca tussindo, só pra ver a cara de braba dela.

Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade.

Publicado no Portal EcoDebate, 08/06/2015

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2 thoughts on “Esporte nacional, artigo de Montserrat Martins

  • No último sábado, assisti a um show da Fafá de Belém. Em meio a músicas antigas e atuais e a fados portugueses, Fafá deu uma tirada genial: disse que, em uma democracia, a eleição não é para dividir, mas para somar.
    A última eleição presidencial dividiu o país. Para usar o título do texto do Montserrat, tenho verificado que os derrotados “torcem” para que Dilma tropece e o país vá cada vez pior.
    Isso não é democracia.

  • Chegamos ao cúmulo da falta de respeitabilidade da maior autoridade na hierarquia nacional. Alguém, sob a minha ótica, está segurando essa “barra”, eis que a Presidente se assemelha à Rainha da Inglaterra, sem a tradição real, é claro, mas ocupando cargo sem função, meramente decorativo. A diferença mais triste é que Elizabeth!! é orgulho dos ingleses, e a Presidente Dilma não tem o mesmo para os brasileiros. Ninguém “torce” para que o Brasil vá cada vez pior, tenho certeza disso, mas sabemos todos que não temos a quem recorrer, e que a “vergonha” a que somos submetidos é constrangedora, a ponto de colocarmos a tolerância à frente, sob o espírito brejeiro e debochado dos brasileiros. Vamos de mal a pior. Resta-nos a esperança e a fé em Deus.

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