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Homeopatia em plantas e animais, artigo de Roberto Naime

 

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[EcoDebate] A homeopatia é conhecida das ciências agrárias há mais de 2 séculos, como atesta Andrade (2000), citado por Lorenzetti (2014), ainda existe enorme carência de pesquisas envolvendo plantas. Certamente esta realidade tem a ver com o modelo atualmente hegemônico e os interesses econômicos envolvidos. No campo veterinário, segundo Cruz (2006), o interesse pela homeopatia é crescente devido às restrições impostas ao uso de certas substâncias farmacológicas pelos mercados consumidores das proteínas. Em seu trabalho cita a eficiência de certas substâncias homeopáticas utilizadas.

Arenales (2002), também citado por Lorenzetti (2014) destaca que a homeopatia não tem tradição no controle de insetos, mas que sua evolução resulta em medicamentos que não sofrem restrições e não provocam danos aos animais e aos consumidores dos produtos de origem animal gerados. Também não geram alterações ambientais e nem alterações ao odor ou sabor dos produtos. No meio animal a utilização de homeopatia é mais corrente que no meio vegetal.

Na agricultura os primeiros registros citados são atribuídos a Rudolf Steiner, idealizador da agricultura biodinâmica. A agricultura biodinâmica enfatiza o uso de preparações dinamizadas que sintetizam questões energéticas.

A homeopatia guarda extrema conformidade com as bases da agricultura orgânica onde a biodiversidade e os princípios naturais são respeitados. Assim como na legislação orgânica brasileira, se procura entender os sistemas produtivos como base para a obtenção de equilíbrio vital (Casali et. Al., 2001). Rossi (2004), citado por Lorenzetti (2014), assevera que embora esteja em estado incipiente, a homeopatia tem um potencial muito amplo, pois harmoniza o meio ambiente e os cultivos de plantas inseridos no sistema, possibilitando a produção de alimentos saudáveis em sistemas de cultivos estritamente equilibrados com as condições ambientais.

A homeopatia aplicada a cultivos vegetais tem sido chamada de agrohomeopatia, e segundo Lorenzetti (2014) era uma área do conhecimento humano que iniciou com pouca relevância, mas hoje se expande por diversas instituições de pesquisa, ensino e extensão em todo o país. Este autor cita grupos de pesquisa proeminentes na Índia, França, Alemanha, Itália e México.

Na Universidade de Bologna as pesquisas atingiram resultados relevantes e citados com hortaliças. Lorenzetti (2014) cita no país, a Universidade Federal de Viçosa e a Universidade Estadual de Maringá, como expoentes. Mas o que realmente importa é que a concepção de agricultura como se fosse uma indústria, ou uma produção contínua de plantas, deve ser alterada para uma produção com concepção que deve ser sistêmica e inserida nos ecossistemas locais, na busca do mais completo e integral equilíbrio.

Existe consciência de que está modificação, paradigmática e fundamental, não ocorrerá em uma ou em poucas gerações. Produção vegetal não podem ser concebidas como linhas de montagem, como se fossem estruturas “fordistas”, pois exigem cuidados com a infinitude de fatores ambientais, em busca de equilíbrio ecossistêmico e plena manutenção da biodiversidade, para garantir a operação e o funcionamento de todos os serviços ambientais disponibilizados.

E se sabe que este pode ser um serviço ambiental inestimável e oneroso, que necessite ser remunerado e se reconhece esta abordagem. Resta saber qual é a melhor solução. Consumidores e contribuintes nacionais poderão estar cada vez mais vinculados. Quando a destinação for preferencialmente exportadora, nada mais adequado do que o repasse dos custos aos mercados finais. Os países da comunidade européia e do primeiro mundo em geral, estão cada vez mais preocupados com esta realidade ou utilizando questões ambientais para gerar proteções de mercados, mas no momento, não importa discutir isto.

Não é necessário que ocorram restrições de mercados consumidores animais ou vegetais para que se reconheça esta realidade e se organizem sistemas produtivos equilibrados e harmonizados em termos ambientais, que caminhem em direção à sustentabilidade e que garantam melhor qualidade de ambiental e qualidade de vida para as presentes e as futuras gerações. Como diria aquela publicidade de cartão de crédito: isto não tem preço, a ser apropriado.

Referência:

ARENALES, M. C. Homeopatia em gado de corte – I Conferência Virtual Global sobre Produção Orgânica de Bovinos de Corte – 02 de setembro à 15 de outubro de 2002, Universidade do Contestado Concórdia – SC e Embrapa Pantanal – Corumbá – MS

ANDRADE, F. M. C. Homeopatia no crescimento e produção de cumarina em chambá Justicia pectoralis Jacq. Viçosa, Mg: UFV, 2000 124f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia), Universidade Federal de Viçosa, 2000

CASALI, V.W.D., CASTRO, D. M., ANDRADE, F. M. C. Homeopatia vegetal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HORTICULTURA ORGÂNICA, Natural, Ecológica e Biodinâmica, 1, 2001, Piracicaba. Resumos… Botucatu: Agroecológica, 2001. p. 235-236.

CRUZ, J. F.; VIANA, A. E. S.; OLIVEIRA, D. F.; FERRAZ, R. C. N.; MAGALHÃES, M. P.; SANTOS, D. D.; CRUZ, R. S.; CRUZ, A. D.; ZACHARIAS, F. A homeopatia como ferramenta de controle de helmintos gastrintestinais em caprinos criados em sistema extensivo. A Hora Veterinária, v. 26, n. 154, p. 37-40, 2006.

LORENZETTI, E. R. Agrohomeopatia – uma nova ferramenta ao alcance do agricultor. In.: http://portaldahorticultura.xpg.uol.com.br/agrohomeopatia.html. Portal da Horticultura, acesso em 19/08/2014 as 14h.

ROSSI, F. et al. Cultura Homeopática, São Paulo, v. 3, n. 7, 2004, p. 12-15

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

Publicado no Portal EcoDebate, 08/05/2015

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