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Ipea desculpa-se por erro em resultado de pesquisa sobre violência contra mulher

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) comunicou na sexta-feira (4) que houve erros na divulgação de resultados da pesquisa “Tolerância social à violência contra as mulheres”. Foram trocados os gráficos percentuais das perguntas “Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar” e “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.

Com a correção, constatou-se que 65,1% concordam total ou parcialmente que mulheres que são agredidas pelos parceiros, mas continuam com eles, “gostam de apanhar”. Por outro lado, 70% dos entrevistados discordam, total ou parcialmente, da afirmação de que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. Após a detecção do erro, o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Rafael Guerreiro Osorio, pediu exoneração.

“Vimos a público pedir desculpas e corrigir dois erros nos resultados de nossa pesquisa”, retratou-se a entidade, em nota. “Com a inversão de resultados entre as duas questões, relatamos equivocadamente, na semana passada, resultados extremos para a concordância com a segunda frase, que, justamente por seu valor inesperado, recebeu maior destaque nos meios de comunicação e motivou amplas manifestações e debates na sociedade ao longo dos últimos dias”.

A pesquisa tinha revelado anteriormente que 65,1% concordavam que mulheres que usam roupas curtas mereciam ser atacadas. O resultado gerou protestos em rede sociais e reverberou na imprensa. Homens e mulheres se posicionaram contra o suposto machismo revelado nas respostas. A frase “Eu não mereço ser estuprada” foi amplamente reproduzida na última semana.

A jornalista Nana Queiroz, criadora da frase, chegou a ser ameaçada após o início dos protestos. “Amanheci de uma noite conturbada. Acreditei na pesquisa do Ipea e experimentei na pele sua fúria. Homens me escreveram ameaçando me estuprar se me encontrassem na rua, mulheres escreveram desejando que eu fosse estuprada”, relatou Nana, em sua página em uma rede social. A presidenta Dilma Rousseff chegou a manifestar apoio à campanha e à jornalista.

Matéria de Marcelo Brandão, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 07/04/2014

Nota do EcoDebate: publicamos a matéria “Maioria acredita que mulher tem responsabilidade em casos de estupro, diz Ipea“, em 28/03/2014, no dia posterior à divulgação dos dados incorretos pelo Ipea. Leiam, abaixo, a nota de errata do Ipea

Errata da pesquisa “Tolerância social à violência contra as mulheres”

Vimos a público pedir desculpas e corrigir dois erros nos resultados de nossa pesquisa Tolerância social à violência contra as mulheres, divulgada em 27/03/2014. O erro relevante foi causado pela troca dos gráficos relativos aos percentuais das respostas às frases Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar e Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. Entre os 3.810 entrevistados, os percentuais corretos destas duas questões são os seguintes:

Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas
(Em %)

Corrigida a troca, constata-se que a concordância parcial ou total foi bem maior com a primeira frase (65%) e bem menor com a segunda (26%). Com a inversão de resultados entre as duas questões, relatamos equivocadamente, na semana passada, resultados extremos para a concordância com a segunda frase, que, justamente por seu valor inesperado, recebeu maior destaque nos meios de comunicação e motivou amplas manifestações e debates na sociedade ao longo dos últimos dias.

O outro par de questões cujos resultados foram invertidos refere-se a frases de sentido mais próximo, com percentuais de concordância mais semelhantes e que não geraram tanta surpresa, nem tiveram a mesma repercussão. Desfeita a troca, os resultados corretos são os que seguem. Apresentados à frase O que acontece com o casal em casa não interessa aos outros, 13,1% dos entrevistados discordaram totalmente, 5,9% discordaram parcialmente, 1,9% ficou neutro (não concordou nem discordou), 31,5% concordaram parcialmente e 47,2% concordaram totalmente. Diante da sentença Em briga de marido e mulher, não se mete a colher, 11,1% discordaram totalmente, 5,3% discordaram parcialmente, 1,4% ficaram neutros, 23,5% concordaram parcialmente e 58,4% concordaram totalmente.

A correção da inversão dos números entre duas das 41 questões da pesquisa enfatizadas acima reduz a dimensão do problema anteriormente diagnosticado no item que mais despertou a atenção da opinião pública. Contudo, os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros. As conclusões gerais da pesquisa continuam válidas, ensejando o aprofundamento das reflexões e debates da sociedade sobre seus preconceitos. Pedimos desculpas novamente pelos transtornos causados e registramos nossa solidariedade a todos os que se sensibilizaram contra a violência e o preconceito e em defesa da liberdade e da segurança das mulheres.

Rafael Guerreiro Osorio* e Natália Fontoura
Pesquisadores da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc/Ipea) e autores do estudo

* O diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea pediu sua exoneração assim que o erro foi detectado.

Acesse os microdados da pesquisa Tolerância social à violência contra as mulheres (arquivo Excel)

Acesse o dicionário de dados da pesquisa Tolerância social à violência contra as mulheres


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