EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Artigo

Clima não rima com lucro: da Especulação Financeira à Especulação com o Sistema Terra, por Alexandre Costa

 

[O que você faria se soubesse o que eu sei?] O negacionismo climático tem em comum com a lógica do mercado financeiro muito mais do que simplesmente a defesa da continuidade dos combustíveis fósseis ou o vínculo em geral facilmente identificado com a direita organizada. Envolve também uma perspectiva irresponsável, um comportamento de risco e uma linha de raciocínio de que o “estrago”, em acontecendo o pior, pode ser repassado adiante, seja aos trabalhadores (que arcam sempre com o ônus de bancos “socorridos” pelo Estado ou de “bolhas” financeiras estouradas), seja às gerações futuras (a quem caberá desatar o nó da crise climática segundo os negacionistas quando estes fazem concessão, por um minuto, de sua farsa e admitem que a mudança no clima pode vir a provocar catástrofes).

A financeirização do capital se completou na escala global. O próprio imperialismo, que no início e meados do século era baseado fortemente nos Estados nacionais, que serviam, além de aparatos militares, como agentes econômicos centrais via capitalismo de Estado por serem estes capazes de reunirem grandes somas de capital para investimentos em infraestrutura, sofreu mudanças expressivas.  Com fusões, compra de participações em outras companhias, flexibilização de regras econômicas em diversos Estados nacionais, aparecimento de acordos comerciais, etc., corporações globais se estabeleceram cada vez mais como força dominante, fortemente centradas nos bancos.

 

Incorporados organicamente ao mercado global os países do Leste Europeu e quebradas barreiras comerciais e restrições aos fluxos de capital, por um certo período, a reprodução capitalista adquiriu um caráter brutalmente especulativo. Não que esse traço tenha desaparecido, mas o sistema, após sucessivas crises, certamente percebeu a vulnerabilidade implicada em reprodução ampliada do capital instantânea, meramente especulativa e sem lastro nos processos de produção real de mercadoria (após rompimentos consecutivos de bolhas especulativas e quebras sucessivas de bancos, que foram socorridos novamente pelos Estados nacionais às expensas das classes que vivem do trabalho, claro!). Um certo balanço entre a – intrínseca, nesta etapa de desenvolvimento do capital – característica especulativa e a expansão da produção ou crescimento real mostrava-se necessário.
 
A poluição em Beijing, resultado principalmente da queima
de carvão em usinas termelétricas, tem levado a graves
problemas de saúde. Mundialmente, a poluição do ar já
mata mais do que AIDS, diabetes e acidentes de carro
combinados.

 

Ao mesmo tempo, exércitos produtivos imensos em potencial, particularmente o chinês, eram retirados da cama. Nesse novo encaixe econômico global, a China, que chegou a experimentar taxas de crescimento do PIB da ordem ou acima de 10% anuais por duas décadas, transformou-se no grande galpão de fábrica mundial. Ao mesmo tempo, países como o Brasil expandiram a sua fronteira de agronegócio, servindo de fazenda global (grande parte da soja brasileira – transgênica – exportada para a China vai para ser transformada em ração para porcos, cuja criação aumentou para suprir a demanda por mais consumo de carne pelos chineses). Esse novo ciclo de crescimento capitalista impôs novas pressões sobre o sistema Terra e, como mostraremos, aguçou brutalmente a crise ecológica no período recente.
 
Somente a indústria petroquímica, no Delta do Niger, é
responsável por um número enorme de conflitos ambientais,
conforme levantamento da Universidade Autônoma de
Barcelona, divulgado pelo site da BBC.

 

Resgata-se, aqui, a ideia de que o crescimento capitalista – a não ser que este fosse “puramente especulativo” – implica em aumento da demanda por matéria-prima e energia. Como regra global, do Canadá à Rússia, do Brasil e países andinos à África, da China ao Ártico, a combinação de ataques aos ecossistemas se dá pela busca de novas jazidas de minérios e de combustíveis fósseis, pela construção de novas grandes barragens para assegurar suprimento de água seja para geração de energia, seja para os processos industriais e para irrigação (ou ainda abastecimento humano de grandes metrópoles) e pela expansão da fronteira agropecuária. É o que fez com que o nível de ocupação das terras continentais (excluindo as calotas polares) ultrapassasse os ¾ globalmente (limitando a não intervenção humana a algumas áreas desérticas ou semidesérticas e outras de floresta tropical e boreal). Paralelamente, o consumo de água doce cresceu cerca de seis vezes nas últimas cinco décadas (enquanto a população pouco mais do que duplicou no mesmo período). Nesse quadro, o número de conflitos ambientais não tem cessado de aumentar, vide este levantamento da Universidade Autônoma de Barcelona divulgado pelo site da BBC.

 

Para além do crescimento da demanda “de entrada” no processo produtivo (entram matéria-prima, como constituinte material na produção, e energia, necessária para que as transformações que esta implica ocorram), há um fortíssimo crescimento nos rejeitos do processo produtivo, atestando a ruptura do metabolismo existente entre a sociedade e o restante da natureza. Esse metabolismo, como o de um ser vivo que obtém o alimento e elimina seus excretas para que estes sejam reprocessados no ambiente, deveria permanecer num estado de equilíbrio. Os fluxos de matéria e energia para dentro e para fora da sociedade (ou mais exatamente dos processos produtivos que a sustentam) deveriam se coadunar com a capacidade de reposição de recursos e de processamento de rejeitos pelo ecossistema global. Mas é evidente que isso não se dá no presente. Longe disso. A contaminação química do ecossistema terrestre é global. São exemplos o plástico nos oceanos; os metais pesados no solo, rios e penetrando por toda a biota via cadeia alimentar; o ozônio (desejável em camadas elevadas da atmosfera mas extremamente prejudicial próximo à superfície) produzido por reações fotoquímicas que se originam em motores e caldeiras de combustão e que gera smog (como o que literalmente obstrui a visão em Beijing e outras grandes cidades da China e outros países)… A mudança na composição química da atmosfera se dá de forma múltipla: a quantidade de aerossóis (particulado líquido e sólido em suspensão) se multiplicou brutalmente com os processos industriais, combustão de combustíveis fósseis e queimadas; gases que não existem naturalmente agora fazem parte do ar que respiramos, particularmente os halocarbonetos (que incluem os CFCs responsáveis pela degradação da camada de ozônio estratosférico e que, em seu conjunto, são gases de efeito estufa) e as concentrações de gases como óxido nitroso (resultante da decomposição de fertilizantes e outros agroquímicos nitrogenados), metano (emitido em associação com atividades agropecuárias) e, claro, dióxido de carbono, ou CO2. Além da influência brutal sobre o clima (os três últimos citados são gases de efeito estufa), o excesso de CO2 na atmosfera leva a que este se dissolva nos oceanos, acidificando-os (o pH já aumentou 0,1 desde o período pré-industrial, o que implica em um aumento no nível de acidez em quase 30%). À contaminação química, soma-se a contaminação radioativa, associada aos sucessivos testes nucleares e, claro, aos acidentes e vazamentos em reatores, como os casos trágicos de Tchernobyl e Fukushima. Ao se ter a humanidade (ou mais precisamente o capital) pressionando o ecossistema global como uma força de escala geológica, interferindo decisivamente (e em vários casos de forma dominante) nos ciclos biogeoquímicos e alterando a própria termodinâmica planetária, alguns cientistas propuseram que se caracterize o presente como uma nova época geológica, distinta do Holoceno (período de cerca de 10 mil anos de estabilidade climática ao longo do qual a civilização humana floresceu): o Antropoceno, conforme a designação proposta por Crutzen e Stoermer.
 
Segundo o IGBP,  dentre os limites do sistema-Terra, três já
foram ultrapassados (concentração atmosférica de CO2,
remoção de nitrogênio e perda de biodiversidade), com
pelo menos outros dois já bem próximos da fronteira.

 

Alguns cientistas propuseram a existência de chamados limites ou fronteiras do sistema Terra, que deveriam ser respeitados(as) a fim de se manter a estabilidade do ecossistema global. Esses limites seriam: a mudança climática, a acidificação oceânica, a degradação da camada de ozônio estratosférica, os ciclos do Nitrogênio e Fósforo, o uso de água doce, a mudança no uso e ocupação do solo, a taxa de perda de biodiversidade, as emissões de aerossóis e a contaminação química. Para alguns, os limites não chegaram a ser estimados quantitativamente, mas dos que o foram, pelo menos 3 já foram ultrapassados, a saber: o clima (a concentração atmosférica de CO2 não deveria ter ultrapassado 350 partes por milhão e beira os 400 ppm na média anual), o ciclo do Nitrogênio (cuja remoção da atmosfera não deveria ter ultrapassado 35 milhões de toneladas e já chega a 121 milhões) e a taxa de extinção de espécies, que é pelo menos 10 vezes maior do que a suportada pelo ecossistema global e de 100 a 1000 vezes maior do que a do período pré-industrial. Pelo menos outros dois limites se encontram muito próximos de serem ultrapassados (a quantidade de Fósforo fluindo para os mares, que já é cerca de 80% do valor “permitido” e o nível de acidez dos oceanos do planeta avaliado pela relação com a saturação para a aragonita, mineral que compõe as conchas, os exoesqueletos e várias estruturas de um sem número de organismos marinhos, sendo que 80% da “distância” entre as condições pre-industriais e o limite seguro já foi “percorrida”). A situação de outros três está longe de ser confortável: avalia-se que dois terços da água doce globalmente disponível já esteja comprometida com atividades humanas, principalmente agropecuária e processos industriais e de geração de energia, além do uso doméstico, a concentração de ozônio na estratosfera, não pode cair em mais do que 2,4% e, como citamos, ultrapassamos os três quartos na proporção de ocupação das terras continentais. Dois limites (referentes às emissões de aerossóis e à contaminação química do ecossistema global) não foram estimados quantitativamente.
 
Cada chaminé de termelétrica é um
canhão apontado contra a atmosfera.
A queima de combustíveis fósseis é
uma declaração de guerra ao futuro.

 

 
A ultrapassagem perigosa dos limites do Sistema Terra funciona, nesse sentido, com a mesma lógica especulativa aplicada ao sistema financeiro, ao mercado de ações e outros. Como muitos capitalistas no próprio mercado financeiro, globalmente, em relação à natureza, o capital age de forma arriscada, irresponsável, na prática se baseando na expectativa de que as probabilidades se materializem a seu favor. Especula-se com as (extremamente baixas) chances de que se possa ultrapassar a concentração segura de CO2 ou de ozônio estratosférico e, com a “graça” de alguma tecnologia ainda não existente, se possa ou retornar a patamares seguros no futuro ou resistir aos impactos. A aposta, baseada apenas no desejo, nas possibilidades de “adaptação” é falsa, ignora as leis da Física e a dinâmica biogeoquímica dos sistemas naturais. Não considera, ao contrário do que se deveria, as chances muitíssimo maiores de que as mudanças ora em curso marchem no rumo da irreversibilidade e que sejam profundamente danosas, a curto, médio e longo prazo para a humanidade e, porque não dizer, toda a complexa teia de vida que recobre o planeta. Uma esquerda em consonância com seu tempo, neste século XXI, precisa fugir dessa lógica antimaterialista, irresponsável e especulativa, dessa fé cega em alguma solução tecnológica milagrosa, de que se tem o “controle da situação”. É preciso pensar de maneira radicalmente distinta da lógica do capital, não só acerca das relações entre nós, humanos, mas acerca da nossa relação com o restante da natureza. Clima não rima com lucro. Capital não rima com natureza.

Alexandre Costa, Fortaleza, Ceará, Brazil, é Ph.D. em Ciências Atmosféricas, Professor Titular da Universidade Estadual do Ceará. Mantém o blogue O que você faria se soubesse o que eu sei?

EcoDebate, 27/03/2014


[ O conteúdo do EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.

Alexa

10 thoughts on “Clima não rima com lucro: da Especulação Financeira à Especulação com o Sistema Terra, por Alexandre Costa

  • Excelente texto. Muito esclarecedor e importante para a correta delimitação ecológica e política dos graves problemas sócio-ambientais. Parabéns ao Prof. ALEXANDRE COSTA pela sua seriedade e militância em prol da sustentabilidade da vida em nosso planeta.

  • Ricardo Machado

    A mãe Terra entrou no “cheque especial”

  • Como de regra, o Prof Alexandre inicia seu texto com insultos aos que não acreditam no que ele acredita. Ele usa o terno “negacionista” de forma generalizada, sem definir o que é ser “negacionista”, se é que é possível definir. Lendo o texto, fico na dúvida se:

    Negacionista: alguém que não acredita no que eu acredito, ou
    Negacionista: Alguém que acha que o capitalismo deve acabar, ou
    Negacionista: alguém que não acredita que o final do mundo será hoje a noite.

    Na verdade, sabemos que o termo é usado para desqualificar qualquer voz dissidente do catastrofismo climático, mesmo que o alvo possua alguns pontos comuns no entendimento da física atmosférica e a consequencia das emissões continuadas. Os céticos apenas acham que o fim do mundo não é hoje a noite, e que existem muitos outros problemas ambientais maiores para resolver com urgência do que a, com perdão do termo, a masturbação com modelos que já se mostraram falhos e exagerados.

    Grande parte dos céticos é, na verdade, cética das soluções milagrosas para diminuir as emissões de CO2. Muitas delas AUMENTAM as emissões, vide biofuels e outras energias “renováveis” (http://notrickszone.com/2014/03/25/analysis-shows-solar-modules-cause-more-greenhouse-gas-emissions-than-modern-coal-power-plants/). O professor deveria ser mais cauteloso, pois segundo pesquisas de opinião no exterior, os “negacionismo” já supera os que acreditam na catástrofe e é provável que muitos (senão a maioria) de seus alunos sejam “negacionistas” também. Aliás, gostaria de saber como ele trata destas questões com seus alunos. Se ele apenas impõe esta sua visão enviesada e ponto final. Ou se ele é aberto à dúvida e a diversidade de ideias como deveria ser o comportamento padrão de um professor universitário.

    O título do artigo está equivocado e tenta criar uma falsa luta. A de que ser capitalista (e portanto é ser negacionista. Esta estratégia de querer aliciar setores minoritários da sociedade para a luta contra a “crise climática” que não existe, já está manjada. Frequentemente ouvimos da boca dos burocratas não eleitos da ONU e de cientistas engajados no ativismo, que os “pobres serão os mais atingidos”, ou “as mulheres serão as mais atingidas” ou “as crianças serão as mais atingidas” ou, no limite, como afirmaram 2 cientistas da NASA no ano passado, “os homossexuais serão os mais atingidos”. Sinceramente, esta tentativa de criar um movimento grassroots a partir de uma crise que não existe é uma tentativa nojenta de manipulação das massas (uma regra do movimento climático que usa as mesmas táticas da indústria do tabaco).

    Voltando ao título, o autor não cita que George Soros, o mega especulador mundial é um dos maiores apoiadores do movimento do aquecimento global e, portanto, está do seu lado. Esquece também de falar na figura de Al Gore, um dos maiores oportunistas que já existiu na política americana e que está fazendo fortuna com o mesmo discurso do autor deste texto. Esquece de falar que o Banco Mundial, o Goldman Sachs, o JP Morgan, Deutche Bank, HSBC, Citigroup e outros poderosos bancos europeus estão dando tudo de si para implantar a especulação com o “mercado de carbono”, cujo sistema é frequentemente burlado na europa pela máfia italiana e russa (http://blogs.telegraph.co.uk/news/jamesdelingpole/100109539/who-funds-the-climate-alarmists/)

    O resto do texto parece ser apenas interpretação pessoal de alguns números sendo que alguns não resistem a uma análise mais racional e menos enviesada, e ativista, como a questão da “acidificação” dos oceanos, p.ex (http://joannenova.com.au/2012/01/scripps-blockbuster-ocean-acidification-happens-all-the-time-naturally/). Este é um scare antigo, frequentemente requentado e regurgitado na ausência de outros. “Acidificação” está entre aspas, pois é um termo incorreto. O oceano torna-se menos ou mais alcalino, mas jamais ácido. O termo tem sido empregado, entretanto, pois é este o termo que causa mais medo nas pessoas. Não existe por que ser tão catastrófico por um aumento de cerca de 0,17C nas temperaturas do oceano nos últimos 50 anos e, o pH dos oceanos varia 0,3 naturalmente. Querer que todos as variáveis climáticas sejam uma reta estável não condiz com a formação do professor.

    Uma geração inteira de “cientistas do clima” foi treinada para não observar a natureza. Apenas parametrizar modelos elaborados especialmente para responder ao incremento de CO2. Em uma descomunal demonstração de arrogância, eles aboliram a variabilidade natural do clima, desprezaram o sol, os oceanos e seus ciclos. Então, quando o CO2 aumentou 15% e as temperaturas aumentaram 0C (zero, null) eles ficaram confusos, e tentam agora, desesperadamente, explicar as causas da pausa/hiato nas temperaturas que já dura mais de 17 anos pelo conjunto de dados RSS. São os ventos! dizem uns. Não! são os vulcões, dizem outros. Não! são “anomalias” no oceano pacífico! bradam outros. E assim já temos uma mão cheia de “causas” para a pausa. E isto mostra que a variabilidade normal do clima não está bem entendida.

    E isto induz claramente que, não dominando a variabilidade natural do clima, jamais poderiam ter elaborados modelos climáticos e vende-los como uma certeza, uma unanimidade inequívoca. E não tendo certeza na ciência, elas jamais poderiam ser consideradas para a formulação de políticas públicas, sob pena de causar mais mal do que bem, como já vem acontecendo com certas energias “renováveis”. Como disse, isto é a mais pura arrogância pois o que não se sabe sobre a física e a química do clima é muito maior do que o que se pensa que se sabe.

    Mas a tônica do texto apenas passa a velha mensagem malthusiana: “já temos gente demais neste mundo”. E, o autor deveria dizer isto diretamente, mas não disse. Apontou apenas as consequencias de se ter uma população em crescimento, demandando alimentos, energia e bens de consumo, mas sem abordar abertamente a problemática.

    O professor escreve bem, embora tenha um viés claro que desqualifica o texto. Dias atrás um renomado cientista americano, constantemente chamado de “negacionista” (denier) se rebelou e passou a chamar seus agressores de “nazistas” e justificou muito bem o por quê. E, de fato, ele está coberto de razões, afinal, os nazistas tinham especial cuidado com a natureza (http://www.alerta.inf.br/909/). Sem falar nas “soluções finais” anti-humanas e radicais que os ativistas climáticos tem pregado mundo afora nos últimos anos. Por isto, caro professor, evite usar este termo em seus textos. O sr não vai conseguir nada com isto, a não ser polarizar o debate e, por antipatia, atrapalhar mais do que ajudar em uma solução.

    Fique frio. O mundo não vai acabar amanhã. Mas o catastrofismo climático vai terminar no lixo da ciência. Cedo ou tarde.

    Para aqueles que ainda preferem manter um senso crítico com esta hipótese do AGA, e não cair no discurso mediocre chapa-branca, vai aqui um excelente link para entender a “genética” do aquecimento global: http://www.appinsys.com/globalwarming/GW_History.htm

  • Magnífico texto.

    Me lembra uma conversa que tive um dia com meu marido. Eu estava frustada com muitas dessas manobras políticas e comentei “Será que esses ruralistas não vêem os tiros que estão dando no próprio pé?” e meu marido lembrou. “Eles não estão. Você esquece que eles são todos velhos. Quando os efeitos do que estão fazendo chegarem, eles estarão já mortos e enterrados. Por que se preocupariam em mudar o agora por um amanhã que não vão partilhar?”

    E a verdade é essa. Embora os efeitos de tudo o que se está destruindo sejam um piscar de olhos (menos que isso) geológico, os piores efeitos de toda a nossa destruição ao mundo (nem vou falar só do aquecimento global, eu acho que muito pior que o CO2 é a sexta grande extinção que estamos causando, numa taxa de destruição do restante da vida num ritmo maior que qualquer outro da história) não serão sentidos em uma escala de tempo humana.

    Hoje já temos algums problemas causados por tudo isso. Mas são coisas que podemos evitar, contornar, ignorar como mais estatísticas se não fomos nós os atingidos, mentir a nós mesmos que são só catástrofes normais, e que isso acontece mesmo.

    Mesmo nos cenários mais pessimistas que conheço, a vaca só vai para o brejo mesmo por volta de 2038. Eu que tenho 34 anos hoje vou estar com 58 anos, quase aposentando. Vinte e quatro anos são oito eleições no futuro. A maioria dos cenários mostra a vaca indo para o brejo por volta de 2100… Daqui a oitenta e seis anos, uma vida, quase 22 eleições no futuro. É de se espantar que a inércia impere?

    Quase todos os políticos de hoje vão estar mortos quando a vaca for para o brejo. Por que eles se preocupariam? Não adianta fazer como a mulher do pastor dos Simpsons, pois a verdade é que ninguém pensa nas criancinhas. E assim vamos assobiando pela escada do cadafalso.

  • A extinção de espécies sempre foi uma carta de alarmismo. Felizmente parece que o IPCC está voltando atrás:

    http://www.spiegel.de/international/world/new-un-climate-report-casts-doubt-on-earlier-extinction-predictions-a-960569.html

    Mais um mito dos alarmistas cai por terra. Por anos eles tem propagado e exagerado estas mentiras e quem diz o contrário ou questiona é um “denialista” ou desinformador. Mas a verdade vem cedo ou tarde e atropela a fantasia.

  • JFB,

    De fato, os novos relatórios do IPCC revisam e retificam conclusões anteriores, como o caso da extinção em massa e da savanização da Amazônia. Mas e daí, qual é o problema?

    ‘Pinçar’ informações de relatórios do IPCC fora de seus contextos impede a correta compreensão. Além disto, para melhor compreensão, é necessário informar o que o IPCC realmente faz.

    O IPCC não ‘produz’ ciência. Seus mais de 1500 pesquisadores, em vários grupos de trabalho e análise, consolidam e sistematizam dados de pesquisas / estudos. Cada relatório do IPCC é resultado da sistematização de centenas de estudos e pesquisas. Assim, cada relatório também revisa o relatório anterior e seus fundamentos, confirmando ou rejeitando conclusões. Ao longo do tempo, novas pesquisas e abordagens, com modelos cada vez mais aperfeiçoados, são incorporadas na sistematização e permitem ampliar o campo de compreensão.

    É natural portanto, que existam diferentes conclusões em seus relatórios, porque, cada um deles espelha sistematização das pesquisas do momento em que foi elaborado. E isto não é um defeito, ao contrário, é um mérito exatamente porque é assim que o conhecimento científico avança.

    O processo permanente de revisão do conhecimento é uma das bases fundamentais da ciência.

    Henrique Cortez

  • Caros amigos

    Cumprimento pelo texto muito interessante.

    Gostaria de obter referencias sobre sistemas de analise de “limites do Planeta” (referidos no texto), interessam-me particularmente os que enfatizem o problema do ciclo hidrológico.

    Cumprimentos

  • Valdeci Silva.

    Instintivamente, cada ser vivo procura manter-se vivo, seja evitando situações em que a vida é ameaçada, seja realizando todos os esforços possíveis para se nutrir, quando há carência de nutrientes. Com o capitalismo é semelhante. Mas devemos observar que ele se alimenta de lucro, e que, portanto, como os outros seres vivos, realiza todos os esforços possíveis para se nutrir, e manter-se vivo.

  • Henrique, já é de meu conhecimento como o IPCC trabalha. Mas nem sempre ele se apoia em literatura cientifica. A versão final é manipulada e muitas vezes não se apoia na ciência.

    Isto aconteceu em 2007:

    http://resistir.info/climatologia/mentira_aquec_global.html

    Isto está acontecendo agora:

    http://www.climatechangedispatch.com/un-author-says-new-draft-climate-report-alarmist.html

    Para vc tudo parece honesto, cientifico e cor-de-rosa. Mas alguns não concordam:

    http://nofrakkingconsensus.com/my-book/ e http://resistir.info/climatologia/climategate_28nov09.html e http://www.climatechangedispatch.com/a-history-of-the-disastrous-global-warming-hoax.html

    Entre muitos outros e outros e outros.

    A lista e efeitos danosos (ambientais, sociais e econômicos) das políticas empoderadas a partir de 2007 é muito longa para se colocar neste pequeno espaço. Por isto eu vejo sim, muitos problemas com este processo “cientifico” do IPCC.

    O mundo não pode ser chacoalhado por 7 anos e depois vem alguém e diz “opps, não era bem isto pessoal. Nos exageramos um poiuco mas agora de acordo com novas pesquisas o mundo não vai acabar amanhã”.

    Estamos frente a um processo danoso para a humanidade, para a natureza e para a economia, onde apenas oportunistas tem lucrado. É como fazer quimioterapia para curar uma espinha.

    De maneira nenhuma considero isto normal ou “ciência”. Isto é a mais pura e descarada política neo-colonialista.

    Ah, sim, nem precisa procurar nos sites de smear como Desmoblog. Certamente que os autores destes livros que referenciei, estão lá, criminosamente fichados. Assim, como está um valoroso profissional da meteorologia gaúcha. E é assim que eles agem.

  • JFB,

    Isto está cansativo e inútil, além de ter passado dos limites.

    Reitero o que expliquei sobre o IPCC.

    Citei o Desmoblog pela primeira vez, porque ele apenas foi usado para rastrear a origem do artigo que você reiteradas vezes citou e foi publicado no EIKE – Europäisches Institut für Klima und Energie, um instituto criado com objetivos negacionistas.

    Você insiste em desqualificar o que o EcoDebate publica, os autores, as fontes e tudo mais. Isto há anos…

    OK. Já está na hora de você buscar outra fonte de notícias ou criar um bloque em que possa expressar apenas o seu ponto de vista.

    Henrique Cortez

Fechado para comentários.