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Notícia

Os pontos-chave do 5º relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)

 

 

O IPCC apresenta seu relatório sobre mudanças climáticas, em Estocolmo

Seguem os pontos mais importantes do relatório publicado na sexta-feira (27) pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), em Estocolmo. Matéria da AFP, no Yahoo Notícias.

GERAL

“O aquecimento do sistema climático é inequívoco e desde os anos 1950, muitas das mudanças observadas são sem precedentes de décadas a milênios. A atmosfera e os oceanos esquentaram, as quantidades de neve e gelo diminuíram, o nível dos mares subiu e as concentrações de gases de efeito estufa aumentaram. A influência humana no sistema climático está claro”.

“Limitar as mudanças climáticas demandará fazer reduções substancias e sustentadas de emissões de gases estufa”.

A SITUAÇÃO ATUAL

“É extremamente provável que a influência humana tenha sido dominante por causa do aquecimento observado desde meados do século XX”.

“(…) Cada uma das últimas três décadas tem sido sucessivamente mais quente na superfície da Terra do que qualquer década precedente desde 1850. No hemisfério Norte, o período de 1983-2012 provavelmente foi o mais quente dos últimos 1.400 anos”.

Segundo o relatório, o aquecimento desde 1951 tem sido de cerca de 0,12º C por década. Este ritmo se desacelerou nos últimos 15 anos a 0,05º C por década, mas a escala de tempo é curta demais para tirar conclusões a respeito, destacou o informe.

Eventos extremos

“Mudanças em muitos eventos climáticos extremos têm sido observadas desde 1950”. O número de dias e noites frios decaiu e o número de dias e noites quentes, aumentou. “É provável que a frequência de ondas de calor tenha aumentado em grandes partes de Europa, Ásia e Austrália”, destacou o informe. “A frequência ou intensidade de fortes chuvas provavelmente aumentou na América do Norte e na Europa”.

Aquecimento dos oceanos

O oceano armazenou mais de 90% da energia acumulada entre 1971 e 2010. “É virtualmente certo que o oceano superficial (0-700 metros) tenha esquentado entre 1971 e 2010 e provavelmente esquentou entre 1870 e 1971”.

Gelo

“Com o passar das duas últimas décadas, a cobertura de gelo da Groenlândia e da Antártica tem perdido massa, as geleiras encolhido continuamente em quase todo o mundo e o gelo do mar do Ártico e a cobertura de gelo na primavera do hemisfério norte continuou a diminuir em extensão”.

A perda de cobertura de gelo na Groenlândia provavelmente aumentou de 34 bilhões de toneladas ao ano na década a 2001 para 215 bilhões toneladas um ano para 147 bilhões de toneladas um ano após a mesma escala de tempo, sobretudo do norte da península Antártica à região do mar de Amundsen, no oeste da Antártica.

O gelo do mar do Ártico contraiu-se a uma taxa de até 4,1% por década de 1979 a 2012; tem havido um encolhimento da extensão do gelo no verão a cada temporada e em todas as décadas sucessivas. Mas o gelo do Mar Antártico “muito provavelmente” aumentou até 1,8% por década no mesmo período.

A cobertura de gelo tem recuado no hemisfério norte desde meados do século XX. Também tem havido uma “redução considerável” da espessura e da extensão do permafrost (solo permanentemente congelad) da Sibéria nas últimas três décadas.

Nível do mar

O nível médio do mar em todo o mundo aumentou 19 cm entre 1901-2010, 1,7 mm ao ano, em média. Esta elevação se acelerou para 3,2 mm ao ano entre 1993 e 2010. Durante o último período entre eras glaciais, quando as temperaturas ficaram abaixo daquelas majoritariamente projetadas para 2100, o nível do mar máximo foi de pelo menos 5 metros maior do que o atual, devido ao degelo da Groenlândia e da Antártica.

A perda de geleiras e a expansão térmica do oceano respondem por cerca de 75% da elevação do nível do mar observada desde o começo dos anos 1970.

Níveis de gases-estufa

“As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso subiram a níveis sem precedentes nos últimos 800.000 anos pelo menos. As concentrações de CO2 aumentaram 40% desde épocas pré-industriais, predominantemente de emissões de combustíveis fósseis e depois de emissões provocadas mudanças no uso do solo”.

Em 2011, os níveis de CO2, o principal gás-estufa, situou-se em 391 partes por milhão na atmosfera, um aumento de cerca de 40% em comparação aos níveis pré-industriais. Até 2011, as emissões totais antropogênicas de CO2 desde a industrialização foram de 545 bilhões de toneladas de carbono. O CO2 gerado por combustíveis fósseis chegaram a 365 bilhões de toneladas de carbono. O desmatamento e outros usos do solo responderam por 180 bilhões de toneladas. O oceano absorveu 155 bilhões de toneladas, os sistemas terrestres naturais, 150 bilhões; 240 bilhões estão na atmosfera.

A absorção de CO2 pelo mar muito provavelmente resulta na acidificação do oceano.

O futuro (para 2100)

Nas projeções para o futuro, o relatório usa quatro cenários chamados Representative Concentration Pathways (RCP ou Vias de Concentração Representativa, em tradução livre). Eles se baseiam na quantidade de gás de carbono aprisionadora de calor que entra na atmosfera. Eles compreendem o RCP2.6, o mais baixo; RCP4.5; RCP6.0; e o RCP8.5, o mais alto.

Aquecimento

“A mudança da temperatura global superficial ao final do século XXI provavelmente excederá o 1,5ºC” em comparação com 1850 para todos os cenários, exceto o RCP2.6. “É provável que exceda os 2ºC no RCP 6.0 e no RCP8.5 e, mais provavelmente que exceda do que não exceda os 2ºC no RCP4.5”.

O relatório vê estas elevações médias nas temperaturas superficiais globais para o médio prazo e o longo prazo, em comparação com o começo do século:

(Nota: as linhas de tempo se baseiam na temperatura média medida ao longo de duas décadas, a fim de obter uma visão mais ampla. Sua marca comparativa também é um período de duas décadas, com a temperatura média variando de 1986 a 2005)

Para obter a visão geral do aquecimento desde a Revolução Industrial, cerca de 0,7ºC precisou ser adicionado (de 1850 a 2012, houve um aquecimento de cerca de 0,78º C).

2°C

Para se ter uma boa chance de alcançar a meta da ONU de limitar o aquecimento a menos de 2ºC em comparação com a época pré-industrial, todas as emissões de carbono das fontes antropogênicas precisariam ser limitadas a cerca de 1 gigatonelada. “Uma quantidade de 531 gigatoneladas já foi emitida até 2011”, alertou o informe.

Elevação do nível do mar

O relatório vê a seguinte elevação média nos níveis dos mares em escala mundial (em metros):

Eventos climáticos extremos

Tempestades excepcionais “muito provavelmente” devem se tornar mais intensos e frequentes em países de latitude média e nos trópicos úmidos. A área sob influência de sistemas de monções deve aumentar ao longo do século XXI e as chuvas de monções provavelmente se intensificarão. A temporada de monções deve aumentar em muitas regiões.

Cobertura de gelo

Em 2100, reduções anuais da extensão de gelo do mar do Ártico são vistas em todos os cenários. Elas variam de uma diminuição da cobertura de gelo no verão de 43% no cenário RCP2.6 para 94% no cenário RCP8.5, com 8% na cobertura de gelo no inverno em RCP2.6 a 34% no cenário RCP8.5

ALÉM DE 2100

“A maioria dos aspectos das mudanças climáticas continuarão por muitos séculos mesmo se as emissões de CO2 forem detidas. Isto representa um comprometimento substancial multissecular criado por emissões passadas, presentes e futuras de CO2”.

“Dependendo do cenário, cerca de 15% a 40% do CO2 emitido continua na atmosfera por mais de 1.000 anos”.

Os níveis do mar aumentarão por “muitos séculos” para além de 2100, devido à expansão térmica. Se o CO2 se estabilizar abaixo das 500 partes por milhão, a elevação deve ser menor de 1 metro em 2300; mas subirá a 3 metros se as concentrações de CO2 forem superiores a 700 ppm.

A elevação pode ser maior no caso de “perda substancial de massa” das coberturas de gelo. A perda quase completa da cobertura de gelo da Groenlândia ao longo do milênio ou mais faria os mares subirem para além de 7 metros. Estimativas preliminares dizem que o liminar para isto se situa entre 1ºC a 4ºC com base em níveis pré-industriais.

 

EcoDebate, 01/10/2013


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