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Integração de culturas de alimentos e energéticas pode reduzir pobreza

Sistemas agrícolas que combinam culturas que possam ser usadas para produzir alimentos e combustíveis podem ajudar a reduzir a pobreza e impulsionar a segurança alimentar e energética, segundo novo relatório publicado hoje (17/02) pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Intitulado “Fazendo Sistemas Integrados de Alimentos e Energia (IFES) Trabalharem pelas Pessoas e pelo Clima – Uma Visão Geral”, o estudo utiliza exemplos específicos da África, da Ásia e da América Latina, bem como de alguns países desenvolvidos, para mostrar como sistemas integrados de culturas alimentares e de energia podem ser bem sucedidos.

Esses sistemas oferecem inúmeros benefícios para as comunidades rurais pobres, de acordo com o Diretor-Geral Assistente para Recursos Naturais da FAO, Alexander Müller. “Por exemplo, agricultores pobres podem usar sobras de cultivos de arroz para a produção de bioenergia, ou, em um sistema agroflorestal, podem usar restos de árvores de cultivo, como frutas, coco ou grãos de café, para cozinhar,” ele disse, lembrando que outros tipos de sistemas de energia e alimentos usam derivados de animais para a produção de biogás.

Ele acrescenta que, com estes sistemas integrados, produtores podem economizar dinheiro, porque não necessitam comprar combustíveis fósseis caros, nem fertilizantes químicos, se usarem a lama resultante da produção do biogás. “Eles podem usar as economias para comprar insumos necessários para aumentar a produtividade agrícola, como sementes adaptadas às novas condições climáticas – fator importante, dado que um aumento significativo na produção de alimentos nas próximas décadas terá de ser alcançado no âmbito das mudanças climáticas,” afirma Müller.

A FAO apontou também várias outras vantagens proporcionadas pelos sistemas integrados. Eles são benéficos para as mulheres, que podem eliminar a necessidade de deixar suas plantações para buscar lenha. As mulheres nos países em desenvolvimento também têm riscos de saúde reduzidos significativamente através da redução do uso de combustíveis tradicionais de madeira e equipamentos de cozinha. Cerca de 1,9 milhão de pessoas no mundo morre a cada ano devido à exposição à fumaça de fogões de cozinha.

A integração da produção de alimentos e energia também pode ser uma abordagem eficaz para atenuar as alterações climáticas, especialmente as emissões decorrentes de mudanças no uso da terra. “Ao combinar a produção de alimentos e energia, os IFES reduzem a probabilidade de a terra ser convertida da produção de alimentos para a de energia, já que se necessita de menos terra para produzir alimentos e energia,” afirmou a FAO, acrescentando que ter um sistema integrado conduz ao aumento da produtividade da terra e da água, reduzindo assim as emissões de gases de efeito estufa e aumento da segurança alimentar.

Um IFES agroflorestal está sendo implantado em larga escala na República Democrática do Congo (RDC), cuja renda, para cada agricultor, é estimada em nove mil dolares por ano, ou 750 por mês. Em comparação, um motorista de táxi em Kinshasa, capital do país, ganha entre 100 e 200 dólares por mês.

Fonte: Centro de Informação das Nações Unidas – UNIC Rio

EcoDebate, 18/02/2011

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