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Artigo

Percepção Ambiental, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] A espécie humana está constantemente agindo sobre os meios naturais (meio físico e meio biológico), com o objetivo de sanar suas necessidades. Todas as ações humanas tem esta motivação e interfere em nossa própria satisfação psicológica com o meio ambiente.

Cada indivíduo percebe, reage e responde de forma diferenciada. As respostas e manifestações são resultantes das percepções de cada um, ou seja dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas.

Todas as manifestações psicológicas afetam nossa conduta, ainda que na maioria das vezes de forma inconsciente.

No meio urbano, outros fatores de natureza socioeonômica afetam a qualidade do meio ambiente e da vida, como populações assentadas em áreas de risco ou marginalizadas. Mas em conjunto, as cidades exercem um forte poder de atração sobre as populações, devido a heterogeneidade, movimentação e possibilidades de ascenção social que materializam.

Uma das formas mais comuns de insatisfação com a situação socioeconômica e ambiental é o vandalismo. Condutas agressivas em relação a elementos físicos, biológicos e arquitetônicos entre as classes menos favorecidas, simplesmente expressam a revolta pelas condições de vida a que estas populações estão submetidas.

A percepção ambiental procura desenvolver trabalhos que auxiliem a produção e a diversificação de métodos de conscientização ambiental integrada, que estimulem os contatos e a formulação de teias de relações possíveis. São interrelações entre os meios físico, biológico e antrópico, com suas múltiplas variáveis. Isto é uma contribuição para a tomada de consciência das populações em busca de melhor qualidade de vida e preservação de valores sociais, morais e ambientais.

Desta forma, o estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que possamos compreender melhor as interrelações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, satisfações, julgamentos e condutas.

A percepção ambiental vincula-se estreitamente com as atividades de educação ambiental. Saber como os indivíduos com quem teremos interações profissionais e sociais percebem o ambiente em que vivem, suas fontes de satisfação e sua compreensão da natureza é de fundamental importância. Somente conhecendo esta realidade é possível planejar e realizar um trabalho de educação ambiental, minimizando a geração de impactos ambientais, com bases locais, partindo da realidade do público alvo.

As formas de trabalhar a percepção ambiental são a observação da natureza, das relações entre os seres humanos e os meios físico e biológico e o traçado de mapas mentais ou de contorno, estabelecidos pela aplicação de questionário com respostas fechadas que posteriormente são cuidadosamente compilados e interpretados e representações fotográficas de realidades diversas que envolvem o público alvo, objeto da pesquisa.

Existem ainda trabalhos de percepção ambiental que buscam não apenas o entendimento do que o indivíduos percebe, mas que pretendem também promover a sensibilização dos mesmos, bem como o desenvolvimento de sistemas de percepção e compreensão do meio ambiente.

Roberto Naime, colunista do Portal EcoDebate, é Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.

EcoDebate, 02/12/2010


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One thought on “Percepção Ambiental, artigo de Roberto Naime

  • A ARCA DE NOÉ E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

    Há muito anos (período do Regime Militar) circulou um artigo que tinha como título “A Arca de Noé”.

    Nele era contada uma pequena estória. Nela o planeta passava por uma fase muito complicada e, para resolvê-la, um tal Noé sugeriu construir uma grande arca de modo a colocar um casal de cada ser vivo e, quando o dilúvio chegasse, este grupo sobreviveria para repovoar o planeta.

    A estória evolui com a intervenção de um grupo de “iniciados” que aceitaram a idéia, mas consideraram que este era um empreendimento de grande porte e, desta forma, não poderia ser simplesmente conduzido por tal Noé. Seria necessário estruturar uma empresa que pudesse conduzir a complexidade da construção da arca mudando o nome do projeto para “Arca das Mudanças Climáticas”.

    Os “iniciados” começaram a estruturação da macro empresa: eleição de presidente, diretorias, assessorias, núcleos de pesquisa, contratação de especialistas, secretárias, motoristas, sede própria e sedes descentralizadas em diferentes locais do planeta, enfim, o imprescindível para que um grande empreendimento pudesse ser desenvolvido sem risco.

    As tarefas foram divididas em vários Grupos de Trabalho, com reuniões realizadas não nas regiões do planeta onde eram inevitáveis os primeiros efeitos do dilúvio, mas sim em lugares aprazíveis onde os grupos pudessem trabalhar em condições adequadas a importância do projeto.

    Inevitável, estes grupos acabaram se dividindo entre “prós e contras” e cada um, sem se preocupar com o dilúvio a caminho, resolveu ignorar a variável tempo, consumindo o tempo disponível em apresentar estudos e pesquisas que reforçassem as suas posições. Isso demandou uma grande quantidade de recursos, que foram logo disponibilizados pelos países mais ricos do planeta.

    Surgiram políticos especialistas, agentes de financiamento especialistas, centros de pesquisa especializados, típicos do entorno de um grande empreendimento.

    De imediato a sociedade foi relegada a um segundo plano, dado que, na visão da cúpula do poder, este assunto não era percebido pela sociedade, que naquele momento nem sabia do dilúvio. Na verdade, logo no início, as informações foram passadas a sociedade, mas em linguagem complicada que levou a um progressivo afastamento do tema, deixando aos “iniciados” a discussão e decisão sobre o assunto.

    E o tempo foi passando. Países que tinham “madeira” para a construção da arca tentaram impor condições ao andamento do projeto, mas foram logo afastados por aqueles que “detinham a tecnologia do corte da madeira”, de modo a, progressivamente, ir reduzindo o tamanho do grupo dos “iniciados”. Foram observadas denúncias (“ArcaGate”), mas, para os “não iniciados”, acabou ficando a dúvida de quem realmente tinha à razão.

    Concluindo, passado alguns anos veio o aviso que o dilúvio seria no dia seguinte.

    No empreendimento “Arca das Mudanças Climáticas” um desespero total; perdidos entre muitas alternativas, não tinham tido tempo para concluir a arca. Ou seja, era inevitável que o dilúvio seria fatal para todos do planeta.

    Mas, do alto da torre de trinta andares construída para fazer funcionar o mega projeto, no dia seguinte, quando a água quase cobria o edifício, foi possível ver uma arca de madeira, com os “não iniciados” liderados por um tal Noé, passando ao largo.

    Você já pensou em que grupo está?
    Ainda há tempo para escolher o grupo certo.

    Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.
    Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
    roosevelt@ebrnet.com.br

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