‘É preciso mudar de dieta para salvar o mundo’. Entrevista com Vittorio Silvestrini
Repensar o modo de produzir e usar a energia. Uma questão à qual a “Futuro Remoto” [feira tecnológica de Nápoles] dedica uma mostra inteira, “Il valore d´uso. Energia e civiltà compatibile”, para mostrar as tecnologias que usam a energia de modo inteligente e responsável, mudando a abordagem ao problema do uso sustentável.
Uma “missão” que levou Vittorio Silvestrini, professor de física da Universidade de Nápoles Federico II, a fundar a Città della Scienza de Nápoles (da qual é presidente), o primeiro centro de ciências italiano.
A reportagem é de Agnese Ananasso, publicada no jornal La Repubblica, 09-11-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Professor, quais são as tecnologias que poderão ser vistas na mostra para conseguir consumir de modo mais consciente?
Não são tanto as tecnologias o elemento fundamental, mas sim a abordagem. O problema energético foi abordado tomando-se o sistema dos consumos como um dado de fato e as fontes fósseis como fonte de energia. O pressuposto é equivocado: não é possível continuar consumindo nesse ritmo, porque as recaídas sobre o ambiente são devastadoras, basta ver as mudanças climáticas já em curso. É preciso mudar a abordagem, considerando os consumos não mais como um dado de fato. É preciso trabalhar para reduzi-los, invertendo a relação entre economia e qualidade de vida.
Mas se deixarmos de consumir, a economia enfraquece, as empresas reduzem a produção, e gera-se desemprego.
Enquanto estivermos em uma economia de mercado selvagem, que tem como único motor os consumos, não há um futuro aceitável, ou melhor, não há nenhum futuro. Os consumos não podem continuar aumentando assim, porque a recaída positiva sobre a economia é só marginal e casual: gera-se lucro só para os grandes operadores que vão em busca do útil a todos os custos, mesmo que, depois, se reduza a qualidade de vida. A economia deve ser endereçada a setores que melhoram a qualidade de vida como os transportes e a manutenção do território. Só partindo daqui é que a economia volta a se movimentar. Eis por que é preciso pensar em usar fontes de energia alternativas. As fontes fósseis alimentam a sociedade ligada aos consumos, produzindo efeitos negativos sobre o clima, sobre o território e sobre o homem.
Trata-se de colocar novamente em discussão todo o sistema econômico e social. Mas o que o indivíduo pode fazer, enquanto isso?
O cidadão é protagonista no que se refere ao consumo, mas deve adquirir uma maior consciência e educação. O sistema atual está ligado à aparência: sou rico porque desperdiço. É preciso pensar sobre o valor de uso, ou seja, sobre o valor que um objeto tem em função da satisfação da necessidade para a qual ele foi criado, e não do seu valor simbólico. Pode-se começar mudando a “dieta” das máquinas, dos escravos mecânicos, acostumando-os a comer não mais o alimento exaurível que está nos estoques da Terra, mas a utilizar o fluxo de energia renovável, sem as contraindicações das fontes fósseis: impacto ambiental e exaustão.
E vocês, o que podem fazer?
Queremos induzir o visitar a inverter o seu ponto de vista: mudando a dinâmica da demanda, pode-se mudar também a oferta, ou seja, a atitude das empresas. Os cidadãos devem metabolizar certos comportamentos, e é isso que buscamos fazer, além da “Futuro Remoto”, na Città della Scienza, dirigindo-nos principalmente aos jovens, que hoje já são capazes de condicionar as escolhas dos seus pais, mas que principalmente serão os adultos de amanhã.
(Ecodebate, 12/11/2010) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.
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Gostaria de ressaltar que a consciência de consumir, deveria ser a mesma de se reproduzir de maneira indiscriminada…lembrando com a qualidade de se educar, de ter tempo para passar valores que hoje em dia estão em processo de transformação. se o dindivíduo não dispuser de tempo, com certeza a mídia ou as alternativas de vícios serão acionadas e disparadas em relação a educação de cada iindividuo e a lei o capital e os valores de consumo estarão bombardeando cada vez mais personalidades que ainda estarão sendo formadas, pois a ausência de valores tradicionais e conscientes estarão a mercê do que a mídia que nos impor e nos educar… consumo a todo custo. Reflexão não só pelo que se comoe, mas também pelo como agir, pensar, educar, ser presente … e não simplismente repassar esssas responsabilidades para a escola, para a sociedade ou repensamos a maneira de educármos nossos filhos eu estaremos transferindo responsablidades inerentes da família para a sociedade, pois o adulto alega a falta de tempo … no entanto, o inocente não tem consciênmcia disso ainda…..