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Produção de etanol não traz desenvolvimento social

Pesquisador do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da UnB analisa 306 municípios produtores de cana-de-açúcar e conclui que impulso econômico não se traduziu em melhora para a população

Os municípios produtores de etanol no estado de São Paulo não praticam um tipo sustentável de lavoura e nem conseguiram melhorar seu desenvolvimento socioeconômico. É o que aponta a dissertação Sustentabilidade Ambiental do Etanol no Estado de São Paulo, defendida nesta terça-feira, 3 de agosto, por Antônio Juliani, no Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da UnB.

Juliani analisou 306 municípios paulistas com área de produção de cana de açúcar superior a 5 mil hectares. Segundo o pesquisador, 218 deles têm baixo índice de desenvolvimento socioeconômico, ou seja, 71%. Quando analisada somente a sustentabilidade ambiental, somente oito (2%) apresentam índice satisfatório.


O autor sustenta que muito se fala sobre as implicações ambientais da produção da cana-de-açúcar para biocombustíveis, mas pouco sobre as condições de vida das populações das regiões produtoras. “Parece que está tudo bem desde que não se plante na Amazônia”, pondera. Segundo ele, não se pode desconsiderar os níveis de escolaridade e renda das populações, porque isso tem também implicações ambientais. “Uma população em condição de vulnerabilidade social tem menos consciência da necessidade de preocupar-se com o meio ambiente”, defende.

Outra causa para os baixos níveis de sustentabilidade ambiental é a falta de envolvimento das prefeituras com políticas voltadas para a área. “É necessário criar leis que regulamentem e fiscalizem a produção de etanol”, sugere.

ÍNDICE – Para medir o desenvolvimento socioeconômico, o pesquisador utilizou o Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), que mede a riqueza do município e a escolaridade e longevidade da população. “Ele se difere do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) porque pondera outras variáveis, como a faixa etária ou o consumo de energia elétrica”, conta. Também utilizou o Índice Paulista e Vulnerabilidade Social (IPVS), que mede a dificuldade de acesso a questões básicas como saúde e educação. Casando os dois índices, Juliani montou o índice de desenvolvimento sócio-econômico (ID).

Para medir a sustentabilidade ambiental, o autor utilizou indicadores relacionados à biodiversidade, qualidade do ar, qualidade da água, concentração da cultura de cana de açúcar, nível de mecanização da lavoura, uso de adubação verde e adequação ao zoneamento agroambiental para o setor no estado de São Paulo.

“O trabalho do Juliani é relevante porque se preocupa com as práticas por trás da produção do etanol”, sustenta o professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Hans Bellen. Segundo ele, o índice tem a preocupação de mostrar o lado social por trás do desenvolvimento econômico nos municípios. A professora Vanessa Castro, do CDS/UnB, destaca o grande número de municípios analisados. “É relevante porque faz grande estudo de caso e ainda traz grupo de comparação. É quase um censo da produção de etanol no estado de São Paulo”, diz.

Reportagem de Juliana Braga, da Secretaria de Comunicação da UnB, publicada pelo EcoDebate, 09/08/2010

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