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Audiência pública na Câmara dos Deputados: Debatedores alertam para riscos de usinas nucleares no Nordeste

Ambientalistas criticam nesta quinta-feira, em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a intenção do governo de instalar usinas nucleares no Nordeste. Além da conclusão de Angra 3, o programa nuclear brasileiro prevê a construção de quatro usinas para gerar energia elétrica até 2030. Duas delas ficariam no Nordeste, possivelmente na Bahia, Sergipe, Alagoas ou Pernambuco.

A audiência foi proposta pelo deputado Edson Duarte (PV-BA), que cobrou um debate mais aberto em torno do programa nuclear: “O governo brasileiro insiste em retomar o programa nuclear sem discuti-lo com a sociedade nem com as instituições, os parlamentos e os cientistas. Nós devemos primeiro responder: precisamos realmente de energia nuclear? Se há uma demanda por energia, quais são as alternativas?”

André Amaral, coordenador do Greenpeace, também criticou a falta de transparência do governo na condução do assunto: “Há grandes retrocessos: a retomada do programa nuclear nos moldes da ditadura, como vem sendo feito; o fato de não ser considerada a segurança antes de qualquer plano de expansão; o investimento em energia nuclear em momento de crise climática; e o desrespeito à opinião pública. Expandir o programa nuclear da forma que vem sendo proposta é um erro irreparável.”

Análise do Congresso
Já o presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro da Silva, garantiu que os locais das futuras usinas estão sendo sugeridos ao Executivo de acordo com critérios rigorosamente técnicos. Ele também lembrou que a palavra final quanto à localização caberá ao Congresso Nacional, como determina a Constituição.

“Pretendemos elaborar um cardápio de possíveis opções, para que o Executivo selecione uma e mande a proposta ao Congresso. Certamente, o local que for sugerido atenderá a todos os requisitos mais exigentes”, ressaltou Pinheiro.

Ele lembrou que o Brasil depende muito de energia, sobretudo diante do acentuado processo de urbanização e industrialização do País: “Com a previsão de crescimento do PIB em 5% ao ano, é preciso colocar, por ano, de 3 mil a 4 mil megawatts na rede elétrica, o que equivale a uma nova usina de Itaipu a cada 3 ou 4 anos, somando todas as fontes”.

Segundo ele, a modalidade nuclear já é a segunda maior fonte de geração de energia elétrica no País. De abril de 2009 a março de 2010, ela foi responsável por 3% da geração do Sistema Interligado Nacional, ficando atrás apenas da energia hidrelétrica, que representa 93,5% do total.

Danos ambientais

Durante o debate, o Movimento Paulo Jackson de Ética, Justiça e Cidadania expôs uma série de danos sociais e ambientais que teriam sido causados por uma mineradora de urânio em Caetité, na Bahia. Sérgio Dialetachi, assessor do movimento, disse que a população é contra a usina e que o estado já paga um preço muito alto pela atividade nuclear.

“O chamado yellow cake, o primeiro beneficiamento feito no urânio, é uma pasta que vai para o Canadá e para a Europa para ser enriquecida, e atravessa o estado da Bahia inteiro. O trabalhador portuário não é habilitado a lidar com carga radioativa e tem feito esse tipo de trabalho”, alertou Dialetachi.

Além disso, segundo ele, os navios atravessam uma área de proteção ambiental federal, a Baía de Todos os Santos, onde é proibido o transporte de material radioativo. “A população do Nordeste está preocupada. Pesquisas mostram que entre 85% e 90% dos moradores são contrários à instalação de usinas nucleares”, observou. Ele acrescentou que as leis da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco proíbem a instalação de usinas nucleares.

Reportagem – José Carlos Oliveira/Rádio Câmara
Edição – João Pitella Junior

Reportagem da Agência Câmara, publicada pelo EcoDebate, 07/05/2010

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