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Cai número de colônias de abelhas em toda a Europa, por Henrique Cortez

abelhas

[EcoDebate] Estudo avalia as tendências populacionais das colônias de abelhas e, consequentemente, de apicultores em atividade na Europa

O número de colônias de abelhas na Europa Central, tem diminuído nas últimas décadas e o número de apicultores também tem diminuído em toda a Europa desde 1985. Estes dados constam de um novo estudo [Declines of managed honey bees and beekeepers in Europe], pela International Bee Research Association, que, pela primeira vez, apresentou uma visão geral do problema do declínio da colônia de abelhas na Europa.

Como outros polinizadores, como abelhas silvestres e a mosca-das-flores (Syrphidae) também estão em declínio, este redução populacional é um grave risco, para inúmeras culturas que dependem dos serviços ambientais dos polinizadores. É o que destaca o artigo, publicado em uma edição especial da revista Journal of Apicultural Research (JAR).

A redução da população de abelhas, em escala mundial, é avaliada em cerca de 45%, ao longo dos últimos 50 anos, de acordo com um relatório, de 2009, da Food and Agricultural Organization ( FAO).

Segundo a análise, o número de colônias de abelhas está em declínio na Europa Central e Ocidental desde 1965. Desde 1985, esta tendência também se tornou evidente em países como a República Checa, Noruega, República Eslovaca e Suécia. Em comparação, no Sul da Europa (Grécia, Itália e Portugal), o número de colônias de abelhas aumentou entre 1965 e 2005.

No entanto, o número de apicultores diminuiu em todos os países que foram investigados. Os pesquisadores, dentre as causas prováveis, citam as mudanças sociais e econômicas nas últimas décadas. O aumento da renda da população e a substituição de empregos por máquinas na agricultura acelerou o êxodo rural para as regiões urbanas, ao mesmo tempo em que a apicultura ,como um hobby, perdeu a sua atratividade e lucratividade.

A perda de polinizadores é um dos quatro fundamentos do projeto europeu ALARME (ALARM, “Assessing Large scale environmental Risks for biodiversity with tested Methods” ou “Avaliação em larga escala os riscos ambientais para a biodiversidade com métodos testados”, em tradução livre), considerado o maior projeto de pesquisa da União Europeia, em termos de estudo da biodiversidade.

Mais de 200 cientistas de 35 países e 68 organizações parceiras trabalharam neste projeto de pesquisa global entre 2004 e 2009, resultando em mais de 1.000 publicações científicas até agora.

A redução populacional das abelhas é uma ameaça à segurança alimentar em escala global.

Estudo realizado por cientistas do INRA (Institut scientifique de recherche agronomique), do CNRS (Centre national de la recherche scientifique) e da UFZ ( Helmholtz Association of German Research Centres), estimou que o valor econômico global dos serviços de polinização, realizado pelos insetos, principalmente abelhas, foi, em 2005, da ordem de R$ 395 bilhões (153 bilhões de euros).

Isto equivale a 9.5% do valor total da produção agrícola global. O estudo avaliou que o desaparecimento dos insetos polinizadores pode causar perdas agrícolas entre R$ 491,8 bilhões ( €190 bi) e R$ 802,7 bilhões( €310 bi). Os resultados do estudo econômico sobre a vulnerabilidade da agricultura mundial, em razão do desaparecimento dos insetos polinizadores, foram publicados na revista “ECOLOGICAL ECONOMICS“.

A segurança alimentar está ameaçada e a crise alimentar pode adquirir contornos ainda mais trágicos, se a maciça morte de colônias inteiras de abelhas continuar no ritmo atual. Sem este pequeno inseto polinizador os efeitos na produção agrícola podem ser devastadores.

Poucas pessoas sabem que as abelhas prestam serviços ambientais muito mais relevantes do que a mera produção de mel. As mais de 20 mil especies de abelhas polinizam a floração de, pelo menos, 90 culturas, tais como maçãs, nozes, abacates, soja, aspargos, brócolos, aipo, abóbora e pepino, laranjas, limões, pêssegos, kiwi, cerejas, morangos, melões, milho, etc.

Especialistas afirmam que cerca de um terço da dieta humana provém de uma planta polinizada por um inseto e as as abelhas são responsáveis por 80% da polinização.

Links:

EU project ALARM (Assessing LArge scale environmental Risks for biodiversity with tested Methods – ALARM): http://www.alarmproject.net/alarm/

Wild Bees and the Flowers They Pollinate Are Declining in Europe (07 September, 2006): http://ec.europa.eu/environment/integration/research/newsalert/pdf/33na3.pdf

Prevention of honeybee COlony LOSSes: http://www.coloss.org/

Declines of managed honey bees and beekeepers in Europe.
publication date: Dec 21, 2009
Journal of Apicultural Research
Vol. 49 (1) pp. 15-22
DOI 10.3896/IBRA.1.49.1.02
Date January 2010

Declines of managed honey bees and beekeepers in Europe.

Author(s)
Simon G Potts, Stuart P M Roberts, Robin Dean, Gay Marris, Mike A Brown, Richard Jones, Peter Neumann, Josef Settele.

Abstract
Growing evidence indicates that European managed honey bees are in decline, but information for Europe remains patchy and localized. Here we compile data from 18 European countries to assess trends in the number of honey bee colonies and beekeepers between 1965 and 2005. We found consistent declines in colony numbers in central European countries and some increases in Mediterranean countries. Beekeeper numbers have declined in all of the European countries examined. Our data support the view that honey bees are in decline at least in some regions, which is probably closely linked to the decreasing number of beekeepers. Our data on colony numbers and beekeepers must, however, be interpreted with caution due to different approaches and socioeconomic factors in the various countries, thereby limiting their comparability. We therefore make specific recommendations for standardized methodologies to be adopted at the national and global level to assist in the future monitoring of honey bees.

Por Henrique Cortez, do EcoDebate, 01/02/2010, com informações de Doris Boehme, Helmholtz Association of German Research Centres

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