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COP 15: Acordo pífio definido em Copenhague enfurece ambientalistas de todo o mundo

“Maquiagem verde”, “completo fracasso”, “crime”. Os termos usados por ambientalistas para definir a Conferência das Partes da Convenção das Mudanças Climáticas (COP-15) resumem a indignação e a decepção mundial com o resultado da cúpula, que reuniu líderes de mais de 120 países e acabou sem um documento que tenha peso para continuar o processo deflagrado pelo Protocolo de Kyoto. Para a maioria dos grupos e organizações não governamentais, faltou “vontade política” e “ambição” para os chefes de Estado e de governo presentes, em especial, dos países desenvolvidos. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, tentou conter as frustrações, alegando que, apesar de “talvez não ser tudo o que se esperava”, o Acordo de Copenhague é uma “etapa essencial” para um futuro pacto. Reportagem de Isabel Fleck, do Correio Braziliense.

“Temos de transformar esse documento num acordo legalmente vinculativo”, afirmou o sul-coreano. O texto de Copenhague limita o aumento da temperatura global em até 2°C, em relação aos níveis pré-industriais (1800), e prevê o corte das emissões até 2050 e a criação de um fundo de US$ 10 bilhões anuais para ações de combate e adaptação às mudanças do clima nos países mais pobres do mundo. No entanto, há enormes lacunas no acordo, como o fato de não mencionar a divisão das emissões poluentes até 2050, nem fixar a data em que deveriam deixar de aumentar.

O secretário-executivo da ONU para as mudanças climáticas, Yvo de Boer, também tentou ressaltar o lado positivo do acordo, mas reconheceu que a COP-15 não foi tão longe quanto se desejava. “É uma forma de (os países) reconhecerem que algo existe, mas não a ponto de dizerem que fazem parte (do acordo)”, declarou, em uma coletiva de imprensa ao fim do encontro de ontem, quando o documento apresentado no dia anterior pelo grupo de países liderado pelos Estados Unidos — que incluiu o Brasil — se tornou o “Acordo de Copenhague”. A União Europeia (UE) também chegou a expressar, em um comunicado, sua “decepção” pelo fato de que o texto “não solucionará a ameaça climática”.

Revolta

A frustração maior, contudo, se deu do lado dos ambientalistas. O diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo, afirmou que a cidade de Copenhague se transformou no “palco de um crime, com os culpados correndo para o aeroporto, perseguidos pela vergonha”. “Presidentes e primeiros-ministros tiveram uma chance de uma em um milhão de mudar o mundo para sempre e impedir que o clima entre em colapso”, disse. “(Mas) Eles colocaram suas prioridades domésticas acima de um compromisso global”, completou. Para a diretora executiva do Greenpeace México, o texto repleto de “aspirações e promessas” não passa de uma “maquiagem verde”.

Jeremy Hobbs, diretor executivo da Oxfam Internacional, por sua vez, considerou que o acordo representa o “triunfo das aparências sobre a realidade”. “Ele reconhece a necessidade de manter o aquecimento global abaixo dos 2°C, mas não expõe nenhum compromisso para se fazer isso. Deixa para trás as decisões importantes sobre a redução de emissões de gases do efeito estufa e evita os temas relativos aos financiamentos”, lamentou.

Críticas no Brasil

O resultado da COP-15 também foi criticado duramente no Brasil — por quem está dentro e fora do governo. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que a criação de um fundo de US$ 30 bilhões destinado a ajudar países pobres é insuficiente. “É menos do que o Brasil sozinho vai gastar para cumprir as nossas metas, aprovadas pelo nosso parlamento”, destacou. Já a senadora e pré-candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, disse que o Brasil deveria ter ido a Copenhague, com “verdadeiros” negociadores e não para fazer “campanha política” — referindo-se à presença da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, potencial candidata do PT ao Planalto.

EcoDebate, 21/12/2009

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