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O meio ambiente pede pressa

escassez de água

[EcoDebate] O Fórum Mundial da Água, encerrado no último domingo em Istambul, na Turquia, terminou sem que fosse possível chegar ao consenso sequer sobre a inscrição no documento final da garantia do acesso à água como um direito essencial de todo o ser humano. Esta era uma das intenções de movimentos sociais e ambientalistas de vários países. Participaram do fórum, que é realizado a cada três anos, 28 mil delegados de 182 países.

Os movimentos sociais também tentam influenciar para que, em vez do atual fórum, seja aberto “um espaço de debate global sobre água no Marco das Nações Unidas”. A insatisfação com o atual fórum é pelo fato dele ser administrado por um organismo privado, o Conselho Mundial da Água. Com a chancela da ONU aumentaria bastante a credibilidade formal das resoluções.

A reivindicação acabou constando de uma declaração alternativa assinada por 16 países, a maioria pobres. No documento também foi incluída a definição da água como um direito humano, expressão impedida de constar na declaração oficial pela ação de países como o Brasil, Estados Unidos e Egito.

Estes dois assuntos mais polêmicos devem ser levados à 15ª Conferência Sobre Mudanças Climáticas, a ser realizada em dezembro em Copenhague, na Dinamarca.

Como em vários encontros recentes sobre o tema, também em Istambul foram levantadas uma série de informações que demonstram que os problemas só vem aumentando. Sobre uma das questões em debate, o saneamento básico, foi divulgado que hoje no mundo mais de 1 bilhão de pessoas não tem acesso a água de boa qualidade e 2,5 bilhões não dispõem de coleta de esgotos.

A escassez de água também já não é mais um problema restrito a países pobres e regiões desérticas. No ano passado o Parlamento Europeu criou o Observatório Europeu da Seca. No fórum, a diretora-geral de Água do ministério do Meio Ambiente espanhol, Marta Morén, defendeu que haja uma estratégia européia em relação ao problema, que já começa a atingir países europeus. Desde 2004 a Espanha sofre com secas anuais.

O aquecimento global é tido como uma das razões para a escassez na Europa. Em todo o mundo, no entanto, o uso imoderado dos recursos hídricos e também a destruição ou poluição de rios e mananciais, dá contornos dramáticos ao problema que já prejudica gravemente alguns países.

Outra causa são os desmatamentos e queimadas, que afetam primeiro os países onde isso ocorre, para depois espalhar seus efeitos no clima mundial. As chuvas no Brasil servem de ilustração do problema. Parte delas depende da floresta amazônica. Seu desmatamento acabará reduzindo as chuvas no Sul e no Sudeste do país.

Problemas dessa ordem, aliados a falta de planejamento e ao aumento da população trazem a previsão de um difícil futuro para as nossas cidades. A prevenção exigiria que já estivéssemos agindo de fato, colocando em prática o que está no papel. E países como o Brasil, segundo os especialistas, tem boas bases legislativas para isso.

Encontros como o Fórum da Água, no entanto, demonstram a extrema dificuldade em conciliar interesses e encaminhar soluções práticas para uma questão que exige pressa. É preciso correr para que o entendimento em torno dos problemas ambientais surja a tempo de evitar que o amanhã seja igual a um filme-desastre de ficção científica.

* * Movimento Água da Nossa Gente

[EcoDebate, 28/03/2009]

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