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Estudo vincula compostos perfluorados (PFCs) a infertilidade

Substâncias químicas presentes em embalagens de alimentos, estofamentos e carpetes podem estar prejudicando a fertilidade de mulheres, dizem cientistas americanos. Os especialistas da University of California realizaram um estudo, publicado na revista científica Human Reproduction, em que foram medidos os níveis de compostos perfluorados (PFCs, na sigla em inglês) no sangue de 1.240 mulheres. Matéria da BBC Brasil, com informações complementares do EcoDebate.

Eles verificaram uma maior probabilidade de demora para engravidar entre participantes com maiores índices da substância no sangue.

Especialistas britânicos dizem, no entanto, que são necessários mais estudos para que se estabeleça um vínculo concreto entre essas substâncias e fertilidade.

Os PFCs são úteis por ser resistentes ao calor e por sua propriedade de repelir a água e o óleo.

Entretanto, em altas concentrações, essas substâncias vêm sendo associadas a danos em órgãos de animais.

Pesquisas anteriores indicam também que os PFCs permanecem por longos períodos no organismo.

Para este estudo, os pesquisadores analisaram amostras de sangue colhidas no primeiro exame pré-natal de voluntárias grávidas.

Em entrevistas com as participantes, perguntaram se a gravidez havia sido planejada e quanto tempo havia levado para que elas ficassem grávidas.

Os índices de PFCs encontrados variavam entre 6.4 nanogramas por mililitro de sangue – um nanograma equivale a um bilionésimo de um grama – até 106.4 nanogramas por mililitro.

As participantes foram divididas entre quatro grupos, de acordo com o índice de PFCs encontrado em seu sangue.

Comparando os diferentes grupos, os pesquisadores verificaram que as mulheres com índices mais altos de PFCs em seu sangue tinham maior chance de demorar mais de um ano para engravidar ou de recorrer à Fertilização In Vitro (FIV) para poder ficar grávidas.

Segundo uma das pesquisadoras, Chunyuan Fei, estudos anteriores sugeriram que os PFCs podem impedir o crescimento dos bebês no útero.

Ela disse que um número maior de mulheres do grupo com maior exposição a PFCs apresentou problemas com ciclos menstruais irregulares, o que seria indicativo de que talvez as substâncias interfiram com hormônios.

‘Tênue’

O professor Jorn Olsen, responsável pelo estudo, disse que a equipe estava esperando por mais estudos para confirmar a relação entre problemas de fertilidade e PFCs.

O presidente da British Fertility Society, Tony Rutherford, disse que as revelações são “interessantes”.

“Esta pesquisa mostra uma relação tênue entre o atraso na concepção e o grupo de mulheres com os índices mais altos de dois compostos perfluorados comumente usados”.

“O estudo enfatiza a importância de permanecermos atentos a possíveis fatores ambientais que podem provocar impacto na fertilidade”.

* Matéria da BBC Brasil, pulicadao no Estadao.com.br, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009, 12:30

Nota do EcoDebate: O artigo “Maternal levels of perfluorinated chemicals and subfecundity“, de Chunyuan Fei, Joseph K. McLaughlin, Loren Lipworth, e Jørn Olsen, Human Reproduction, Advance Access published on January 28, 2009; doi: doi:10.1093/humrep/den490. Está disponível para acesso integral, no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.

Para maiores informações, abaixo, transcrevemos o abstract:

Maternal levels of perfluorinated chemicals and subfecundity
Chunyuan Fei1,5, Joseph K. McLaughlin2,3, Loren Lipworth2,3 and Jørn Olsen1,4

1 Department of Epidemiology, School of Public Health, University of California – Los Angeles, PO Box 951772, 71-254 CHS, 650 Charles E. Young Drive South, Los Angeles, CA 90095-1772, USA 2 International Epidemiology Institute, 1455 Research Boulevard, Rockville, MD 20850, USA 3 Vanderbilt University Medical Center, Vanderbilt-Ingram Cancer Center, Nashville, TN 37232, USA 4 Institute of Public Health, University of Aarhus, Vennelyst Boulevard 6, DK 8000 Aarhus C, Denmark

5 Correspondence address. Tel: +1-310-825-5373; Fax: +1-310-206-6039; E-mail: cfei{at}ucla.edu

BACKGROUND: Perfluorooctanoate (PFOA) and perfluorooctane sulfonate (PFOS) are ubiquitous man-made compounds that are possible hormonal disruptors. We examined whether exposure to these compounds may decrease fecundity in humans.

METHODS: Plasma levels of PFOS and PFOA were measured at weeks 4–14 of pregnancy among 1240 women from the Danish National Birth Cohort recruited from 1996 to 2002. For this pregnancy, women reported time to pregnancy (TTP) in five categories (<1, 1–2, 3–5, 6–12 and >12 months). Infertility was defined as having a TTP of >12 months or received infertility treatment to establish this pregnancy.

RESULTS: Longer TTP was associated with higher maternal levels of PFOA and PFOS (P < 0.001). Compared with women in the lowest exposure quartile, the adjusted odds of infertility increased by 70–134 and 60–154% among women in the higher three quartiles of PFOS and PFOA, respectively. Fecundity odds ratios (FORs) were also estimated using Cox discrete-time models. The adjusted FORs were virtually identical for women in the three highest exposure groups of PFOS (FOR = 0.70, 0.67 and 0.74, respectively) compared with the lowest quartile. A linear-like trend was observed for PFOA (FOR = 0.72, 0.73 and 0.60 for three highest quartiles versus lowest quartile). When all quartiles were included in a likelihood ratio test, the trends were significant for PFOS and PFOA (P = 0.002 and P < 0.001, respectively). CONCLUSIONS: These findings suggest that PFOA and PFOS exposure at plasma levels seen in the general population may reduce fecundity; such exposure levels are common in developed countries. Submitted on September 12, 2008; resubmitted on November 7, 2008; accepted on December 18, 2008. [EcoDebate, 31/01/2009]

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