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China tenta encontrar saídas para seu lixo

Entulho urbano aumenta a uma taxa de 10% ao ano. A China está sendo soterrada pelo seu próprio lixo – um acúmulo de cerca de 7 bilhões de toneladas este ano, segundo dados da Sociedade de Recursos Nacionais da China. Essa montanha de entulho – ou lixo urbano sólido, para usar a linguagem da indústria – está aumentado a um ritmo de 8% a 10% ao ano, indicam os dados. Por Holly Hubbard Preston, do International Herald Tribune, publicado pelo O Estado de S.Paulo, 09/01/2008

Entretanto, o que é um pesadelo para os planejadores urbanos e ambientalistas chineses mostra ser uma dádiva para empresas de gerenciamento de refugos, como a Veolia Environmental Services, da França. Em novembro, a cidade de Jiujiang, no Sul da China, concedeu à Veolia um contrato de 30 anos no valor de 140 milhões para construir, operar e transferir seu primeiro centro de armazenagem do lixo doméstico. É o 21º contrato de manipulação do lixo da Veolia na China.

O que a Veolia está fazendo com o lixo da China é muito diferente de amontoar e transportar para o local de despejo mais próximo. As instalações de manipulação do lixo que a empresa francesa está desenvolvendo lá empregam algumas das tecnologias de tratamento de lixo mais inovadoras e potencialmente lucrativas existentes no mercado hoje – que vão desde a coleta de gás de aterros sanitários e instalações de transformação de gás em energia às tecnologias de separação que permitem a recuperação e reciclagem de materiais.

O que está empurrando a China na direção da administração de aterros sanitários não é o altruísmo econômico, mas o pânico ecológico. A expectativa é que, por volta de 2020, os aterros sanitários nas áreas urbanas devem atingir o máximo de sua capacidade.

Embora os contratos chineses se destinem a atender necessidades locais específicas, seu alcance sinaliza uma importante mudança que atinge todo o setor em relação aos processos tradicionais de manipulação dos refugos, segundo Michel Gourvennec, diretor-presidente da Veolia Environmental Services North America.

As iniciativas de aterros sanitários, como aquelas introduzidas pela União Européia em 1999, estão mostrando ser um catalisador poderoso da mudança, tanto dentro como fora da indústria de manipulação do lixo. A partir de outubro, todos os refugos que não apresentarem perigo a saúde, sejam eles domésticos, comerciais ou industriais, têm de ser pré-tratados antes de serem depositados num aterro sanitário da União Européia.

“A diretriz sobre os aterros sanitários aumentou significativamente a pressão sobre autoridades locais para que encontrem rapidamente tecnologias alternativas”, disse Jeremy Jacobs, da Associação de Compostagem, uma entidade britânica.

Embora o retorno sobre investimentos em métodos alternativos de manipulação de refugos, incluindo a compostagem, tenham sido relativamente baixos até agora, um aumento de quatro vezes no imposto sobre aterros sanitários na Grã-Bretanha, que entrará em vigor em abril, poderá melhorar a dinâmica do mercado, disse Jacobs.