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Visão holística e convencional em medicina, artigo de Roberto Naime

 

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Visão holística e convencional em medicina, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] A visão holística e convencional em medicina lembra bastante as leituras de o “Tao da Física” do prêmio Nobel de física Fritjof Capra.

Ele dizia que o corpo humano não era uma engrenagem cartesiana ou newtoniana, onde bastava substituir uma peça desgastada para que todo o conjunto funcionasse a contento.

Na visão holística que se aproxima da abordagem de Capra, O sintoma é visto como um sinal de falta de equilíbrio interior. Ou seja, o sintoma é visto num contexto mais abrangente. Na abordagem convencional ou tradicional, o sintoma é o centro do tratamento, ou seja, parece que curando o sintoma ocorre o reequilíbrio do indivíduo.

É como meio ambiente. Interferir na seleção natural sem compreender todas as relações implícitas ou explícitas, e não lineares ou cartesianas da homeostase dos ecossistemas, sejam estes ecossistemas englobando toda a terra ou a um fragmento considerado, parece um pouco pretensioso na atual fase de conhecimentos da civilização humana.

É isto que fazem os transgênicos com uma abordagem fragmentada e parcial, onde todas as pessoas se iludem por que acreditam que a empreitada é quixotesca. E pode ser, mas não enfrentar estes moinhos de vento pode ser fatal no futuro. Quando houver problemas com transgenia, se houver, pode ser que as simplórias análises composicionais não se habilitem a trazer respostas satisfatórias.

Na medicina é assim. Sem compreender o conjunto e sem entender todas as relações implícitas não é possível realizar qualquer diagnóstico que possa ser sustentado. Na medicina o médico procura uma explicação para o problema no organismo do doente, para assim entender as causas subjacentes. Não pode o médico procura evento externo para livrar o doente de seu sintoma. Ou criar um apanágio de cortinas de fumaça para iludir as pessoas sobre a situação.

Na medicina holística ou integral o tratamento abrange o corpo físico, mental e emocional do doente. Não ocorre exclusivamente no corpo físico do indivíduo que está afetado por uma moléstia. Normalmente doenças começam pelo enfraquecimento do sistema imunológico que ocorre pela associação de desequilíbrio orgânico e emocional.

Na abordagem holística, o indivíduo afetado por moléstia assume a responsabilidade e participa ativamente do processo de busca de novo equilíbrio. Enquanto na medicina tradicional ocorre uma “coisificação”, onde o médico é uma autoridade e o doente segue suas instruções. Um age como sujeito ativo e outro como objeto passivo. O indivíduo afetado por moléstia ingere os medicamentos prescritos mesmo que muitas vezes não produzam ações profiláticas esperadas.

Não se pode reproduzir estas relações nem na transgenia, e nem na medicina. Alterações genéticas para tornar plantas e animais mais resistentes e aumentar a produtividade de plantações e criações, é claro que são sempre bem-vindas. Mas com os devidos cuidados da prevenção e precaução. Para não tornar o mundo pior involuntariamente. Para não tornar realidade a prolífica imaginação hollywodiana, que é fértil em exemplos bizarros.

Na medicina holística, frequentemente os tratamentos incluem mudanças no estilo de vida ou, no mínimo, novas atitudes para leituras de significações de vida. Na medicina tradicional, o médico prescreve medicamentos e, ocasionalmente aborda mudanças no estilo de vida ou na visão dos significados de vida.

A diferença que mais relembra Fritjof Capra e demonstra que as mudanças que exigem nova autopoiese civilizatória são muito mais abrangentes que se imagina, e não são somente ambientais, é que na medicina ou na abordagem holística, o objetivo do tratamento é a transformação ou a restauração da saúde, enquanto infelizmente e claramente na medicina convencional ocorre o objetivo de eliminação dos sintomas identificados.

Existe uma grande tendência entre os médicos mais modernos de assumir uma nova e integral visão das situações. E este fato deve ser aqui saudado porque beneficia a qualidade de vida de todas as populações consideradas.

Mas é possível arguir, mesmo não sendo profissional da área e desde já pedindo escusas por esta abordagem indevida, que esta fragmentação e coisificação do indivíduo, tem muita parcela de responsabilidade nos frequentes problemas de gestão, tanto dos sistemas públicos quanto privados de medicina.

Se expressa o desejo que a nova autopoiese sistêmica que de uma forma ou de outra acabará se hegemonizando, possa abranger aspectos ambientais e uma nova abordagem da medicina que qualifique a qualidade de vida de todos os indivíduos.

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

Referência:
http://www.taps.org.br/Paginas/medartigo18.html

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/01/2019

[cite]

 

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