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Pacientes de Alzheimer que recebem antipsicóticos vivem menos

The Lancet
The Lancet

Os pacientes de Alzheimer que recebem antipsicóticos -também conhecidos como neurolépticos- apresentam maiores índices de mortalidade entre dois e três anos depois do tratamento, segundo um estudo publicado pela revista “The Lancet”.

Os resultados do estudo do médico Clive Ballard, do Centro Wolfson para as Doenças Relacionadas com a Idade do King’s College, em Londres, sublinham a necessidade de empregar tratamentos menos nocivos para os sintomas neuropsiquiátricos desses pacientes. Matéria da Agência EFE, em Londres, com informações complementares do EcoDebate.

Estão demonstrados os benefícios no curto prazo (de 6 a 12 semanas) do tratamento antipsicótico para os sintomas neuropsiquiátricos do Alzheimer, mas também há provas de um aumento paralelo dos efeitos adversos.

Entre eles, estão o desenvolvimento do mal de Parkinson, sonolência, edemas, infecções pulmonares, declínio acelerado das funções cerebrais e hemiplegias (paralisias que impedem movimentos de um dos lados do corpo).

Todos os dados relativos à mortandade referiam-se até agora às 12 semanas ou menos posteriores ao início da administração desses neurolépticos.

Entre 2001 e 2004, foi realizado um estudo com pacientes britânicos entre 67 e 100 anos que recebiam tratamento antipsicótico, com tioridazina, clorpromazina, haloperidol, trifuorperazina ou risperidona.

Alguns desses pacientes continuaram sendo tratados com esta medicação, enquanto os outros passaram a receber um placebo oral.

No total, se escolheram aleatoriamente 165 pacientes, 128 dos quais receberam tratamento: 64 a base de antipsicóticos e outros 64, com placebos.

Depois de 12 meses -um ano-, o índice de sobrevivência entre os do primeiro grupo era de 70%, contra 77% entre que tomavam placebo.

No entanto, dois anos depois, a sobrevivência dos doentes que recebiam antipsicóticos era de 46%, contra 71% no grupo do placebo.

Depois de três anos, a diferença era ainda maior: 30% que recebiam antipsicóticos continuavam vivos, contra 59% entre os que tomavam placebo.

Em geral, o risco de morte se mostrou 42% inferior entre os que tomaram placebo ao que recebia antipsicóticos.

Segundo o autor do estudo, a “gestão psicológica pode substituir o tratamento antipsicótico sem que piorem de modo apreciável os sintomas neuropsiquiátricos”.

“E embora os inibidores de colinesterase não se mostrem eficazes no curto prazo para a agitação, há provas que a memantina ou os antidepressivos como o citalopram poderiam ser alternativas mais seguras e eficazes para determinados sintomas neuropsiquiátricos”.

Matéria da Agência EFE, publicada no UOL Ciência e Saúde, 08/01/2009 – 23h00.

Nota do EcoDebate: O artigo “The dementia antipsychotic withdrawal trial (DART-AD): long-term follow-up of a randomised placebo-controlled trial“, publicado no The Lancet Neurology, Early Online Publication, 9 January 2009
doi:10.1016/S1474-4422(08)70295-3, apenas está disponível para assinantes da revista “The Lancet”.

Abaixo publicamos o abstract:

The dementia antipsychotic withdrawal trial (DART-AD): long-term follow-up of a randomised placebo-controlled trial

Background
Data from 12-week placebo-controlled trials have led to mounting concerns about increased mortality in patients with Alzheimer’s disease (AD) who are prescribed antipsychotics; however, there are no mortality data from long-term placebo-controlled trials. We aimed to assess whether continued treatment with antipsychotics in people with AD is associated with an increased risk of mortality.

Methods
Between October, 2001, and December, 2004, patients with AD who resided in care facilities in the UK were enrolled into a randomised, placebo-controlled, parallel, two-group treatment discontinuation trial. Participants were randomly assigned to continue with their antipsychotic treatment (thioridazine, chlorpromazine, haloperidol, trifluoperazine, or risperidone) for 12 months or to switch their medication to an oral placebo. The primary outcome was mortality at 12 months. An additional follow-up telephone assessment was done to establish whether each participant was still alive 24 months after the enrolment of the last participant (range 24—54 months). Causes of death were obtained from death certificates. Analysis was by intention to treat (ITT) and modified intention to treat (mITT). This trial is registered with the Cochrane Central Registry of Controlled Trials/National Research Register, number ISRCTN33368770.

Findings
165 patients were randomised (83 to continue antipsychotic treatment and 82 to placebo), of whom 128 (78%) started treatment (64 continued with their treatment and 64 received placebo). There was a reduction in survival in the patients who continued to receive antipsychotics compared with those who received placebo. Cumulative probability of survival during the 12 months was 70% (95% CI 58—80%) in the continue treatment group versus 77% (64—85%) in the placebo group for the mITT population. Kaplan—Meier estimates of mortality for the whole study period showed a significantly increased risk of mortality for patients who were allocated to continue antipsychotic treatment compared with those allocated to placebo (mITT log rank p=0·03; ITT p=0·02). The hazard ratio for the mITT group was 0·58 (95% CI 0·35 to 0·95) and 0·58 (0·36 to 0·92) for the ITT population. The more pronounced differences between groups during periods of follow up longer than 12 months were evident at specific timepoints (24-month survival 46% vs 71%; 36-month survival 30% vs 59%).

Interpretation
There is an increased long-term risk of mortality in patients with AD who are prescribed antipsychotic medication; these results further highlight the need to seek less harmful alternatives for the long-term treatment of neuropsychiatric symptoms in these patients.

Funding
UK Alzheimer’s Research Trust.

[EcoDebate, 09/01/2009]

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