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A transição religiosa no Brasil: 1872-2050, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

 

[EcoDebate] O Brasil está passando por uma ampla transição na composição demográfica de suas filiações religiosas. Os católicos continuam como o grupo majoritário, mas perdem espaço em termos absoluto e relativo. Os evangélicos, em sua multiplicidade e diversidade, são o grupo que mais cresce. Mas também tem aumentado as demais denominações não cristãs e o número de pessoas que se declaram sem religião. Isto quer dizer que o Brasil está passando por uma mudança de hegemonia entre os dois grupos cristãos (católicos e evangélicos), ao mesmo tempo em que aumenta a pluralidade religiosa, pois cresce e diversifica a proporção das filiações não derivadas do cristianismo. Este processo ocorre em todo o território nacional, mas em ritmos diferentes nas escalas espacial e social.

No Brasil, as filiações católicas permaneceram acima de 90% do total populacional até fins dos anos de 1970, conforme mostra o gráfico 1. No espaço de 19 anos, entre 1991 e 2010, os católicos caíram de 83,3% para 64,6%, perdendo 18,7 pontos, quase um por cento ao ano. Os evangélicos, no mesmo período, passaram de 6,6% para 22,2%, ganhando 17,6 pontos. Outas religiões e os sem-religião passaram, em conjunto, de 4,4%, em 1980, para 13,2% em 2010.

 

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As projeções demográficas para as filiações religiosas até meados do século XXI indicam o aumento da pluralidade e a continuidade da mudança de hegemonia entre católicos e evangélicos. Os católicos devem chegar a 38,3% em 2040, os evangélicos devem chegar a 38,4% e as outras religiões além dos sem religião deve chegar a 18,9% em 2040. Em 2050, os dados devem ser 35,7% para os católicos, 39,8% para os evangélicos e 24,5% para outras religiões e os sem-religião.

 

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A realidade é que as filiações cristãs estão diminuindo no Brasil e a diversidade religiosa (incluindo os sem-religião) está aumentando, enquanto tende a haver uma mudança de hegemonia com a queda do percentual de católicos e o aumento do percentual de evangélicos, em especial, os pentecostais, neopentecostais, além dos evangélicos sem filiação institucional. Estas tendências devem se aprofundar nas próximas décadas, pois as condições demográficas ajudam o crescimento dos evangélicos e o crescimento do mercado religioso tende a aumentar a pluralidade religiosa, conforme pode ser visto nos textos abaixo:

Referências:

ALVES, J. E. D. ; NOVELLINO, M. S. F. . A dinâmica das filiações religiosas no Rio de Janeiro: 1991-2000, Um recorte por Educação, Cor, Geração e Gênero. In: Patarra, Neide; Ajara, Cesar; Souto, Jane. (Org.). A ENCE aos 50 anos, um olhar sobre o Rio de Janeiro. RJ, ENCE/IBGE, 2006, v. 1, p. 275-308

ALVES, JED, CAVENGHI, S. BARROS, LFW. A transição religiosa brasileira e o processo de difusão das filiações evangélicas no Rio de Janeiro, PUC/MG, Belo Horizonte, Revista Horizonte – Dossiê: Religião e Demografia, v. 12, n. 36, out./dez. 2014, pp. 1055-1085 DOI–10.5752/P.2175-5841.2014v12n36p1055

ALVES, JED, BARROS, LFW, CAVENAGHI, S. A dinâmica das filiações religiosas no brasil entre 2000 e 2010: diversificação e processo de mudança de hegemonia. REVER (PUC-SP), v. 12, p. 145-174, 2012.

ALVES, JED. A vitória da teologia da prosperidade, Folha de São Paulo, 06/07/2012

ALVES, JED. Os Papas, os pobres e a perda de hegemonia dos católicos no Brasil, Ecodebate, RJ, 31/07/2013

Alves, JED. “A encíclica Laudato Si’: ecologia integral, gênero e ecologia profunda”, Belo Horizonte, Revista Horizonte, Dossiê: Relações de Gênero e Religião, Puc-MG, vol. 13, no. 39, Jul./Set. 2015

 

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

 

in EcoDebate, 25/07/2016

[cite]

 

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One thought on “A transição religiosa no Brasil: 1872-2050, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

  • O capitalismo e as religiões são responsáveis pela estagnação psicossocial da quase totalidade dos seres humanos, e levarão à destruição total das condições de vida no planeta que habitamos. Esse processo, se bem olharmos, se encontra já em estágio bastante avançado, deixando claro que pouco tempo – algumas décadas – nos resta antes que todo o sisstema entre em colapso total.

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