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Artigo

Golpe = Poder, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)

 

opinião

 

[EcoDebate] Golpe é conquista do poder. Nem mais, nem menos. Uma vez no poder, nenhum golpista está afim de abandoná-lo. A luta permanente é por sua manutenção.

O senador Requião diz que, com mudança na política econômica e proposta de plebiscito para novas eleições, Dilma pode voltar. Darcy Ribeiro preferiria “ser um democrata derrotado que um golpista vencedor”. Mas, quantas pessoas tem no senado à altura ética de Darcy?

Por outro lado, que adianta Dilma voltar, termos novas eleições, se os derrotados mais uma vez não se conformarem com a derrota? Lembremos que Lula e Marina lideram e iriam para o segundo turno. Aceitar a derrota é o pilar número um da democracia eleitoral que, se não for respeitado, não há ordem que se estabeleça.

Se o golpe for consumado, as piores consequências virão depois do desfecho, em agosto. Uma vez empoderados, vão dirigir todas suas foices sobre os direitos dos trabalhadores, alguns já sinalizados: mudanças na aposentadoria dos rurais; idade igual para aposentadoria de homens e mulheres aos 75 anos; redução nos direitos previdenciários dos professores; ataque à saúde pública; à educação pública; à política do salário mínimo, inclusive a desvinculação do mínimo como piso da previdência. A última proposta é que a jornada diária de um trabalhador seja de 12 horas, como nos tempos da revolução industrial. Será que estamos regredindo aos séculos XVII e XVIII?

O rombo fiscal já foi ampliado de 97 bilhões de reais (Dilma) para 170 bilhões (Temer). Segundo a insuspeita Kátia Abreu, 50 bilhões apenas para bancar o golpe. Para 2017 novo rombo de 160 bilhões e aumento de impostos para mais arrecadações.

Mas, não é só na dimensão social que as perspectivas são abissais, mas também na estratégia global de retorno à dependência dos Estados Unidos e de privatização do pouco que restou.

A verdade é que o quadro político brasileiro é o mesmo do século XX. A velha política agoniza, mas a nova não nasceu. Novos paradigmas só podem ser vistos em iniciativas populares – como o da Convivência com o Semiárido -, na construção de uma economia-ecológica, nas organizações sociais, nos ambientalistas, na emergência das comunidades tradicionais, nos que exigem ética na política. Mas, esses são quase invisíveis e só podem ser vistos por quem vasculha o tapete social pelo avesso.

Roberto Malvezzi (Gogó), Articulista do Portal EcoDebate, possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.

 

in EcoDebate, 21/07/2016

[cite]

 

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9 thoughts on “Golpe = Poder, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)

  • Prof. José de Castro Silva

    Excelente artigo do articulista Roberto Malvezzi.
    Rasga-se a Constituição a todo o momento, porque bem lá no Art. 1o, parágrafo único:
    “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, por meio desta Constituição”.

    Esses caras ou personagens que confundem golpe com poder não o fazem como inocentes ou personagens inúteis. Estão nos cargos porque milhões o quiseram, através do voto. Ou seja, estão lá pela vontade do povo que votou e optou pela sua eleição, tornando-o seu representante legal.

    Assim o poder emana do povo e em seu nome deveria ser exercido. O povo precisa ter consciência disso e não permitir que os corruptos não mais o representasse. O voto é a única arma para mudar a situação.
    Estamos no Brasil e tudo isto parece uma utopia… Desculpem-me a todos pelas palavras inúteis….

  • Fico muito triste quando leio conceituados autores e percebo o quanto ideologizados estão. Não levantam suas vozes contra o vergonhoso desvio de dinheiro público, mas gritam “golpe”, referindo-se à CF/88 somente no que lhes apraz. Limitam-se ao artigo citado e, sob má fé, não leem os demais artigos que acentuam quanto à legalidade do governo atual. Não lhes importa o Brasil, muito menos o povo brasileiro! Importa-lhes a defesa da ideologia nefasta a todos, só e essencialmente Extraí do texto a frase que diz,
    “Mas, não é só na dimensão social que as perspectivas são abissais, mas também na estratégia global de retorno à dependência dos Estados Unidos e de privatização do pouco que restou.”
    Só vesgos! Quanto à “dimensão social”, ela se esfacelou força da política do engodo e da mentira praticada a partir de 2003; quanto ao “retorno à dependência dos EE.UU.” não é verdade, porém, ainda que fosse, é melhor que nos submetermos às falácias do comunismo cubano ou do bolivarismo venezuelano, e quanto à “privatização do pouco que restou”, isso não mais ocorrerá, pois o pouco que restou – a PETROBRÁS, foi lenta e cruelmente “privatizada” para o PT pelo inescrupuloso governo petista, a partir de 2003, via do objetivo ideológico de enriquecimento do ParTido com fincas na corrupção desenfreada, debaixo dos olhos de Dilma Roussef, o braço direito de Lula, do próprio Lula e de seus asseclas. Na verdade, tomara os brasileiros estejamos errados, a sucateada Petrobrás pouco ou nada deve valer, assaltada que foi pelos famigerados e incompetentes Administradores petistas, que dilapidaram implacavelmente seu patrimônio. Fomos expostos à execração internacional! E, não enterrem as cabeças para fingirem não enxergar, falta apresentarem-se os desvios cometidos via BNDS! Aí, sim, é que a exposição negativa do País aos olhos do mundo ocorrerá! E que a esperança do brasileiro não morra, jamais!!!

  • lincoln gambier

    Faço das palavras da Elisa, as minhas!

    Hoje, temos de lutar para que as novas gerações não sejam iludidas por criminosos travestidos de políticos populistas que manuseiam a boa fé dos jovens nas escolas e universidades, com propostas sócio-econômicas obsoletas e criminosas!

    O povo, em sua grande maioria, já execrou estes politicos corruptos e incompetentes liderados pela horda comuno-petista!

  • Deixando de lado assuntos politico-partidarios, gostaria de me deter na questao da Previdencia.
    Nao creio que haja futuro com o atual modelo.
    Dou o exemplo de minha mae, que comecou a trabalhar com 16 anos de idade, aposentado-se 30 anos depois.
    Ha dois anos, eu a perdi com 97 anos de idade, depois de estar aposentada por mais de meio seculo.

  • Prof. José de Castro Silva

    Prezados amigos Elisa e Lincoln Gambier:

    Existem duas maneiras de se mudar o sistema atual: ou pelo derramamento de sangue ou pelo voto.
    Acredito que o voto é uma arma indolor, mais fatal que existe, pois extirparia ou abortaria certas figuras carimbadas da política brasileira, como Sarney, Renan Calheiros, Cunha, Temer, Lula, Dilma, Aécio e tantos outros que nos envergonham e emporcalham a nossa política.
    Repito com todas as letras: estão lá porque teve os votos dos eleitores (comprados, roubados ou chamem o que quiserem..). Existe uma minoria honesta, que dá para contar nos dedos. A grande maioria, responde a dúzias de processos.
    Não se trata de partidos, porque eles existem aos montes e apenas no papel, a fim de atender conveniências pessoais.
    Pobre Brasil. Que os jovens não se iludam.

  • Prezado Prof. José de Castro Silva, agora, sim, concordo com suas palavras. Porém, não mais podemos dizer que o eleitor é o responsável direto. As causas não surgem do micro para o macro, principalmente porque o cidadão brasileiro comum mal tem tempo de tomar conhecimento dos fatos políticos e da índole dos políticos. As causas vêm do macro para o micro e, ainda, da quase total ausência de atuação do Judiciário, a partir do STF (macro), instituição politicamente degenerada, até a inexpressão do cidadão/eleitor (micro). Não há justificativa para o “derramamento de sangue”, eis que a índole brasileira é adversa a isso. Nossas instituições ainda podem servir ao País, constitucionalmente, e cada um de nós, inclusive o senhor, Professor, que somos formadores de opinião, temos que dar o exemplo, condenando com veemência as “hipocrisias” políticas que sabemos perceber. O pobre brasileiro pobre é ferramenta de manobra desses políticos, e bem sabemos disso! Portanto, a despeito deles, podemos muito bem idealizar um País menos corrupto, a partir de nossos discursos, motivo por que repudiei o seu artigo. A roubalheira na Petrobrás a partir de 2003 teve o objetivo de enriquecer o PT, à moda comunista/bolivarianista, eis que os militantes, desde 64/70, só tinham e, e continuam tendo, objetivos ideológicos de esquerda. Portanto, não há por que defendê-los, nem aos métodos que utilizam para o alcance de seus objetivos. Levaram o país à bancarrota, criminosamente!

  • Capitalismo é dominação, exploração e destruiição.

    A História da espécie humana, toda ela, é uma vergonha ilimitada, exercida pela dominação econômica dos corpos, por meio da submissão imposta pela fome, e pela dominação psicológica exercida pelo discurso do poder dominante e pelas práticas religiosas.

    Um único Estado planetário Socialista, livre das ficções religiosas, que são apresentadas como se fossem reais, é o que poderá salvar o planeta da destruição que avança a passos cada vez mais largos. Mas essa solução é impossível de ser alcançada.

    Viva o Socialismo planetário, mesmo que inalcansável!

  • Valdec, sonhar você pode!!! Pelo que escreve, você não sonha com o socialismo, mas com o paraíso que é ensinado pela religião, calcada na Bíblia, com a Terra Prometida! No mundo real, pergunto, que país socialista há que lhe sirva de exemplo? Também sei sonhar, mas, com o pé no chão, não vislumbro o bem estar da sociedade em outro regime que não seja o capitalismo, devidamente controlado pelas instituições públicas. SEM CORRUPÇÃO, é claro!!!!!!!!!!!

  • sulema mendes de budin

    Sr. Gogó, estou saturada com essa história de “golpe”, vinda exatamente daqueles que, direta ou indiretamente compactuaram com o GOLPE instalado no governo pelo PT e seus aliados.
    Não perco tempo argumentando com aqueles que perderam a capacidade de raciocínio sem ideologia e se recusam a enfrentara os fatos REAIS. Deixo apenas uma pregunta: EM QUEM VOCÊS VOTARAM? FOI NA DILMA? ENTÃO VOTARAM NO TEMER!!!! EU NÃO VOTEI. MAS TENHO DISCERNIMENTO E CONHECIMENTO PARA ATENDER A CF/88, QUE O PT NÃO ASSINOU. E FICO POR AQUI, Sulema Mendes de Budin

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