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Notícia

Campanha Contra os Agrotóxicos divulga nota de repúdio à pulverização aérea

 

Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

 

Após o trágico evento ocorrido no último dia 3 de maio, quando um avião pulverizou agrotóxicos em uma escola na cidade de Rio Verde (GO), a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida divulgou uma nota. Nela, a Campanha reafirma a necessidade imediata se proibir a pulverização aérea no país, em nome da saúde da população brasileira.

Veja a íntegra da nota, ou baixe aqui.

Nota de Repúdio à Pulverização Aérea

Brasília, 06 de maio de 2013

Desde abril de 2011, as mais de 60 organizações que compõem a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida reivindicam como uma de suas principais bandeiras o banimento da pulverização aérea de agrotóxicos no Brasil. Infelizmente, o trágico episódio ocorrido no último dia 3 em Rio Verde (GO), quando um avião pulverizou uma escola e intoxicou dezenas de crianças e funcionários, não foi um fato isolado e não pode ser chamado de acidente.

A situação é tão grave que o agrotóxico que foi usado na pulverização é exatamente um dos que o IBAMA havia proibido a aplicação em pulverização aérea devido à morte de abelhas e depois voltou atrás, sucumbindo ao lobby das empresas.

O Engeo Pleno (nome do agrotóxico aplicado) é um inseticida da Syngenta (empresa que comercializa o agrotóxico) e é constituído por uma mistura de lambda cialortrina e tiametoxan. O último é um neonicotinóide que está sendo proibido na Europa devido à associação com o colapso das colmeias.

De norte a sul do país, cada vez mais comunidades vivem cercadas pelo agronegócio e sofrem diariamente com banhos de agrotóxicos nos períodos de pulverização. Recentemente, alguns outros casos ganharam destaque. Um deles foi em Lucas do Rio Verde (MT), quando um avião pulverizou a cidade, e pesquisas feitas logo em seguida demonstraram contaminação da água da chuva, dos rios, e até do leite materno. Em 26 de dezembro de 2012, indígenas Xavante denunciaram despejo de agrotóxico próximo a Terra Indígena (TI) Marãwaitsédé. Um avião teria pulverizado uma área próxima a aldeia durante 20 minutos, e índios relataram ter sentido fortes dores de cabeça e febre alta após a ação. Estes e outros casos estão fartamente documentados nas 3 edições do dossiê “Um alerta sobre os Efeitos dos Agrotóxicos na Saúde” produzido pela ABRASCO e a Campanha Permanente Contra Agrotóxicos e pela Vida*.

A luta pela proibição da pulverização aérea já obteve algumas vitórias no país. No municípios capixabas de Nova Venécia e Vila Valério, movimentos sociais conseguiram barrar a aplicação aérea de venenos. Em Limoeiro do Norte (CE), a proibição foi conquistada, mas durou pouco tempo. Zé Maria do Tomé, principal liderança dos agricultores, foi assassinado em 21 de abril de 2010, e antes de sua missa de sétimo dia a proibição da pulverização aérea já havia sido revogada.

A utilização de agrotóxicos representa por si só um grave problema para a saúde dos brasileiros e para o meio-ambiente. A aplicação de venenos através de aviões é ainda mais perversa, pois segundo dados do relatório produzido pela subcomissão especial que tratou do tema na câmara federal, 70% do agrotóxico aplicado por avião não atinge o alvo. A chamada “deriva” contamina o solo, os rios, as plantações que não utilizariam agrotóxicos (agroecológicas) e, como vimos agora, populações inteiras. Dados do Censo Agropecuário de 2006, do IBGE, mostram que apenas 0,73% das propriedades rurais que usam agrotóxicos o fazem através de aeronaves, mas dados do setor indicam que 30% do uso de agrotóxicos no país se dá por meio da aplicação aérea.

Além disso, a aplicação de agrotóxicos representa apenas uma pequena parte dos serviços realizados pelo setor de aeronaves agrícolas. Por meio delas são realizados também plantio e combate a incêndios, de modo que a proibição da aplicação aérea de agrotóxicos não inviabilizaria a existência e continuidade do setor de aeronaves agrícolas no país. É claro e notório que mesmo sendo a pulverização aérea a única forma de aplicação de agrotóxicos regulamentada, ela apresenta graves riscos a saúde e ao meio ambiente.

Diante disso, as organizações que apoiam a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos vêm por meio desta nota exigir

  • Rigorosa apuração do caso ocorrido em Rio Verde e punição dos responsáveis;
  • Uma audiência pública sobre pulverização aérea com os Ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Agricultura;
  • Rápida tramitação do Projeto de Lei que propõe o fim da pulverização aérea no Brasil.

Certos da compreensão da gravidade que este problema apresenta para a saúde da população brasileira, subscrevemos.

 

Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Secretaria: (61) 3301-4211

O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Cleber Folgado: (61) 8145-7085

Marciano Toledo: (61) 9681-6747

 

Movimentos Sociais e Redes

Via  Campesina, MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens, MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores, MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, MMC – Movimento das Mulheres Camponesas, MPP – Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais, CIMI – Conselho Indigenista Missionário, PJR – Pastoral da Juventude Rural, CPT – Comissão Pastoral da Terra, RADV – Rede de Alerta Contra o Deserto Verde, RECID – Rede de Educação Cidadã, ANA – Articulação Nacional de Agroecologia, PJMP – Pastoral da Juventude do Meio Popular, FBSSAN – Fórum Brasileiro de Segurança e Soberania Alimentar, Rede de Educadores do Vale do São Francisco, FBES – Fórum Brasileiro de Economia Solidária, Consulta Popular, Levante Popular da Juventude

 

Universidades e Instituições de Pesquisa

Nacional

ABRASCO  – Associação Brasileira de Saúde Coletiva, FIOCRUZ – Fundação Osvaldo  Cruz, INCA – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva

Regional

UFRRJ  – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UNIVASF – Universidade  Federal do Vale do São Francisco, Núcleo Tramas – UFC (CE), Soltec/UFRJ – Núcleo de Solidariedade Técnica (RJ), UFFS – Universidade Federal da  Fronteira Sul, EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário (BA), Universidade Federal de Goiás (UFG),  Universidade Estadual de Goiás (UEG) – Unidade de Goiás e Núcleo de Agroecologia e Educação do Campo, Departamento de Saúde Coletiva e Núcleo de Estudos de Saúde Pública da UnB, Faculdade de Filosofia D. Aureliano Matos – FAFIDAM/UECE

 

Movimento Sindical e Entidades de Classe

Nacional

CONTAG, CUT, CREA, SENGE, SEPE, SINTAGRO, SINTRAF, SINPAF, Conselho Federal de Nutricionistas (CFN)

Regional

Federação  dos Trabalhadores Químicos da CUT no Estado de São Paulo (FETQUIM-CUT), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais – FETAMG (MG), Sindicato dos Comerciantes de Petrolina (PE), STR de Petrolina (PE), Associação dos Engenheiros Agrônomos da Bahia – AEABA (BA), Sindicatos dos Engenheiros – Senge (RJ), Sindicato dos Petroleiros – SindiPetro (RJ)

 

Entidades, ONGs, Assessorias, Associações

Nacional

Instituto  Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC, Federação de Órgãos para  Assistência Social e Educacional – FASE, Agricultura Familiar e  Agroecologia – AS-PTA, Fundação Rosa Luxemburgo, Associação Brasileira de Agroecologia – ABA

Regional

Políticas  Alternativas para o Cone Sul – PACS (RJ), Visão Mundial, Associação  Advogados de Trabalhadores Rurais – AATR (BA), Centro de Estudos e Ação  Social – CEAS (BA), Serviço de Assessoria a Organizações Populares  Rurais – SASOP (BA), Centro de Estudos e Pesquisas para o  Desenvolvimento do Extremo Sul – CEPEDES (BA), Associação das Rendeiras  de José e Maria, Grupo de Agroecologia de Umbuzeiro – GAU,Terra de  Direitos, GIAS – MT, Instituto Kairós, Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, FORMAD, Radio AgênciaNP, Semeadores Urbanos, CAA – Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, Rede Ecológica (RJ), APROMAC – Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte (PR)

 

Movimento Estudantil

Nacional

FEAB, ABEEF, ENEN, ENEBIO, DENEM,

Regional

DA de Agronomia da UNEB, DA de Agronomia da UNIVASF, GEAARA, DCE-UNIVASF, DPQ? (RJ)

 

Legislativo

Mandato do Deputado Estadual Simão Pedro (SP), Mandato do Deputado Federal Padre João, Mandato do Deputado Estadual Marcelo Freixo

Nota da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, divulgada pelo EcoDebate, 08/05/2013


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5 thoughts on “Campanha Contra os Agrotóxicos divulga nota de repúdio à pulverização aérea

  • Eduardo Araújo

    Mais uma vez um assunto eminentemente técnico é tratado politicamente. A relação de entidades que compõem a “Campanha Nacional contra os Agrotóxicos deixa bem claro.O alvo é o ‘Modelo do Agronegócio”.
    O lamentável evento de Rio Verde, Goiás, embora sério, deve ter sua importância relativizada em função de dois aspectos:
    a) Na “safra” 2012/2013 estima-se que a Aviação Agrícola tenha aplicado uma área em torno de 30 milhões de hectares, sendo o episódio de Rio Verde o único incidente reportado. Estatisticamente, portanto, um alto índice de segurança, e
    b) Até onde se tem notícia, os sintomas relatados pelas pessoas não guardam relação com os produtos aplicados na oportunidade e muito menos com as quantidades de produtos que eventualmente atingiram a escola. Há que investigar as causas com mais profundidade e isenção.
    Não é verdade que “70%” do produto aplicado por avião se perde no solo ou no ar. Ao contrário, por utilizar volumes de aplicação menores, não há na aplicação aérea o “escorrimento” de produto ppara o solo, comum nas aplicações terrestres que usam volumes de calda muito maiores (e consomem 10 vezes mais água).
    A aplicação aérea é a unica forma regulamentada, ficalizada de aplicação de agrotóxicos. Graças a isso é que, por exemplo, rapidamente se pode chegar aos responsáveis em casos de incidentes como esse.
    O exemplo citado pela “Campanha”, ocorrido em Lucas do Rio Verde, MT, não serve de argumento, pois o laudo oficial sobre aquele incidente concluiu pela não participação de aplicação aérea no evento citado. Participação essa que, embora permanecendo no terreno das meras especulações, é repetida até hoje como se verdade fosse.
    Realmente é necessário ir a fundo na investigação, isenta, deste episódio para que lhe sejam dadas as reais dimensões.

  • Engraçado que cada brasileiro toma 2.5 kg de coliformes fecais (Merda) por ano e ninguém fala de melhorar o tratamento de água. Pulverizadores terrestres contaminam muito mais os lençóis freáticos durantes suas operações e ninguém vai dar pitaco. É uma pena que o homem não viva de luz e vento e não seja possível fazer isso. Dengue MATA dezenas de pessoas e os LADRÕES de FUMACE que e muito mais toxico que aquele produto que foi aplicado(por sinal o PROPRIETARIO da LAVOURA e um SEM TERRA QUE ADQUIRIU O AGROTOXICO), ninguem fala NADA!! O AGRONOMO que receitou tambem ninguem FALA NADA!! VAMOS ATIRAR PEDRA EM TODOS!! BRASIL E PAIS TROPICAL se quizer produzir e NÃO passar mais fome so com DEFENSIVOS!!!

  • marcelo gamarra

    essa “campanha” é extremamente sem base técnica e tendenciosa é uma lastima q até na hora de defender uma causa muito justa como a do meio ambiente, nao se tenha responsabilidade com todo o meio q envolve o assunto.
    essa “campanha” nao te responsabilidade com a limpida verdade e sim com “ecoenteteces”.

  • No brasil se utiliza da midia para se formar opiniao de maneira erronea nao existe comprovacao cientifica da afirmacao que 70% do agrotoxico pulverizado por aviao nao atinge o alvo essa informacao e leviana e tendenciosa,com certeza a preservacao do meio ambiente compete a todos mas as informacoes devem ser justas ate mesmo porque somente 25% das aplicacoes de agrotoxico no brasil sao feitas por via aerea 75% sao por tratores sendo assim nao pode so um metodo ser penalizado temos que prestar atencao na hora de acusar e julgar e condenar quem quer que seja!

  • Qual o interesse escondido atraz de uma campanha destas pautada por tamanho terrorismo embasado em ignorância e desinformação ?!?!?
    O alvo destas falácias sobre o episódio de Rio Verde, é profissional dos mais sérios e competentes na atividade aeroagricola. Portanto, nada mais justo que se investigue os fatos a fundo e com isenção para elucidar o episódio.
    A aviação agrícola é uma das – senão a única- ferramentas que agrega alta tecnologia com profissionais bem treinados e preparados para o combate às pragas de nossa emergente agricultura tupiniquim.
    Não é só: haja vista que não dispomos de novas fronteiras agrícolas e vez que agricultura em larga escala sem defensívos é poesia, temos na aviação agrícola um método seguro e eficiente a ser empregado para verticalizar os indices de produtividade. Isto, por sí só, já bastaria para sermos gratos a todos que praticam essa atividade, bem como nos empenharmos em divulgar seus benefícios e incentivar seu crescimento isento dos achismos dos que pregam sua extinção.

Fechado para comentários.