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Competição econômica versus cooperação ambiental, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

 

[EcoDebate] A economia e o ambiente funcionam por meio de lógicas diferentes e contraditórias. A crescente disparidade na aplicação destas lógicas pode levar o mundo a situações catastróficas e de dificil solução no longo prazo.

A lei máxima da economia é a competição ou concorrência. As palavras-chaves são explorar, dominar, padronizar, maximizar, crescer, produzir, utilizar, consumir, avançar, desenvolver, etc. Já a lei máxima do meio ambiente é cooperar e as palavras-chaves são: proteger, conservar, minimizar os danos, recuperar, vivificar, reintegrar, diversificar, respeitar, manter fora do ciclo econômico, etc.

O capital busca maximizar os lucros investindo em maquinarias, em inovações tecnológicas, em lançamento de novos produtos, em design, em conquista de novos mercados, etc. Os grandes capitalistas são aqueles que produzem a baixo preço e em grande quantidade. O ganho por unidade é pequeno, mas a receita total é grande (o partido comunista chinês aprendeu bem esta lição).

Os trabalhadores – organizados em sindicados, associações e partidos – buscam maximizar seus salários, manter os direitos adquiridos e conquistar novos direitos e maior influência nas decisões nacionais. Desta forma, a lógica dos trabalhadores é atuar no sentido de elevar o seu padrão de vida, aumentando a sua participação no conjunto das riquezas geradas no país.

O lógica do Estado é aumentar suas receitas (geralmente impostos e taxas), expandir suas atividades e promover a grandeza e a segurança nacional. Algumas teorias dizem que o Estado é “o comitê executivo da classe dominante”. Outras teorias dizem que o Estado é o mediador de conflitos entre o capital e trabalho e entre estes dois e o meio ambiente. Há ainda aquelas teorias que dizem que o papel do Estado é mais institucional no sentido de cuidar das fronteiras, evitar danos ao patrimônio nacional, realizar políticas públicas para o desenvolvimento econômico e humano, garantir a estabilidade política e jurídica e defender os interesses nacionais (dos cidadãos e empresas) em qualquer parte do mundo.

O fato é que os capitalistas (industriais, comerciais, agrários, financeiros, etc), os trabalhadores do campo e da cidade (ou da foice e do martelo) e a burocracia estatal – a despeito das divergências localizadas – tendem a se unir quando o assunto é crescimento econômico e a grandeza da Nação. Os chamados “projetos nacionais” são um feixe de ações que unem os interesses deste conjunto de forças para garantir uma “inserção soberana do país no concerto da comunidade internacional”.

Neste projeto, o meio ambiente é apenas um meio para se atingir os fins dos agentes econômicos. É claro que os mais inteligentes buscam conciliar o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade ambiental. Ou seja, buscam garantir que a exploração e a dominação do meio ambiente continue a acontecer no longo prazo e não seja um entrave ao projeto de grandeza nacional e de conquistas econômicas do capital, do trabalho e do Estado.

Para dar um exemplo brasileiro: o Partido dos Trabalhadores e o Partido Comunista do Brasil se juntaram com os representantes do agro-negócio e centenas de políticos profissionais de diversas denominações partidárias (e que estão no poder desde a época da ditadura militar) para aprovar o “Novo” Código Florestal Brasileiro que reproduz a lógica de transformar o meio ambiente em meio de produção econômico a serviço da gula de alimento e de lucro do ser humano.

Se fosse um caso isolado poderia passar desapercebido. Acontece que esta é a lógica que prevalece no mundo e que desconsidera que o crescimento populacional e econômico infinito é impraticável em um Planeta finito. A soma das ambições nacionais é muito maior do que o conjunto do Planeta. Desta forma, os projetos nacionais estão entrando em choque com as condições ambientais em praticamente todos os países do globo. As disputas entre as classes, as nações, as religiões e as culturas já provocaram enormes danos ao meio ambiente, especialmente nos últimos 250 anos. Nas atuais condiçoes de produção, para manter o bem-estar da população mundial (ou de parte dela), as atividades antrópicas já ultrapassaram a capacidade de regeneração da Terra.

Enquanto a humanidade (mesmo que de forma diferenciada) enriquece, o meio ambiente, no geral, empobrece. As tentativas de conciliar a lógica do crescimento econômico com a lógica da cooperação ambiental são bem vindas. Mas crescem as evidências de que, no conjunto, estas duas lógicas são inconciliáveis e estão entrando em rota final de colisão.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

EcoDebate, 17/02/2012

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2 thoughts on “Competição econômica versus cooperação ambiental, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

  • Vicente Lassandro Neto

    COMO HARMONIZAR O USO DA ENERGIA COM O MEIO AMBIENTE.

    Prezado José Eustáquio Diniz Alves

    Há um enorme equívoco permeando a consciência das pessoas quando os temas são Meio Ambiente, Energia e Desenvolvimento. Este último exige energia, o uso da energia, à luz dos paradigmas atuais “agride” o meio ambiente e, a bem do meio ambiente, o desenvolvimento fica atenuado e comprometido. Conclusão, como está é que não pode continuar. O que fazer então ?

    À luz dos atuais paradigmas, o problema NÃO TEM SOLUÇÃO. Entretanto, à luz de novos paradigmas, resultantes da observação do planeta Terra com menos emoção, com olhos mais agudos e menos contemplativos, as coisas mudam pois a solução do problema passa, sem sombra de dúvida, pelo conhecimento do planeta Terra, ou melhor dizendo, da história desta linda e incompreendida BOLA. Quando se domina este conhecimento as soluções aparecem e, como consequência, poderemos planejar e incrementar o desenvolvimento baseado nas seguintes premissas.

    1 – A VIDA NA TERRA VAI ACABAR, por falta de gás carbônico. NÃO HÁ SOLUÇÃO e a PRESENÇA DAS FLORESTAS ANTECIPA ESTE FIM.

    2 – PETRÓLEO NÃO ACABA e a queima de seus derivados, ALÉM DE GERAR TRABALHO, POSTERGA O FIM DA VIDA. São 5,5 quatrilhões de barris de petróleo gerados pelos sistema. Eu escrevi QUATRILHÕES, não é engano não e mostra-se este fato, com facilidade e rapidamente, a quem se interessar pelo assunto.

    3 – Assim sendo, é SUICÍDIO COLETIVO medidas propondo a TENTATIVA DE PRESERVAÇÃO DE FLORESTAS E DOS ANIMAIS, bem como a prática de uma economia de BAIXO CARBONO. A melhor maneira de proteger as florestas é IGNORÁ-LAS e usá-las dentro das necessidades, ou seja, para fazer um hidrelétrica, fazer novas pastagens e áreas para a agricultura, estradas e assim por diante. Quando destruímos ou queimamos uma floresta ou parte dela, estamos contribuindo para postergar o FIM DA VIDA NA TERRA.

    Entre os animais há que prevalecer a maior lei da natureza que é a LEI DA SOBREVIVÊNCIA DOS MAIS APTOS, ou seja, o ligeiro come o vagaroso, o maior come o menor, muitos menores se juntam e comem um maior, o mais criativo come o menos criativo e assim por diante. Se há uma espécie que precisa de proteção, ela é, exatamente, a espécie humana, a mais deteriorada, mais dependente e a mais prostituída dentre todas elas e ela quer, INCOMPETENTEMENTE, proteger as demais, numa inversão total de valores.

    4 – AQUECIMENTO GLOBAL EXISTE e é um FENÔMENO NATURAL. Por ser natural, nada se pode fazer, NEM CONTRA E NEM A FAVOR e, pelo contrário, as atividades dos humanos agem no sentido de esfriar e não de aquecer. Sem a atividade humana a temperatura da atmosfera, naturalmente, se eleva. Com a atividade humana ela continua se elevando mas numa escala menor. É um infinitésimo elevado ao infinitésimo, é imperceptível e imensurável.

    5 – “EFEITO ESTUFA” NÃO EXISTE, é UMA MALDOSA INVENÇÃO DOS HUMANOS e por se tratar de uma invenção e maldosa, devemos esquecê-lo.

    Resumindo podemos dizer:

    A energia não falta, pelo fato da Inesgotabilidade do Petróleo, ela é INFINITA.
    A poluição deve ser entendida como sujeira, ou seja, limpa-se.
    A “agressão” ao meio ambiente, NÃO EXISTE e se tornará coisa do passado.

    Só com este novo conhecimento, principalmente, da história da Terra, é que poderemos contribuir para a ELEVAÇÃO DA EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO, NÃO SÓ EM TODOS OS ESTADOS DO BRASIL, COMO NO RESTANTE DESTA LINDA E INCOMPREENDIDA BOLA de modo a projetarmos SOCIEDADES MENOS NÃO PARTICIPATIVAS, COM CRESCENTES OPORTUNIDADES DE TRABALHO, CONSEQUENTEMENTE MENOS INJUSTAS E SEMEANDO A PAZ ETERNA NESTA BOLA.

    Faremos um harmonioso e duradouro casamento entre MEIO AMBIENTE E ENERGIA e, desta união resultará uma lindo casal de filhos chamados de DESENVOLVIMENTO E PAZ.

    Esclarecimentos adicionais podem ser obtidos pelo e mail desta nota, vilanet@terra.com.br ou pelos telefones abaixo:

    (71) 3348-4252 no horário comercial ou
    (71) 3336-7432 após às 20:00 horas.

    Atenciosamente

    Vicente Lassandro Neto
    GEÓLOGO, ECOLOGISTA, Engenheiro em Petróleo, Engenheiro em Segurança no Trabalho, Autodidata em Economia, Naturista e Enófilo

    À LUZ DOS ATUAIS PARADIGMAS, SE TENTAR MELHORAR, COM CERTEZA, ESTRAGA – Vicente L. Neto.

    À LUZ DE NOVOS PARADIGMAS, SEM TENTAR MELHORAR, COM CERTEZA, MELHORA – Vicente L. Neto.

    E, PARA OS CONVICTOS, A UTOPIA É VIÁVEL – Vicente L. Neto

    “A BELEZA E A VITALIDADE SÃO PRESENTES DA NATUREZA PARA AQUELES QUE VIVEM AS SUAS LEIS” Leonardo da Vinci.

    “SE, A PRINCÍPIO, A IDEIA NÃO É ABSURDA, NÃO HÁ A MENOR CHANCE PARA ELA” Albert Einstein.

  • Vicente Lessandro Neto quer aparecer a qualquer custo.

Fechado para comentários.